Como viajar na primeira classe ou executiva pagando preço de econômica 

Uma passagem de SP para NY pode sair de R$ 18.757 por R$ 2.905; veja as dicas    

Giovanna Sutto

SÃO PAULO – Não dá para negar que viajar é uma das melhores experiências que existem. Mas além de realizar o sonho de conhecer um destino novo, imagine a possibilidade de sentar em poltronas maiores e mais confortáveis, ter refeições completas durante o voo e com direito a televisão particular.

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Sim, fazer uma viagem na primeira classe ou executiva é uma experiência completamente diferente – e bem mais cara.

A boa notícia é que, ao contrário do que muita gente pensa, é possível ter acesso a essa opção gastando relativamente pouco. Em alguns casos, toda essa mordomia vem pelo valor de uma passagem econômica, por exemplo.   

Em entrevista ao InfoMoney, Alexandre Zylberstajn, sócio diretor do Passageiro de Primeira, site especializado em Viagens e Programas de Fidelidade, dividiu uma série de dicas para que os passageiros possam aproveitar viagens na primeira classe ou na executiva pagando muito menos.  

As dicas valem para todas as categorias de viagens. Mas vale lembrar que existe uma diferença de preço significativa entre a classe executiva e a primeira classe. 

“Em alguns casos a segunda chega a ser duas ou três vezes mais cara que a primeira”, segundo o executivo que acompanha o setor de viagens e estuda maneiras de pagar passagens mais baratas há 20 anos.  

Além disso, no mercado de viagens, existem muitas diferenças entre os produtos oferecidos entre as companhias aéreas. “Por exemplo, a low cost Norwegian, que recentemente anunciou o voo Rio-Londres tem uma classe premium, que é inferior à do que a British Airways oferece, que é bem mais luxuosa.

Então, cuidado para não cair em pegadinhas, as companhias aéreas dão nomes diferentes, mas às vezes produto é mais básico do que se imagina”, alerta.  

Com tudo isso em mente, confira 5 formas de conseguir viajar de primeira classe ou executiva com muito menos dinheiro:  

1. Promoções

Essa dica pode parecer óbvia, mas nem todas as pessoas acompanham de perto as companhias aéreas para aproveitar as oportunidades.

“Nesse caso, o passageiro precisa ficar atento. Não tem muito segredo e nem tem como prever quando as boas promoções vão acontecer. Mas elas funcionam e podem ser uma ótima solução para pagar menos em uma viagem de primeira classe ou executiva”, diz Zylberstajn 

Ele exemplifica com uma promoção que a Lufthansa, em parceria com a Swiss Airlines, ofereceu duas passagens executivas pelo preço de uma.

“Essas companhias oferecem um dos melhores produtos do mercado, em termos de qualidade. Era um desconto muito bacana. Mas como toda promoção, geralmente, tem datas específicas e pode acabar bem rápido. É disposição para ficar de olho”, diz.  

2. Upgrades

Outra maneira de economizar para viajar com mais conforto é fazendo um upgrade de classes. “O passageiro compra uma passagem econômica e depois paga um upgrade para ir de executiva ou primeira classe. Geralmente, ao somar a tarifa paga com o valor do upgrade sai mais barato do que comprar direto a passagem na executiva ou primeira classe”, explica.   

Ele lembra que o upgrade não está disponível para todo tipo de passagem aérea. “Cada companhia aérea tem sua política, então verifique se o tipo de passagem que você está comprando permite um upgrade. Na hora da compra, os sites costumam informar”, diz. 

 Zylberstajn afirma também que é possível fazer esse upgrade com uma certa antecedência, novamente, a depender da companhia aérea, mas uma dica que pode funcionar é perguntar no momento do check-in se existe disponibilidade de troca na hora.   

“Além disso, às vezes, o voo não está com a classe superior cheia e as próprias companhias aéreas oferecem a possibilidade mudar por um preço reduzido”.   

Há também companhias aéreas que oferecem upgrade por meio de pontos de programa de fidelidade, os chamados cupons de upgrade.  

A American Airlines, por exemplo, cobra 25 mil pontos de seu programa de fidelidade mais US$ 250 para que o passageiro faça um upgrade para a classe executiva. “De novo, varia muito de companhia para companhia. Ainda, se você tiver status mais alto nos programa de fidelidade de algumas companhias aéreas esse upgrade é gratuito”, diz.  

Na Latam, quando o usuário chega ao nível Gold no programa de fidelidade, no caso Multiplus, já recebe cupons para determinados destinos com direito a upgrades gratuitos.

Mas do nível Black para cima, o cliente tem vouchers ilimitados e pode fazer o upgrade gratuito sempre, segundo Zylberstajn. No caso da Latam são cinco níveis de clientes: goldgold plus, platinum, black e black signature 

Para saber qual a política de upgrade para membros do programa de fidelidade, basta entrar no site do programa de fidelidade.  

3. Milhas e pontos

Em relação a milhas e pontos do programa de fidelidade, é possível conseguir pagar mais barato de duas maneiras. A primeira, mais conhecida, é, ao invés de pagar em dinheiro, usar as milhas do programa de fidelidade do cartão de crédito ou da própria companhia aérea para conseguir cobrir os custos da passagem. Para saber mais sobre esse processo, clique aqui.

Mais complexa, a segunda opção pode ser uma novidade. Alguns programas de fidelidade permitem que o usuário compre pontos diretamente em seu site.

Ou seja, ao invés de acumular fazendo compras no cartão, a pessoa pode comprar apenas pontos – nem é preciso ter cartão de crédito. Programas de fidelidade como Livelo, Smiles, Sempre Presente (do Itaú), são alguns dos quais permitem essa transação.

E os descontos podem ser realmente significativos. Por exemplo: uma passagem só de ida sem escalas de São Paulo para Nova York em 2 de março de 2020, de classe executiva por meio da Delta Air Lines custa, em 26 de junho, R$ 18.757, de acordo com o Google Flights 

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Esse mesmo voo por meio da Smiles custa 82.700 milhas para Clube Smiles e Diamante.  

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Na última quarta-feira (26), a Livelo tinha uma promoção para compra de pontos: 50% mais baratos. “Esse é um exemplo específico e temporário, mas esse tipo de promoção é muito comum, acontece bastante, só tem que ficar de olho nos programas de fidelidade”, diz.  

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Assim, comprar 83 mil milhas na Livelo estava custando R$ 2.905 (cada ponto custa R$ 0,035 com o desconto da promoção). Após comprar as 83 mil milhas pelo programa da Livelo, o usuário só precisa fazer a transferência de pontos para o programa da Smiles e comprar o voo desejado para Nova York usando milhas – e pagando muito menos.  

“A transferência pode ser feita no próprio site do programa de fidelidade. Entre no site depois de comprar os pontos, clique em transferir pontos e, no geral, em um dia os pontos já estão na Smiles”, explica.  

Ou seja, em um voo que vale R$ 18.757, você pagaria R$ 2.905: um desconto de cerca de 85%. Mesmo se a promoção não estivesse acontecendo, o usuário poderia pagar R$ 5.810 pelos mesmos 83 mil pontos e ainda assim conseguir pagar 70% mais barato.  

Mas esse valor de R$ 2.905 pode ficar ainda mais baixo. “De tempos em tempos, os programas de fidelidade oferecem as chamadas transferências bonificadas”, diz. No primeiro exemplo, a transferência de pontos foi feita na proporção 1 para 1. Ou seja, a pessoa comprou 83 mil pontos na Livelo, passou para a Smiles e continuou com os 83 mil pontos para comprar a passagem. 

No entanto, às vezes essa transferência de um para o outro pode ser em maior proporção.  

Recentemente, a Smiles estava oferecendo até 120% de bônus nas transferências da Livelo. Ou seja, o usuário poderia comprar as 83 mil milhas, mas ao fazer a transferência da Livelo para a Smiles receberia 120% a mais ou 99.600 pontos a mais, totalizando 182.600 pontos.

Ou ainda, o usuário poderia comprar apenas 38 mil pontos e pagar R$ 1.330 e com a transferência bonificada obteria 45.600 pontos extras, totalizando 86.400  pontos, o suficiente para comprar a mesma passagem.

Zylberstajn também explica que esse tipo de promoção de transferência bonificada acontece constantemente com variados tipos de bônus. Qualquer pessoa consegue comprar os pontos, porque não é necessário ter cartão de crédito para isso.   

O que pode acontecer é o cliente ter de fazer algum tipo de assinatura especial para obter o desconto máximo na hora da compra de pontos. A promoção da Livelo anteriormente destacada, por exemplo, trazia descontos de 30%, 40% e 50%, mas o valor máximo era exclusivo para clientes do Clube Livelo. 

“Poucas pessoas sabem por que esse tipo de informação não é disseminada em larga escala. O programa de fidelidade ou a companhia aérea disponibilizam de maneira independente essa opção e cabe ao consumidor ver se compensaMas a possibilidade existe”, afirma o especialista.  

O exemplo é com uma viagem de classe executiva, mas funcionaria para uma primeira classe também. 

4. Torcer pelo Overbooking

Em casos de sobrevenda de qualquer natureza ou problemas operacionais, é possível que a companhia aérea selecione passageiros para viajarem na classe executiva ou primeira classe – onde há assentos sobrando.  

“Isso pode acontecer pelo overbooking ou voo cancelado, e outras situações. No geral, as empresas aéreas tendem a priorizar clientes que tem status no programa de fidelidade, ou que pagaram mais pela passagem. Mas cada companhia define seus critérios”, diz.  

5. Pedir: por que não?

Não é permitido dizer que não dá certo se você nunca pediu. Eu mesmo já consegui viajar para Nova York na classe executiva porque eu vi que tinha assento sobrando e pedi na hora do check-in para ocupar a vaga. É verdade também que já recebi milhares de ‘não’, mas não custa tentar. O máximo que pode acontecer é um ‘não’ e uma cara feia”, diz Zylberstajn 

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Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.