Cliente pagará tarifa sem usar cheque especial; limite aumenta automaticamente

Todos os clientes com limite do cheque especial acima de R$ 500 pagarão até 0,25% sobre o que exceder esse valor, mesmo sem uso

Paula Zogbi

Publicidade

SÃO PAULO – A partir de janeiro de 2020, novos clientes de bancos brasileiros podem ser cobrados em até 0,25% sobre o limite do cheque especial mesmo que não façam uso desse crédito. Isso é parte da regra que instituiu teto para os juros da modalidade.

Funciona assim: quem tiver limite de até R$ 500 no cheque especial e não fizer uso do dinheiro não paga nada. Acima disso, o banco poderá cobrar 0,25% sobre o valor disponível que exceder esses R$ 500 – mesmo que o cliente não encoste no dinheiro. Caso use o cheque especial, a pessoa fica isenta dessa taxa e paga o juro de até 8% ao mês, equivalente a cerca de 150% ao ano.

Para os contratos já em vigor, a cobrança passa a ser permitida a partir de 1º de junho de 2020. A instituição tem a obrigação de comunicar a incidência com 30 dias de antecedência, de acordo com a definição do Conselho Monetário Nacional (CMN).

Exclusivo para novos clientes

CDB 230% do CDI

Destrave o seu acesso ao investimento que rende mais que o dobro da poupança e ganhe um presente exclusivo do InfoMoney

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

O Banco Central (BC) diz que cerca de 19 milhões de usuários do cheque especial possuem mais de R$ 500 de limite, dentro de um universo de 80 milhões de clientes.

Aumento do limite é automático

Clientes do Itaú vêm recebendo mensagens avisando de um aumento automático na modalidade de crédito LIS, equivalente ao cheque especial. Em geral, o aumento não foi solicitado, nem autorizado: o banco envia apenas uma mensagem de texto informando da nova disponibilidade. Em outros bancos, a prática é semelhante. Quem quiser zerar ou diminuir o limite deve entrar em contato pelos canais de autoatendimento.

O InfoMoney contatou os bancos para saber se há algum plano de diminuir limites acima de R$ 500 para não expor os clientes que não fazem uso do cheque especial à nova regra.

Continua depois da publicidade

O Itaú disse que irá “comunicar todos os clientes sobre os ajustes na oferta do produto de forma adequada e nos devidos canais”. Resposta similar à do Banco do Brasil, que disse que irá divulgar as novas condições, “assim que implementadas”, em bb.com.br e que “prevalecerá o atendimento à decisão e necessidades de cada cliente”.

Questionados se pretendem facilitar o cancelamento da modalidade com as mudanças ou deixar desautomatizar o aumento, o BB disse que “eventuais mudanças tecnológicas no fluxo de contratação/alteração/cancelamento de cheque especial estão em avaliação”. O Itaú também disse que está estudando as questões.

Bradesco, Santander e Caixa não responderam aos pedidos de entrevista.

Continua depois da publicidade

Na avaliação de Ione Amorim, economista do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), as mudanças nas regras obrigariam que o banco obtivesse uma autorização expressa do cliente antes de aumentar o limite, já que deixa de ser uma comodidade e passa a existir “ônus” para o consumidor. Caso não seja feita uma consulta, pode caber até mesmo providências na Justiça, segundo ela.

Como cancelar

A melhor forma de evitar a cobrança sobre o limite do cheque especial é solicitar a diminuição ou o cancelamento da modalidade junto ao banco. No caso de solicitação de limite menor, é preciso contatar o atendimento via canais de relacionamento. Para cancelamentos, é mais indicado o uso do Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) que, de acordo com a economista do Idec, é mais garantido por oferecer número de protocolo e limitar a resposta a até cinco dias úteis.

“O banco já deveria ter criado esse dispositivo [específico para o cheque especial] nos ambientes virtuais, para o cliente cancelar via autoatendimento online ou caixa eletrônico”, avalia Ione. “Mas, nesse primeiro momento, se quiser diminuir o limite, entre em contato com o banco. Se o banco criar dificuldade, procure o SAC”, completa.

Publicidade

Não fique refém dos juros: invista e planeje. Abra uma conta gratuita na XP. 

Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney