Publicidade
O ano que se aproxima promete testar os nervos dos investidores: as eleições já mexem com o mercado, os juros altos criam desafios para as alocações em renda variável, enquanto os agentes já passam a precificar em instrumentos de renda fixa a queda da Selic. No entanto, ainda há muitos brasileiros de fora desse tipo de discussão por não investirem, e a falta de organização financeira é o principal entrave para alguns.
O InfoMoney conversou com planejadores financeiros e especialistas em investimentos para reunir cinco passos para organizar as finanças e começar a investir em 2026; confira:
1. Faça uma “anamnese financeira”
Antes de calcular quanto os investimentos vão render, é preciso saber o que está acontecendo na vida financeira. Rafael Costa, fundador da Cash Wise Investimentos, cita a frase “o que não é medido não é gerenciado”. Para ele, o erro mais comum é não saber quanto ganha e gasta. “Tudo que entra, mesmo que seja aquele bico, precisa ser anotado; às vezes a pessoa está gastando dois mil reais em iFood e não tem nem noção disso”, alerta.
Jeff Patzlaff, planejador financeiro e especialista em investimentos, reforça que o primeiro passo não é abrir conta em corretora, mas fazer um “diagnóstico sincero”, separando gastos essenciais dos não essenciais.
Para Paula Sauer, economista e planejadora financeira, esse processo é uma “anamnese financeira” composta por três passos: entender se o fluxo de caixa está no vermelho, no zero a zero ou no verde; somar ativos como dinheiro em conta, carros e imóveis e subtrair passivos (dívidas) para apurar o patrimônio líquido; e entender o nível de disciplina e tolerância a riscos que cada um tem.
Bruno Perri, economista-chefe e sócio-fundador da Forum Investimentos, complementa que, ao mapear receitas e despesas, é possível prever se haverá recursos para pagamento antecipado de dívidas ou investimentos.
Continua depois da publicidade
Leia também: “Burnout financeiro”: dívidas e custo de vida levam brasileiros ao esgotamento
2. Enfrentar o dilema dos juros altos
2026 começará com a Selic, a taxa básica de juros, em 15% ao ano. A expectativa dos economistas é de queda ainda no início do ano, mas a taxa deve continuar em dois dígitos ao longo do próximo ano, elevando o custo dos empréstimos. Nesse cenário, o que priorizar: pagamento de dívidas ou início dos investimentos?
Perri é categórico: “a prioridade é sempre o pré-pagamento de dívidas, sobretudo as mais caras”. Paula Sauer concorda, lembrando que os juros de dívidas de cartão de crédito e cheque especial podem ultrapassar 350% ao ano. “Nenhum investimento conservador ou moderado compete com isso”, afirma Sauer. No entanto, ela sugere não apagar o hábito de investir: “faça aplicações financeiras simbólicas, quando quitar a dívida, aumente o valor dos aportes”.
Jeff Patzlaff traz uma regra prática baseada nos juros: para dívidas caras, com juros a partir de 3% ao mês, o pagamento é o melhor investimento. Para as mais baratas, com juro inferior a 1% ao mês, “você pode começar a investir em paralelo”, afirma.
Rafael Costa propõe uma estratégia híbrida: usar 80% do que se guarda para quitar dívidas e 20% para começar a construir uma reserva de emergência para construir o hábito de poupar.

Quanto você teria hoje se tivesse investido no Itaú (ITUB4) há dez anos?
Os números refletem a consistência operacional de um dos maiores bancos privados da América Latina.

Nova lei de seguros entra em vigor com mudança para carência e mais: veja o que muda
Texto impede, por exemplo, cancelamento unilateral do contrato pela seguradora
3. Ajuste a reserva de emergência
Considerando que 2026 deve ser um ano de volatilidade, o tamanho ideal da reserva de emergência gira em torno de 6 a 12 meses do custo de vida. Para quem tem um emprego com maior estabilidade, como funcionários públicos, Patzlaff aponta que seis meses podem ser suficientes. Já profissionais autônomos, que têm receita variável, precisam ter um colchão maior, suficiente para cobrir um ano sem ganhos.
Continua depois da publicidade
Quanto ao instrumento de alocação, a segurança é a prioridade: “rentabilidade não é o foco, mas segurança”, diz Sauer. As recomendações incluem Tesouro Selic, CDBs de liquidez diária de bancos sólidos e Fundos DI com taxa zero.
4. Construa uma estratégia de investimento
Apesar dos desafios de 2026, como juros altos e eleições, Costa lembra que “sobre o futuro a gente só tem expectativa, é preciso construir uma carteira que permita avançar não só por 2026, mas por 2027, 2028, até sua aposentadoria”
Bruno Perri destaca que a Selic deve permanecer alta ao longo de 2026, favorecendo investimentos conservadores como Tesouro Selic, IPCA+ e CDBs de boa qualidade. Jeff Patzlaff diz que, para o iniciante, “não tem melhor hora do que quando os juros estão em um nível alto”.
Continua depois da publicidade
Além da renda fixa, a dolarização de parte do portfólio também é importante, segundo Costa: “não conheço alguém que tenha se arrependido de dolarizar o patrimônio. Ele sugere ETFs como o IVVB11 – que replica o desempenho do S&P 500.
O investidor iniciante também pode se expor a ações brasileiras. Há oportunidades nos setores financeiro e de saneamento básico, setores considerados mais defensivos, segundo Patzlaff.
Leia também: Quem paga o prejuízo se o carro é atingindo por árvore?
Continua depois da publicidade
5. Mantenha a disciplina
Planilhas e aplicativos para controle de gastos são aliados importantes de quem quer organizar as finanças, apontam os especialistas. Com a disciplina de controlar o que sai, o cartão de crédito deixa de ser um vilão. Costa sugere concentrar os gastos no cartão para garantir benefícios como milhas e cashback.
Por último, Sauer, alerta: “não adianta ter uma planilha ‘da Nasa’ se você não tiver a disciplina para alimentá-la; é preciso ter um ritual e fazer do acompanhamento parte da sua rotina, tipo um ‘skin care’ das finanças”.