Cheque especial sobe a 114,2%, enquanto juro no crédito livre cai para 25,7% em setembro

Desde julho de 2018, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial

Estadão Conteúdo

Notas de reais (Sidney de Almeida/Getty Images)

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Em meio aos efeitos da pandemia do novo coronavírus sobre a economia, a taxa média de juros no crédito livre caiu de 26,5% ao ano em agosto para 25,7% ao ano em setembro, informou nesta segunda-feira, 26, o Banco Central. Em setembro de 2019, essa taxa estava em 36,1% ao ano.

Os dados apresentados pelo BC são influenciados pelos efeitos da pandemia, que colocou em isolamento social boa parte da população e reduziu a atividade das empresas – em especial, nos meses de março e abril. Em meio à carência de recursos, famílias e empresas aumentaram a demanda por algumas linhas de crédito nos bancos.

Para as pessoas físicas, a taxa média de juros no crédito livre passou de 39,0% para 38,0% ao ano de agosto para setembro, enquanto para as pessoas jurídicas foi de 12,1% para 11,4% ao ano.

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Cheque especial

Entre as principais linhas de crédito livre para a pessoa física, destaque para o cheque especial, cuja taxa passou de 112,6% ao ano para 114,2% ao ano de agosto para setembro. No crédito pessoal, a taxa passou de 30,0% para 29,5% ao ano.

Desde julho de 2018, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200. Desde 6 de janeiro de 2020, o BC aplica uma limitação dos juros do cheque especial, em 8% ao ano (151,82% ao ano).

Além da limitação do juro, os dados desta segunda-feira refletem uma revisão realizada na série histórica do BC. De acordo com a autarquia, os números passaram a considerar o fato de alguns bancos cobrarem juro no cheque especial apenas após dez dias de atraso no pagamento da fatura.

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Antes, era considerado todo o período de atraso. Esta mudança fez com que o nível do juro no cheque especial, na nova série histórica, fosse menor em anos anteriores.

Os dados divulgados nesta segunda pelo Banco Central mostraram ainda que, para aquisição de veículos, os juros foram de 18,9% ao ano em agosto para 18,6% em setembro.

A taxa média de juros no crédito total, que inclui operações livres e direcionadas (com recursos da poupança e do BNDES), foi de 18,6% ao ano em agosto para 18,1% ao ano em setembro. Em setembro de 2019, estava em 24,0%.

ICC

Já o Indicador de Custo de Crédito (ICC) caiu 0,5 ponto porcentual em setembro ante agosto, aos 17,4% ao ano. O porcentual reflete o volume de juros pagos, em reais, por consumidores e empresas no mês, considerando todo o estoque de operações, dividido pelo próprio estoque.

Na prática, o indicador reflete a taxa de juros média efetivamente paga pelo brasileiro nas operações de crédito contratadas no passado e ainda em andamento.

Spread

Em meio à pandemia do novo coronavírus, o spread em operações de crédito apresentou redução. Dados divulgados pelo Banco Central mostram que o spread bancário médio no crédito livre passou de 22,1 pontos porcentuais em agosto para 21,1 pontos porcentuais em setembro.

O spread médio da pessoa física no crédito livre foi de 34,2 para 32,8 pontos porcentuais no período. Para pessoa jurídica, o spread médio passou de 8,3 para 7,4 pontos porcentuais.

O spread é calculado com base na diferença entre o custo de captação de recursos pelos bancos e o que é efetivamente cobrado dos clientes finais (famílias e empresas) em operações de crédito.

Em meio à carência de recursos gerada pelo período de pandemia, famílias e empresas aumentaram a demanda por várias linhas de crédito nos bancos. Ao mesmo tempo, o risco de inadimplência nas operações aumentou – o que, em tese, serve de impulso ao spread.

O spread médio do crédito direcionado foi de 4,4 para 4,2 pontos porcentuais na passagem de agosto para setembro.

Já o spread médio no crédito total (livre e direcionado) foi de 14,9 para 14,3 pontos porcentuais no período.

Endividamento

O endividamento das famílias brasileiras com o sistema financeiro ficou em 47,5% em julho, ante 46,7% em junho, informou o Banco Central. Se forem descontadas as dívidas imobiliárias, o endividamento ficou em 27,6% em julho, ante 27,3% em junho.

O cálculo do BC leva em conta o total das dívidas dividido pela renda no período de 12 meses. Além disso, incorpora os dados da Pesquisa Nacional de Amostragem Domiciliar (Pnad) contínua e da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), ambas do IBGE.

Em função da metodologia utilizada, os números de endividamento sempre são divulgados com apenas um mês de defasagem. Em setembro, no entanto, o BC havia adiado a divulgação de dados referentes ao endividamento e ao comprometimento de renda das famílias brasileiras, em função de alterações de datas promovidas pelo IBGE. Agora, o BC atualiza os números, com referência em julho.

Segundo o BC, o comprometimento de renda das famílias com o Sistema Financeiro Nacional (SFN) ficou em 20,6% em julho, ante 20,7% em junho. Descontados os empréstimos imobiliários, o comprometimento da renda ficou em 18,0% em julho, ante 18,2% em junho.

Inadimplência

Apesar das dificuldades de famílias e empresas para fechar as contas, em meio à pandemia do novo coronavírus, a taxa de inadimplência nas operações de crédito livre com os bancos passou de 3,3% para 3,1% de agosto para setembro, informou o Banco Central.

Para as pessoas físicas, a taxa de inadimplência foi de 4,8% para 4,6% no período. No caso das empresas, a taxa passou de 1,6% para 1,5%.

A inadimplência do crédito direcionado (recursos da poupança e do BNDES) caiu de 1,7% para 1,4% na passagem de agosto para setembro. No crédito direcionado para empresas, a inadimplência passou de 2,2% para 1,5%.

Já o dado que considera o crédito livre mais o direcionado mostra que a taxa de inadimplência foi de 2,6% para 2,4%.