Casas de câmbio vendem dólar com desconto na Black Friday: é mico?

Pico da moeda americana permite a casas de câmbio vender um estoque já adquirido com desconto sem prejudicar o spread; mas cuidado

Paula Zogbi

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – Como já é tradicional durante a Black Friday, algumas casas de câmbio prometem descontos na venda de moedas em espécie para pessoa física nesta sexta-feira (29). Em geral, as ofertas incluem isenção ou descontos no IOF e nas taxas de entrega no caso de compra pela internet.

A Ourominas, por exemplo, não cobrará taxa de entrega para a cidade de São Paulo e prometeu cobrir as ofertas de todas as concorrentes na compra de dólar, euro e libra. Já a Confidence tem cupons de até R$ 14 de desconto, dependendo da quantia adquirida. Alguns bancos, como o Banco Inter e o BS2, oferecem cashback ou taxas mais baixas na compra de moeda estrangeira.

Neste ano, as promoções foram facilitadas pela conjuntura: as empresas formam sua reserva de moeda ao longo dos meses, então, com o dólar em máxima histórica, é possível abater valores com promoções sem perder tanta margem de lucro. Compensa, já que as vendas tendem a aumentar pelo preço baixo: a Ourominas espera aumento de 30% nas vendas.

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Para o professor Jackson Teixeira Bittencourt, doutor em Economia Regional e coordenador do curso de Economia da PUCPR, não tem ‘cilada’ nesse tipo de ação promocional: “as empresas bancam o IOF na margem delas, que vem lá do começo do ano, e usam a reserva para colocar um preço mais baixo na moeda sem ter prejuízo”, resume.

Ainda assim, não necessariamente é aconselhável comprar moeda para turismo na Black Friday se a pessoa tiver alguma margem de escolha. “Quem deve comprar agora? Só quem vai viajar muito em breve”, aponta o especialista.

“Hoje estamos perto do pico do dólar: a moeda com certeza vai balizar nas próximas semanas”, aposta Teixeira. “Falo isso por conta da conjuntura: o dólar andou com a China dizendo estar insegura sobre o acordo com os Estados Unidos, o que é uma instabilidade temporária, e com o Paulo Guedes apavorando um pouco o mercado com declarações recentes”, lista.

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Segundo ele, a expectativa é que haja uma correção entre o final deste ano e o início do ano que vem. “A tendência é um aquecimento da economia, aumento da exportação e consequente diminuição do dólar”, garante. “Só compra agora quem tem viagem marcada para agora”, reforça.

Como garantir um bom preço

Se possível, então, a melhor forma de comprar dólar é ao longo de muitos meses, garantindo um equilíbrio de cotações e se expondo menos a fatores externos. Mas, caso a compra de dólar seja urgente, há algumas maneiras de garantir a melhor cotação e não cair em uma “black fraude”.

Em primeiro lugar, é essencial utilizar ferramentas comparadoras de preço que levem em consideração não apenas a cotação utilizada pela casa de câmbio, mas sim o chamato VET (Valor Efetivo Total), que considera todas as taxas. O próprio Banco Central possui um ranking das instituições comparando os preços.

Teixeira indica também o uso de aplicativos e sites que permitem ao cliente fazer ofertas e, assim, baixar o preço. O Melhor Câmbio é um deles. “Se o dólar estiver 4,40, por exemplo, a pessoa pode ir lá e colocar que quer comprar mil dólares a 4,35. A casa de câmbio quer vender, ela pode aceitar essa oferta. Quanto mais dólares a pessoa precisa comprar, melhor a cotação que ela consegue”, explica o professor.

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Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney