Carros autônomos podem piorar trânsito; estudo propõe cobrança de taxa

Carros autônomos circulares, que rodariam pela cidade a velocidades mais baixas, podem melhorar a poluição, mas piorar o trânsito

Giovanna Sutto

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SÃO PAULO – Os carros autônomos serão uma realidade para o público geral em breve. E, apesar da euforia que envolve a chegada deles à sociedade, um estudo publicado pela Transport Policy põe em contradição os benefícios esperados e diz que esses veículos podem piorar o trânsito nos centros das grandes cidades – mais do que diminuir a poluição, por exemplo.

Segundo o estudo, a existência de carros autônomos irá estimular que as pessoas comprem seus próprios veículos ao invés de utilizarem o compartilhamento. A pesquisa também defende que, por não haver a necessidade de estacionar estes veículos (eles podem continuar circulando ou voltar para o ponto inicial sozinhos), haverá maior movimentação de veículos nas ruas, diminuindo a velocidade. 

Considerando a conhecida Teoria dos Jogos (ramo da matemática aplicada que estuda situações estratégicas onde as pessoas escolhem diferentes ações para melhorar o retorno que terão), o professor responsável, Adam Millard-Ball, do Departamento de Estudos Ambientais da Universidade de Santa Cruz, descobriu que “os veículos autônomos serão incentivados a circular pelas ruas em vez de pagar pelo estacionamento”. 

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A partir disso, a pesquisa defende que, mais do que nunca, é preciso uma regulamentação focada na mobilidade para evitar problemas no futuro. E sugere uma solução: cobrar uma taxa para motoristas circularem nos grandes centros das cidades, independente do tipo de carro que tiverem.

A medida já acontece em lugares como Londres, Cingapura e Estocolmo, que cobram taxas de congestionamento para os motoristas entrarem no centro da cidade, e o estudo sugere que cidades como Nova York e São Francisco também precisam implementar algo semelhante. Não há menções a cidades brasileiras.

Em Londres, por exemplo, uma taxa é cobrada por todo veículo que entra na zona central da cidade de segunda-feira a sexta-feira entre 7h e 18h. Quem não paga a taxa está sujeito à multa de 130 libras.

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Chamada de “Taxa de Congestionamento”, foi implementada em 2003 e vem funcionando. O dinheiro arrecadado é usado para investir no sistema de transporte da capital. De acordo com o Transport for London (órgão do governo) houve redução de 27% no número de veículos que trafegam na área, comparando dados de 2018 com os números de 2002.

“Ninguém é dono de um veículo autônomo agora, então não há oposição à cobrança pelo uso de vias públicas. Esta é a hora de estabelecer o princípio e usá-lo para evitar o cenário de engarrafamento no futuro”, diz o estudo propondo que essa cobrança se inicie apenas para carros autônomos podendo depois ser ampliada para todos os carros, como acontece em Londres.

É verdade que a chamada micromobilidade está em alta com patinetes e bicicletas. Mas o estudo sugere que isso, embora seja um avanço em outra frente, não vai solucionar o caos que o trânsito causa nas grandes cidades.

O professor prevê que implantando apenas dois mil carros autônomos no centro de São Francisco, EUA, por exemplo, a velocidade do tráfego geral poderia cair para 3 km/h. Millard-Ball não só determinou que seria mais barato para os carros não estacionarem, como também descobriu que a movimentação em velocidade mais lenta é também mais econômica, levando em conta os custos de eletricidade, depreciação e manutenção do veículo.

O estudo sugere, ainda, que frotas de veículos autônomos compartilhadas ajudariam a aliviar o congestionamento – ao invés de andar para gastar o tempo, os carros compartilhados poderiam pegar novos passageiros e continuar em movimento levando as pessoas de um lado para outro.  

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Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.