Caixa bloqueou auxílio emergencial de 3 milhões de pessoas por fraude; saiba liberar os valores

Presidente da Caixa também explicou que 1 milhão de pessoas ainda estão com o pedido em análise; esse público precisa aguardar a aprovação (ou não)

Giovanna Sutto Priscila Yazbek

App de cadastro do auxílio emergencial (Marcelo Casal Jr/Agência Brasil)

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SÃO PAULO – Nesta terça-feira (21), em entrevista ao vivo ao InfoMoney, o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, afirmou que beneficiários do auxílio emergencial foram bloqueados devido ao excesso de fraudes.

Dos pouco mais de 65 milhões de brasileiros que já receberam o auxílio até esta terça-feira, cerca de 5% foram bloqueados pelo banco, segundo Guimarães, ou algo em torno de 3 milhões de pessoas.

“Com a implementação rápida que tivemos que fazer para distribuir o auxílio lá no começo, sobraram algumas brechas de segurança. Em maio, em uma janela de dez dias, hackers acessaram milhares de contas. Identificamos todas e já corrigimos os problemas, mas pessoas honestas tiveram suas contas bloqueadas porque tivemos que salvar o dinheiro público”, disse.

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Guimarães explicou que, como muitos beneficiários não tinham um smartphone para fazer o pedido do auxílio, a Caixa permitiu que o mesmo celular fosse usado para cadastrar mais de uma pessoa. Isso permitiu que hackers se cadastrassem usando o nome de outras pessoas a partir de um único dispositivo.

Apesar do problema, ele explicou que nenhum beneficiário será penalizado por ter sido hackeado. “Para ter acesso à conta basta ir a uma agência com um documento em mãos e comprovar que a pessoa inscrita para receber o auxílio é realmente você e o dinheiro será liberado”, diz.

Ele admite, no entanto, que deve ocorrer uma lentidão no desbloqueio. “Nosso sistema demora cerca de três minutos nesse processo de liberação, mas temos centenas de pessoas na fila. Então pode demorar alguns dias, mas os trabalhadores receberão os valores”, explica.

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Auxílio bloqueado após recebimento das primeiras parcelas

Além das fraudes, Guimarães explicou que há um grupo de pessoas que, mesmo após ter recebido uma ou mais parcelas, pode ter tido o auxílio bloqueado – mas que nesse caso não há relação com golpes.

Isso acontece porque a Dataprev e o Ministério da Cidadania validam cada nova parcela depositada e conferem se o beneficiário realmente continua tendo direito ao auxílio emergencial.

“Isso porque muitas pessoas não precisavam receber os valores, mas isso aconteceu devido à rapidez da Caixa em montar o processo e distribuir o dinheiro”, alega Guimarães.

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Segundo o presidente do banco, várias pessoas que estavam empregadas e não deveriam estar na base de dados do programa foram bloqueadas. Esse problema aconteceu principalmente no primeiro lote de aprovados em abril, que englobou cerca de 31 milhões de brasileiros – fora os pagamentos para os mais 19 milhões de brasileiros beneficiários do Bolsa Família.

Pedidos em análise do auxílio emergencial

Outra questão que surgiu durante a entrevista foi a quantidade de pedidos em análise. Embora o cadastro para o auxílio emergencial de R$ 600 tenha sido encerrado no dia 2 de julho, Guimarães explicou que cerca de um milhão de pessoas se encaixam nesse grupo – que precisa aguardar a aprovação (ou não) do auxílio.

No total, cerca de 109 milhões de cadastros foram processados, sendo que 65,2 milhões de pessoas já receberam algum benefício e algo em torno de 43 milhões tiveram seus pedidos negados, segundo o presidente da Caixa. Até esta quarta-feira (21), o valor total distribuído pelo auxílio emergencial já havia somado R$ 121 bilhões.

“Cerca de 500 mil cadastros estão sendo analisados pela primeira vez. O resto corresponde aos que estão tentando o cadastro pela terceira, quarta vez. Quem faz esse trabalho é a Dataprev e o Ministério da Cidadania, não a Caixa. Do total de cadastrados, há 0,8% das pessoas em análise. Nossa estimativa é que mais 500 mil pessoas ainda consigam o benefício. Todos receberão as cinco parcelas”, afirma Guimarães.

Com esse adicional, no total, cerca de 66 milhões de brasileiros devem receber o auxílio emergencial devido à pandemia neste ano.

Segundo ele, esse grupo de pessoas que ainda está aguardando o resultado da análise receberá os valores de forma organizada ao longo do tempo. A Caixa ainda não informou como vai funcionar o calendário dessa nova rodada.

Nesta quarta-feira (22), os trabalhadores nascidos em janeiro e que foram aprovados no primeiro lote do auxílio (até 30 de abril) terão acesso ao crédito da quarta parcela, enquanto os aceitos no segundo lote (entre 16 e 29 de maio) começam a receber a terceira parcela.

Filas nas agências

Quando questionado sobre o que faria diferente durante o processo de pagamento do auxílio, Guimarães alegou que a velocidade de implementação, somada às fraudes e à distribuição de valores a pessoas que não se encaixariam nos requisitos, geraram problemas como instabilidade no aplicativo Caixa TEM e as filas nas agências.

“A grande confusão das filas é que todo mundo ia para a agência porque não tínhamos algo simples, explicado de maneira clara e organizado por ordem de nascimento como fizemos depois. Fizemos um aplicativo em cinco dias para 50 milhões de pessoas”, disse.

Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.