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Cachorro tem seguro? Plano pet custa a partir de R$ 29,90, mas desafio é capilarizar atendimento

Falta de rede credenciada próxima dos tutores é entrave no país, que só tem 0,2% da população de cachorros e gatos com plano de saúde

Gilmara Santos

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Acometido pela doença do carrapato, que se agravou para uma anemia, o Slinky, Lhasa Apso de 2 anos e 6 meses, teve que ficar 5 dias internado em novembro do ano passado em uma clínica veterinária para ser medicado, fazer exames e até passar por transfusões de sangue.

Além da preocupação com a saúde do seu animal de estimação, a tutora Giseli Santos, 33, moradora de Itapecerica da Serra (SP) teve um susto com o valor da internação do animal: cerca de R$ 8.000. “Felizmente, ele está bem, mas foi um valor que não estava no meu orçamento”, diz.

O plano de saúde para pets pode ajudar a evitar gastos imprevisíveis como os que a Giseli teve e também ajuda a democratizar os cuidados com a saúde do animal, com acesso ao veterinário e trabalho de prevenção.

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“O animal de estimação que faz acompanhamento periódico, com exames de rotina, tem a vida prolongada em até três anos, em média, além de evitar sofrimento por doenças que são tratáveis”, explica Pedro Svacina, CEO e co-fundador da Plamev Pet.

A boa notícia é que os planos de saúde existentes para Pets cabem em todos os bolsos e, segundo levantamento do InfoMoney, os serviços podem ser contratados por a partir de R$ 29,90.

Não é de hoje que as famílias brasileiras viraram multiespécies, com animais de estimação ganhando espaço na casa e nos cuidados. De acordo com o Censo Pet IPB, levantamento anual da população de animais de estimação realizado pelo Instituto Pet Brasil, o Brasil encerrou 2021 (dado mais atual disponível) com 149,6 milhões de animais domésticos, um aumento de 3,7% sobre os 144,3 milhões do ano anterior. Considerando apenas cães e gatos, são 85,2 milhões de bichinhos.

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“É uma população grande e que vem crescendo acima do crescimento da população. Temos cerca de 35 milhões de crianças de 0 a 12 anos e 85 milhões de cães e gatos”, destaca Fabiano Lima, CEO da divisão de saúde da Petlove. “Mas só 200 mil têm plano de saúde para pet, ou seja, 0,2% da população de cachorros e gatos”, complementa o executivo.

Lima conta que os planos para pet mais antigos do Brasil foram criados por volta de 2015, mas, até 2019, havia menos de 50 mil pets com convênio. Esse mercado começou a acelerar de 2019 para cá até chegar ao patamar atual, de 200 mil animais de estimação com plano de saúde.

“A pandemia aumentou a busca por planos de saúde. As pessoas trabalhando de casa passaram a observar mais o pet e os comportamentos. Percebemos uma demanda maior pela medicina veterinária”, aponta Lima.

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Veja também episódio do “Tá Seguro”:

Rede credenciada

Uma das barreiras que dificulta a aquisição de planos de saúde para pet é a rede credenciada. “Chegamos a ter um plano de saúde para o Slinky, mas quando precisava usar a rede credenciada era tão longe e com profissionais que não conhecíamos, que preferíamos pagar pelos serviços. Por isso, optei por cancelar o plano”, diz Giseli.

Aos poucos essa realidade está mudando. A Petlove, que em 2021 fechou parceria com a Porto Seguro, tinha em dezembro daquele ano, 600 profissionais credenciados e hoje conta com cerca de 2.500 pontos. “Estamos trabalhando para que procedimentos básicos e simples, como uma consulta ou vacina, o cliente não tenha que se deslocar mais de 2 quilômetros”, comenta Lima.

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A MSD, por sua vez, conta com mais de 2.000 parceiros credenciados, e a Plamev Pet tem 1.200 locais disponíveis pelo país.

Além disso, alguns planos de saúde para pet contam com o serviço de reembolso, que permite ao tutor do pet levar seu animal de estimação a qualquer veterinário e depois pedir o valor gasto ao plano de saúde.

Como funciona o plano?

O plano de saúde para pet é bem parecido com as opções para os humanos. O tutor busca o produto que mais se encaixa no seu perfil e no bolso.

O pagamento, assim como nos convênios para humanos, é feito mensalmente e há uma rede credenciada que pode ser usada, sendo que em alguns casos o cliente tem também direito ao reembolso.

Vale destacar que alguns produtos contam com a chamada coparticipação, ou seja, além da mensalidade, é necessário pagar um valor sobre cada serviço utilizado.

“Os planos funcionam de maneira bem simples: a mensalidade é fixa, descontada de acordo com a forma de contratação. Entretanto, quando o pet precisar de atendimento, o cliente deverá consultar a tabela de procedimentos e coparticipação, que mudam de acordo com a região e o plano. O pagamento da coparticipação é realizado no momento do procedimento”, explica Rogério Lemes, diretor de Retail da MDS Brasil

Tem carência?

De um modo geral, os planos têm carência para atendimento, que varia conforme o procedimento. Pode ser de 15 dias, para uma consulta de emergência, ou 180 dias para um procedimento mais complexo como internação ou anestesia.

É importante também ficar atento a doenças pré-existentes. Caso não haja uma negativa para adesão ao plano, a tendência é que a carência para procedimentos relacionados à doença possa chegar a 360 dias.

O que considerar?

A veterinária Carla Maion destaca que a cobertura da grande maioria dos planos não abrange problemas já existentes, como doenças crônicas e hormonais.

“Nos filhotes e jovens adultos vale a pena começar com o plano que abranja o básico como consulta anual, vacinas e exames básicos de saúde anual. Caso haja necessidade de cirurgia ou limpeza dos dentes, os planos são mais amplos em custo e cobertura”, diz.

Nos animais já com problemas de saúde conhecidos é também uma forma de manter um melhor controle dos demais sistemas do organismo e ter mais frequência às visitas médico- veterinárias, ainda que a cobertura não exista para tal doença.

“Uma necessidades de internação ou pronto atendimento não tem dia nem hora para acontecer e pode ser um susto no bolso de quem não tem esse planejamento.”

Qual é o gasto de um animal de estimação?

“O mais novo levantamento sobre o gasto mensal com animais de estimação realizado pelo IPB mostra que o gasto mensal do brasileiro com cachorros foi, em média, de R$ 408,76 no ano passado. Esse valor pode mudar de acordo com o porte do animal”, diz Carla.

Ela comenta que, considerando uma visita ao médico veterinário por ano (a partir de R$ 160), vacinação anual obrigatória (a partir de R$ 250) e exames de controle de saúde básicos (a partir de R$ 400), soma-se em média de R$ 800 a R$ 1000, além de outros custos mensais.

Quais são as vantagens do plano pet?

Para a veterinária, contratar um plano de saúde para o animal de estimação vale a pena financeiramente, desde que o tutor tenha consciência e responsabilidade em usufruir dele para cuidar melhor do animal.

“Há muitos que esquecem dos benefícios e passam o ano sem ao menos fazer uma visita de controle. Essa cultura de maior conscientização é algo que trabalho dia a dia, até porque os valores gerados em um procedimento de emergência são altos e muitos tutores não se programam para estas adversidades”, considera Carla.

Como gastar menos com o pet?

A veterinária Carla Maion elenca dicas para ajudar a gastar menos com o animal de estimação. Confira:

Gilmara Santos

Jornalista especializada em economia e negócios. Foi editora de legislação da Gazeta Mercantil e de Economia do Diário do Grande ABC