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Brasileiro quer planejar finanças, mas tem dificuldade em fazer o dinheiro sobrar, aponta pesquisa

Levantamento do Datafolha, com 2 mil entrevistados, mostrou que poupança, ações e renda fixa são os investimentos mais populares

Jamille Niero

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Mais da metade dos brasileiros (58%) sinalizam que pensam frequentemente em planejar suas finanças para o futuro, aponta uma pesquisa realizada com 2 mil consumidores pelo Datafolha a pedido da Fenaprevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida) divulgada nesta quinta-feira (26). Na outra ponta, 18% dos entrevistados dizem não pensar nunca nisso, enquanto 24% afirmam pensar “de vez em quando”.

A pesquisa, realizada em julho deste ano com brasileiros de perfis e regiões diversos, questionou também quais os principais desafios para fazer o planejamento. Os mais citados foram:

“Boa parte dos brasileiros se vê como um camaleão para driblar dificuldade financeira e encontrar uma forma de chegar ao fim do mês”, observa Paulo Alves, gerente de pesquisa de mercado do Datafolha, ao analisar o levantamento.

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Boa parte das perguntas girou em torno de metas. Sete em cada 10 (77%) disseram ter metas estabelecidas por determinados períodos, sendo que 58% afirmaram ter metas para os próximos 12 meses, enquanto 49% alegaram estar de olho nos próximos 10 anos. “As pessoas mais velhas, independentemente da escolaridade, tendem a ter menos esse tipo de meta”, pontuou Alves. Dificuldades financeiras foram alegadas por 23% como principal motivo para não ter meta definida e não pensar no futuro, enquanto 22% não souberam responder.

Já as ações realizadas para atingir as metas giraram em torno principalmente de guardar, poupar dinheiro e economizar, com 31% declarando esse modo de agir. Já 27% falam sobre trabalhar (muito, continuar trabalhando ou ainda ter um trabalho extra), ou seja, buscando formas de manter os rendimentos.

Na sequência foram mais citados os investimentos, lembrados por 21% dos entrevistados. Poupança é a mais popular (11%), além de investimentos em ações (3%) e renda fixa (2%). Outra ação ligada ao ato de economizar citada por 14% dos brasileiros é cortar custos.

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“Nossos produtos enfrentam o desafio de 23% da população não ter nenhuma meta de planejamento, atribuindo a dificuldades financeiras e falta de renda, mas sabemos também que falta educação financeira. Outro motivo é não pensar no futuro, que é abstrato. Precisa da base da pirâmide bem atendida para pensar em segurança abstrata, que é pensar no futuro, agravado no contexto de envelhecimento da população”, comenta o presidente da Fenaprevi, Edson Franco.

Segundo ele, o nível de falta de informação associado à falta de cultura de pensamento de longo prazo é preocupante e o setor tem responsabilidade conjunta – com governos, imprensa e outros entes – de tratar desse tema.

Impactos da pandemia

A pesquisa foi realizada 2 anos após a primeira edição, apurada no auge da pandemia de Covid-19 em 2021, e buscou entender também os reflexos que perduram após o encerramento oficial da emergência sanitária que abalou o mundo todo, fazendo um comparativo entre os dois diferentes momentos.

Nesse sentido, os entrevistados foram questionados sobre quais aspectos mais os afetaram após o fim da pandemia. Quatro em cada 10 entrevistados (41%) disseram que a questão financeira foi o principal impacto: com diminuição de renda motivada por desemprego ou mudança de emprego. As classes C, D e E foram as mais afetadas. A saúde foi outro ponto averiguado: em relação à saúde mental, os medos aumentaram para 32% (os jovens de até 24 responderam mais), enquanto 17% disseram sentir a saúde física afetada.

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Já em relação ao que mudou no pensamento e comportamento dos brasileiros como reflexos, não houve tanta alteração de 2021 para 2023. O mais significativo foi o aumento no interesse em guardar dinheiro, passando de 23% em 2021 para 28% em 2023, “mais presente em pessoas mais jovens e de maior poder aquisito”, comenta Alves, do Datafolha. Subiu também a proporção de quem fez plano de saúde, crescendo de 8% em 2021 para 11% em 2023.

Poupar ou investir é, para 38%, a principal ação preventiva, indicando que formar reserva financeira é vista como a iniciativa mais interessante. A segunda ação mais citada é trabalhar (11%) e está muito ligada ao receio de perder o emprego. Fazer seguro ou previdência foi apontado também por 11% dos entrevistados como principal ação preventiva de resposta ao medo de não conseguir fazer um funeral adequado ou não ter como pagar tratamento médico de familiares. Já 17% dos respondentes não pretendem fazer nenhuma ação preventiva.

Na avaliação de Dyogo Oliveira, presidente da CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras), da qual a Fenaprevi faz parte, “a falta de dados concretos é sempre um desafio”, por isso é importante a realização de pesquisas como essa, que desde que realizadas com periodicidade, ajudem a criar histórico para possibilitar a análise de efetividade das ações do mercado.

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Jamille Niero

Jornalista especializada no mercado de seguros, previdência complementar, capitalização e saúde suplementar, com passagem por mídia segmentada e comunicação corporativa