BC desliga plataforma do DREX usada até agora por problemas de privacidade

Fontes que acompanham o processo de desenvolvimento do projeto falaram ao InfoMoney

Maria Luiza Dourado

Drex (BCB)
Drex (BCB)

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O Banco Central decidiu desligar a plataforma DREX, infraestrutura baseada na tecnologia Hyperledger Besu, onde foram construídos os pilotos do Real Digital, o DREX na fase 2.

A informação foi divulgada pela primeira vez por dois portais especializados, Block News e Finsiders. O InfoMoney ouviu fontes que acompanham o processo, que confirmaram a informação.

Segundo uma das fontes, na próxima semana o BC irá desligar a plataforma usada nas fases 1 e 2 do projeto DREX. “A terceira fase começará no início de 2026. Quando isso acontecer, será definida qual tecnologia será usada”, afirmou.

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Uma outra fonte explicou que “haviam problemas de privacidade a serem resolvidos” na infraestrutura onde os pilotos do Real Digital foram desenvolvidos.

A decisão foi anunciada em uma reunião entre os consórcios participantes de pilotos do Drex, que ocorreu nesta terça-feira, 4.

A blockchain Hyperledger Besu é uma DLT (sigla para Distributed Ledger Technology), uma espécie de livro-contábil digital que registra as transações feitas pelos usuários. Ela foi desenvolvida em 2019 pela Hyperledger.

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“O projeto DREX segue de pé”

Segundo uma das fontes, o projeto de desenvolvimento do DREX segue ativo e o BC dará início a sua terceira fase no ano que vem.

Na primeira fase do DREX, empresas enviaram propostas ao Banco Central para participar do projeto, abordando um protocolo específico: a entrega contra pagamento, ou DvP, de título público federal – uma espécie de liquidação que só permite a liberação dos títulos após a transferência de fundos – entre clientes de instituições diferentes. As propostas dos ofertantes deveriam entregar satisfatoriamente funcionalidades de privacidade e programabilidade. Ao final dessa fase foram selecionadas 16 propostas.

Depois, na fase 2, de 42 temas recebidos, o Banco Central selecionou 13 para serem desenvolvidos pelas instituições e consórcios selecionados na fase 1. Nessa etapa, que ocorreu usando a infraestrutura de blockchain Hyperledger Besu, os objetivos relacionados à privacidade não teriam sido atingidos satisfatoriamente, segundo as fontes.

O BC ainda não entregou o relatório da fase 2, e, para a frase 3, espera-se a escolha de uma nova tecnologia no lugar da infraestrutura e uma sequência nos estudos sobre temas para uso do Real Digital.

O especialista André Carneiro, CEO da provedora de blockchain BBChain, comentou o desligamento. Segundo ele, a fase 2 do piloto DREX cumpriu seu papel. “As tecnologias foram avaliadas pela perspectiva do regulador e, segundos seus critérios, dentro de um escopo bastante amplo e ambicioso, demostraram necessidades de evoluções para atendimento completo”.

“Novos modelos de negócios com, escopo mais direcionado pelo mercado, podem ter requisitos atendidos sem as eventuais restrições regulatórias do piloto DREX, liberando o potencial das tecnologias DLT/Blockchain, cabendo ao mercado um maior papel nesta evolução”, completa Carneiro.

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O Real Digital está sendo desenvolvido há 4 anos. A infraestrutura para a construção dos pilotos foi escolhida há pouco mais de 2 anos e meio.

O InfoMoney questionou o Banco Central sobre a decisão e aguarda esclarecimentos.

(Matéria em atualização)

Maria Luiza Dourado

Repórter de Finanças do InfoMoney. É formada pela Cásper Líbero e possui especialização em Economia pela Fipe - Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas.