3 pontos-chave na operação da Caixa que devem ganhar mais relevância em 2022, segundo CEO

Banco teve crescimento de quase 70% no lucro do 3º tri, na base anual, e Pedro Guimarães está ainda mais otimista com o próximo ano: "há muito o que fazer"

Anderson Figo

(Divulgação/Caixa)

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SÃO PAULO — Entre julho e setembro deste ano, a Caixa Econômica Federal registrou lucro líquido de R$ 3,02 bilhões, um crescimento de quase 70% sobre o mesmo período de 2020. O ROE (retorno sobre o patrimônio líquido), que mede o nível de rentabilidade da operação, chegou aos 19,78% — mesmo nível registrado pelo maior banco privado do país, o Itaú.

Embora a Caixa tenha apresentado um resultado robusto, seu presidente, Pedro Guimarães, ressaltou em entrevista ao InfoMoney que o balanço foi “meramente operacional”, citando que o banco poderia ter obtido cifras ainda mais expressivas não fosse seu caráter social — e importante, na visão dele.

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Guimarães ressaltou que um ROE em torno de 12% nos próximos trimestres é realista e plausível e citou as mudanças que promoveu com sua gestão, em relação à gestão anterior, como o enxugamento de custos e venda de ativos. “Fizemos R$ 109 bilhões só em vendas de ativos”, disse.

Para 2022, o presidente da Caixa afirmou que o banco tem três pontos-chave para trabalhar e crescer: a abertura de capital da gestora Caixa Asset, o segmento de cartões de crédito e as oportunidades de financiamento do agronegócio. Veja abaixo o que Guimarães falou sobre cada assunto.

IPO da Caixa Asset

Guimarães se mostrou otimista com a operação, e citou que ela deve ocorrer ainda na primeira metade do ano que vem. “A gente teve a autorização há mais ou menos um mês e meio. E a gente já fez a migração. Hoje a gente já tem 99% da receita migrada, não tem todos os fundos, mas os fundos que ainda não migraram são os pequenos”, disse.

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“Então, a gente já tem a equipe, a receita recorrente e a gente vai ter o balanço completo, o primeiro balanço trimestral completo em 31 de dezembro. Vai dar uma ideia muito grande do que é o resultado trimestral da empresa. E aí a gente deve, ou em fevereiro ou em abril, então a gente pode usar tanto o balanço de 31 de dezembro ou do primeiro trimestre, para abrir o capital”, completou.

Segundo o executivo, o IPO da Caixa Asset ainda depende da aprovação do conselho de administração da Caixa. “Mas do meu ponto de vista, do ponto de vista do management, é importante, em especial por dois grandes motivos. O primeiro é governança e o segundo foco. É o que a gente vê na Seguridade. Com a abertura de capital tem um grande foco. A gente vê resultados muito eficientes em comparação com o mercado inteiro. Isso faz a diferença. A gente quer a mesma coisa na Asset.”

Cartões de crédito

Guimarães citou que, em comparação aos outros quatro grandes bancos do país (Banco do Brasil, Itaú, Bradesco e Santander), a Caixa ainda é pequena na operação de cartões de crédito — e ele quer mudar isso a partir do ano que vem. O braço de cartões do banco pode virar outra empresa com ações na Bolsa, se o IPO da bandeira Elo sair do papel.

“Na operação de cartões, a gente tem a bandeira Elo e a discussão do IPO. A Caixa é o maior acionista com 41,5%”, disse. “A abertura de capital gera recursos também. A gente vai ter mais lucro, vai ter mais patrimônio líquido e podemos distribuir mais dividendos. Mas esse não é o objetivo principal, é a consequência”, afirmou.

“Até porque é uma operação menor do que a Caixa Seguridade. Não temos o objetivo abrir nada mais do que o mínimo possível. A ideia é abrir o mínimo e fazer um follow on depois que o mercado valorizar tudo aquilo que a gente prometeu e cumpriu. É o que a gente está vendo hoje na Seguridade, tudo o que a gente prometeu, a gente cumpriu. O mercado é cíclico. É importante que você ganhe essa confiança do mercado no que você está vendendo”, completou o executivo.

Segundo Guimarães, a operação de cartões de crédito é “onde a Caixa tem que melhorar muito”. “A gente tem que ter 30 milhões de cartões para chegar no mesmo nível dos outros bancos. A gente não tem nem 7 milhões. No ano que vem, temos que chegar em 15 milhões. É obrigação. Vamos focar agora em cartões de crédito”, enfatizou.

O CEO do banco disse que a Caixa tinha “uma série de problemas operacionais, mais internos, de limite etc”, o que impedia a companhia de focar na operação de cartões nos últimos anos. “Essa operação de cartão tem potencial. Tudo o que a Caixa foca, a gente acaba disputando a liderança. Onde a gente opera e não é líder ou não disputa a liderança, é porque tem algum problema.”

Potencial do agronegócio

“O que a gente vai ter de maior crescimento nos próximos 12 meses? O agro”, disse Guimarães. Ele citou que a Caixa está abrindo 100 novas agências e ajustando seus modelos para ampliar sua presença no financiamento do agronegócio brasileiro.

“A nossa parte operacional não era eficiente. Por exemplo, todo mundo analisa o grupo financeiro, a família, o CNPJ como um só. A gente analisava operação por operação e pessoa por pessoa. Isso era muito ruim porque, apesar de a gente focar em empréstimos mais longos, a maior parte do crédito ainda é capital de giro anual. E agora com essa questão de duas safras, o pedido de crédito muitas vezes vem mais rápido do que um ano. Só que a gente demorava um ano para analisar tudo de novo. Ou seja, quando terminava a análise, todo mundo já tinha emprestado”, disse.

O executivo citou que o aprimoramento do sistema vai permitir fazer a análise de crédito mais rapidamente, o que beneficia o banco. “Muitas vezes quando você é o último a terminar a avaliação você acaba emprestando apenas para clientes que não conseguiram crédito nos outros bancos”, afirmou.

Guimarães disse que o crédito para o agronegócio deve crescer “mais ou menos uns 300% nos próximos dois anos”, e fazer uns R$ 35 bilhões a R$ 40 bilhões de carteira, “o que já faria com que a gente tivesse uns 10% de mercado. Acho que esse é um patamar mínimo para a Caixa Econômica Federal.”

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Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.