Yduqs (YDUQ3) tem queda de quase 12% após balanço e visão negativa para 2022, mas analistas seguem otimistas com ação

Segmento presencial tem apresentado números de crescimento difíceis, com base de alunos estável apesar de programa de descontos agressivo

Lara Rizério Felipe Alves

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Nos últimos trimestres, em um cenário ainda de recuperação para as empresas de educação na B3, a Yduqs (YDUQ3) despontava entre a preferência dos analistas de mercado por seu bom portfólio no segmento premium e ensino a distância (EAD).

Contudo, os resultados da companhia de educação, dona de marcas como Ibmec e Estácio, se apresentaram como fracos, levando assim a ação a ser um dos destaques de perdas na sessão desta terça-feira (16) no Ibovespa. Os ativos YDUQ3 caíram 11,76%, a R$ 14,03.

A XP aponta que a companhia apresentou resultados ligeiramente negativos no 2T22, com prejuízo líquido ajustado de R$ 16 milhões.

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O destaque positivo foi no segmento premium, que teve forte crescimento impulsionado pela maturação das atuais vagas nas escolas de medicina e autorização de vagas adicionais.

Do lado negativo, o segmento presencial continua apresentando números de crescimento difíceis, com uma base de alunos estável apesar de um programa de descontos agressivo.

“O segmento digital apresentou queda no faturamento, mas consideramos que essa tendência negativa pode se reverter à medida que os novos polos continuem a amadurecer, gerando crescimento da base de alunos e expansão de margem”, aponta o analista Rafael Barros, da XP.

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O Bradesco BBI destaca que a receita líquida caiu 2% na variação anual, ante projeção de queda de 1% do BBI, ressaltando também a queda de 12% da receita no presencial, para R$ 524 milhões, seguindo um número estável de alunos de graduação e uma queda de 12% ano a ano no ticket médio, devido ao programa de descontos “Brilho Duplo” da empresa.

Já a captação do semestre veio abaixo do esperado, crescendo 40% na variação anual em presencial e ficando estável em ensino à distância. A margem Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações sobre a receita líquida) ajustada caiu 0,8 ponto percentual (p.p.), versus a estimativa de alta de 2,5 pontos do Bradesco BBI, devido à falta de
alavancagem operacional. A margem não se deteriorou ainda mais devido a uma menor provisão de bônus e reversão de contingências.

A Yduqs espera para a segunda metade do ano um cenário desafiador em termos de matricula (estável versus estimativa do Bradesco BBI, 15% em presencial e 10% em ensino à distância), mas um ticket recorrente positivo (ou seja, após 1º semestre) para calouros e (ii) margem Ebitda estável (em linha com o consenso do BBI de alta de 0,4 ponto percentual).

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O Morgan Stanley apontou que, conforme a gestão da companhia já antecipava, a receita e as margens foram reduzidas, mas foram ainda mais baixas do que as estimativas revisadas do banco.

Os analistas também veem perspectivas desanimadoras para a segunda metade do ano devido à deterioração contínua das condições macro, especialmente considerando as classes C-D, que são seu público-alvo. “Isso deve levar a resultados medíocres, semelhantes ao da segunda metade de 2022, com receitas pressionadas tanto em volumes (números de ingressão fracos) quanto em preços (mais descontos), e pouca expansão nas margens. O 3T22 deve ter baixa na base anual, o 4T22 deve ter recuperação na mesma base de comparação.

Contudo, os analistas do Morgan seguem com recomendação overweight (exposição acima da média do mercado) para os ativos, com preço-alvo de R$ 23, ou um valor 44,6% acima do registrado na sessão da véspera. “A Yduqs continua sendo impactada por condições macro difíceis, mas possui boas operações e está bem posicionada para a recuperação”, avaliam.

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Na mesma linha, a XP destaca que, independentemente dos resultados fracos, mantém uma postura positiva em relação às ações com base no múltiplo atual, de 7,7 vezes o preço sobre o lucro esperado para o final de 2023. O preço-alvo é de R$ 33,70, ou potencial de alta de 112%.

“No geral, nossa avaliação sobre o resultado foi ligeiramente negativa devido a receita mais fraca com perspectivas piores para o segundo semestre de 2022 e despesas financeiras mais altas. Assim, mantemos nossa visão mais cautelosa
com preço-alvo para final de 2023 de R$ 21 (ou upside de 35%), devido à avaliação de curto prazo e momento
desafiador”, aponta o BBI. Contudo, a recomendação do banco para YDUQ3 segue outperform (desempenho acima da média do mercado).

O Itaú BBA, por sua vez, tem recomendação marketperform (desempenho em linha com a média do mercado) para YDUQ3, com preço-alvo de R$ 23 ao término de 2022.

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“Após uma forte captação observada no início do ano, vimos uma deterioração nas taxas de evasão em base anual principalmente nas unidades de Ensino Digital e Presencial (sem considerar o segmento Premium), que, aliadas a uma dinâmica de ticket mais fraca, resultou em uma queda de receita de 2% em um ano. Em relação à rentabilidade, menor diluição de custos e despesas somada a maiores despesas financeiras resultaram em prejuízo líquido no trimestre, abaixo do que esperávamos”, aponta.

Semestre difícil, mas com pontos positivos

Eduardo Parente, CEO da Yduqs, afirmou em teleconferência de resultados nesta terça que a empresa se orgulha muito dos resultados do 2T22. Ele destacou que a empresa conta com portfólio sólido, com o segmento Premium resiliente que “segura” em momentos muito difíceis, e o EaD e presencial que estão enxutos, conseguindo reagir a situações de mercado. “A solidez financeira é muito grande e permite que a gente, com nossa alavancagem, tenha liberdade de realizar operações como a recompra”, destaca.

Segundo o CEO, mesmo em um cenário difícil, a empresa entregou um crescimento importante de receita e de base no EaD. Eduardo Parente afirmou que o ensino digital de graduação vem sofrendo bastante em todas as classes sociais. O ticket médio no semestre teve evolução de 2% que, segundo ele, não é o que a empresa gostaria de ver, mas o mercado está mais conservador na questão de preços.

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A expectativa é que o 3º trimestre tenha desempenho ligeiramente inferior e o 4º trimestre superior nas operações da Yduqs. Segundo Parente, a empresa vem de uma sequência de efeitos externos negativos sobre o negócio, mas a estratégia de diversificação através de Medicina, EAD e M&A [fusões e aquisições] se comprovou acertada.

Para o CFO, Rossano Marques, o mix de receitas está cada vez mais diversificado. Ele afirma que os setores premium e digital são as alavancas da empresa e juntas já somam 53% do total de receitas da companhia no primeiro semestre de 2022 (versus 48% no 1º semestre de 2021).

Para o segundo semestre a captação de alunos será desafiadora, mas com evolução positiva nos tickets recorrentes dos calouros. Apesar do momento difícil, segundo Eduardo Parente, a empresa tem otimizado, mas não interrompido os investimentos no futuro da companhia.

Sobre fusões e aquisições (M&A), não há negociações no momento, mas Eduardo Parentes não descartou que um movimento como esse possa ocorrer em algum momento nos próximos 12 ou 18 meses. O CEO afirma que a empresa vê com muito valor as fusões, especialmente neste momento em que os players estão negociando a múltiplos muito inferiores. “Enxergamos bastante positivamente a possibilidade de fazer isso (M&A), mas de forma adequada”, destaca.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.