Yduqs, Ser, Cogna ou Anima: quem vai ficar com a Laureate Brasil?

Para Bradesco BBI, disputa deve ficar mesmo entre a Yduqs e a Ser, mas analistas veem a primeira levando o ativo; Santander vê Ser como forte candidata

Lara Rizério

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SÃO PAULO – No último dia 13 de setembro, a Ser (SEER3) anunciou um acordo para a compra da Laureate Brasil, que detém grandes marcas do ensino superior no Brasil como a Anhembi Morumbi e a FMU. Pelo combinado, haverá pagamento em dinheiro e em ações, sendo que a parcela em dinheiro soma R$ 1,7 bilhão. Além disso, a Laureate vai receber 44% das ações da Ser.

Contudo, vale destacar, o contrato com a Ser prevê que a Laureate tem direito de buscar transações mais vantajosas com terceiros até 13 de outubro de 2020, sendo que a Ser terá o direito a igualar outra proposta. Se a Laureate decidir por outra oferta, a companhia terá de pagar multa de R$ 180 milhões para a Ser.

Com isso, a Yduqs (YDUQ3), no mesmo dia, afirmou em comunicado que acredita ter condições de apresentar proposta concorrente mais atrativa, apontando “forte potencial estratégico e de geração de valor que as empresas combinadas teriam”.

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Desta forma, até dia 13, o mercado de educação vai ficar de olho nos possíveis desdobramentos sobre quem pode ficar com a companhia.

A Laureate Brasil possui mais de 50 campi espalhados pelo Brasil em 13 cidades e sete estados e mais de 500 centros de ensino à distância. No primeiro trimestre, a companhia tinha 267 mil alunos, 82% dos quais estão na modalidade presencial e com mais de 800 em cursos de medicina. Regionalmente estão concentrados em São Paulo (50%) e no Nordeste (33%). Nos últimos doze meses até o primeiro trimestre desse ano, a empresa teve R$ 2,2 bilhões de receita líquida, com um ticket acima de Ser, Yduqs e Cogna e uma margem Ebitda de 19%.

Em análise sobre quem pode ficar com o ativo, o Bradesco BBI destaca que, além dos concorrentes em potencial para a aquisição são a Ser e Yduqs, que já manifestaram interesse, Cogna (COGN3) e Anima (ANIM3) também podem aparecer no páreo. Com isso, o banco destacou para quem a operação faz mais sentido, o que também pode incluir em um maior apetite para a aquisição. Para a Ser, o negócio é avaliado através da atual oferta, enquanto que os outros competidores têm a operação avaliada com um prêmio de 10% frente a oferta da Ser.

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Ao olharem os dados, tanto de endividamento quanto de potenciais sinergias, os analistas Fred Mendes, Lucca Brendim e Gustavo Tiseo apontam que justamente a Yduqs e a Ser são as mais bem posicionadas para adquirir a companhia, avaliando que o cenário-base é que a Yduqs fique com a Laureate.

Análise de cenários de endividamento antes e após a compra da Laureate Brasil: 

Relação entre ND/Ebitda* no 2T20 Ser Yduqs Cogna Anima
Situação atual 1,6 vez 2 vezes 5,9 vezes 1,7 vez
Proposta da Ser por Laureate BR 6,2 vezes
Proposta da Ser + 10% 4,8 vezes 8,3 vezes 12,1 vezes

*ND/Ebitda = relação entre a dívida líquida e o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações

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Base regional dos alunos das companhias (dados de 2018): 

Regiões Yduqs Cogna Ser Anima Laureate
Campus Ensino à distância Campus Ensino à distância
Nordeste 20% 13% 15% 15% 42% 5% 33%
São Paulo 9% 9% 32% 18% 12% 31% 50%
Rio de Janeiro 39% 43% 3% 6% 0% 0% 5%
Sul 4% 6% 11% 18% 0% 12% 12%

*Fonte: Bradesco BBI, INEP

“A Yduqs tem uma situação de alavancagem sólida e um tamanho maior. Assim, a aquisição parece se adequar à estratégia da empresa de focar em cursos premium e ensino à distância. Para a Ser, a oferta da empresa já foi aceita e, embora vejamos espaço limitado para a empresa negociar mais, seus concorrentes estão correndo contra o relógio, considerando que a negociação precisa ser selada até 13 de outubro. No entanto, nosso caso-base é de que a Yduqs vá levar essa operação, também levando em conta a sua capacidade de disponibilizar mais dinheiro para a oferta”, avaliam.

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De acordo com os analistas, a aquisição parece estar em linha com a estratégia atual da empresa para adquirir negócios premium como fez com a compra da Adtalem (dona de marcas como Ibmec e Damásio). “Além disso, a Yduqs opera com margens muito maiores do que Laureate. Então, acreditamos que também há espaço para extrair sinergias neste negócio, pois a Yduqs aumenta a eficiência operacional da Laureate”, avaliam.

Uma questão que está muito no radar dos investidores é se o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) poderia barrar a operação. Contudo, eles ressaltam que, se a autoridade antitruste brasileira bloquear a transação devido à participação de mercado da Yduqs no Rio de Janeiro, vender os ativos da Laureate no estado não deve ser um obstáculo.

Já para a Ser, a aquisição deve consolidar o posicionamento da companhia em alguns de seus principais mercados (São Paulo e Nordeste), ao mesmo tempo em que expõe a empresa a um cliente de maior ticket.

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Em nota, o Santander também apontou que a Ser é uma forte candidata para vencer a disputa, ressaltando que ela já chegou a um acordo com a Laureate, e ainda sofreria menos com os “remédios” impostos pelo Cade.

Já para a Anima, a aquisição da Laureate poderia consolidar ainda mais o posição no Sudeste, avaliam os analistas do BBI. Além disso, a empresa tem um perfil de aluno semelhante, o que poderia trazer sinergias e representar um começo promissor para as iniciativas de ensino à distância da Anima. Por outro lado, o acordo teria uma magnitude relativamente maior para a empresa em comparação com a Yduqs, e poderia ser mais dependente de aumentos de capital ou acordo que envolvesse troca de ações.

Por fim, apontam, para a Cogna, a aquisição da Laureate consolidaria ainda mais a posição já sólida da empresa em São Paulo, o que os analistas avaliam que poderia levantar um bandeira amarela com a autoridade antitruste do Brasil. Além disso, a Cogna anunciou recentemente seus planos de “hibridizar” (com educação a distância e presencial) seus cursos. Assim, mesmo que a Laureate trouxesse cursos premium, que também interessam à Cogna, trariam também outros que a empresa está querendo deixar para trás.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.