Yduqs: ação salta quase 10% com analistas vendo “ponto de virada” no 2º semestre após período desafiador

Yduqs teve queda no lucro e nas margens, mas analistas destacam pontos positivos com ensino à distância e segmento premium

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Ainda com um forte impacto da pandemia, mas mostrando resiliência e expectativa de melhores dias por vir. Desta forma, mesmo com os números ainda inspirando cautela, as ações da Yduqs (YDUQ3), segunda maior empresa do setor educacional na Bolsa, registram fortes ganhos na Bolsa. Os papéis fecharam com salto de 9,67%, a R$ 29,95, perto das máximas do dia, também em um dia de alta para o Ibovespa, de 0,83%.

A Yduqs teve lucro líquido de R$ 43,2 milhões no primeiro trimestre, 74% menor na comparação anual, impactada pela depreciação de ativos tecnológicos. Cerca de metade da perda de R$ 125 milhões, no período, veio dessa depreciação, uma vez que a companhia vem investindo fortemente em tecnologia.

Outra parte foi decorrente de despesa financeira por conta da dívida captada para aquisição da Adtalen (R$ 35 milhões), redução do lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) em R$ 25 milhões e R$ 4 milhões em impostos.

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O Ebitda totalizou R$ 313 milhões, queda de 7% na base anual, enquanto a margem caiu oito pontos percentuais, para 29%.

A receita foi de R$ 1,082 bilhão, alta de 17%, sendo que 54% vieram de cursos presenciais, 27% do ensino digital e 19% dos cursos premium, como medicina. Já a captação de alunos no processo seletivo do começo do ano subiu 7%, com mais 265 mil estudantes à base total.

A XP destacou, entre os principais números, a queda de 34% na captação consolidada para graduação com a pressão negativa da Covid-19 no trimestre.

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Além disso, como resultado de um ciclo de captação mais difícil e mais longo, a empresa gastou mais em marketing e teve maiores provisões para devedores duvidosos, devido ao ambiente macroeconômico pior também devido à pandemia.

Consequentemente, o Ebitda teve queda anual (embora apenas 1% abaixo das estimativas da XP). No entanto, avaliam os analistas, é importante destacar que a empresa forneceu um guidance para o primeiro semestre de 2021 com receita líquida 4% acima das estimativas da XP e Ebitda apenas 2% inferior (considerando o meio do intervalo do guidance ou 5% acima, considerando o topo dele).

“Além disso, estamos otimistas com o ciclo de captação do segundo semestre de 2021 devido ao processo de vacinação em andamento e acreditamos que a situação atual não altera as perspectivas de longo prazo para a empresa, pois acreditamos que o crescimento contínuo da base de alunos (impulsionado principalmente pela EAD), aliado ao processo de amadurecimento de seu novo modelo acadêmico presencial resultará em margens maiores”, apontam os analistas. Assim, eles reiteram  recomendação de compra para YDUQ3, com preço alvo de R$50,70 por ação.

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Já o Credit Suisse acredita que os efeitos da crise devam se prolongar ao longo de 2021, mas que a Yduqs deve conseguir manter margens positivas e geração de caixa. O segmento premium deve ser um componente essencial para crescimento assim como ensino à distância (mesmo com pressão de preços). Os mesmos devem compensar o menor ensino presencial. “Acreditamos que a Yduqs tem disciplina e escala para emergir mais forte do que os pares quando a crise passar”, avaliam. Os analistas possuem recomendação outperform para os ativos, com preço-alvo de R$ 38.

Felipe Leão, especialista em renda variável da Valor Investimentos, destaca que o cenário desafiador, evidenciado no balanço, já está refletido no preço. Assim, o balanço, apesar de ruim, veio muito próximo das estimativas.

Assim como a XP, Leão também aponta que o segundo semestre de 2021 deve ser um “ponto de virada”, com melhora na captação de novos alunos e maior Ebitda. No longo prazo, a plataforma EAD deve refletir em melhora nas margens.

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O Bradesco BBI também aponta que, em termos de entrada de alunos, o ensino à distância continuou se expandindo em um ritmo rápido, enquanto o presencial foi prejudicado por um ciclo fraco e seguiu em queda.

No final de março, a Yduqs tinha uma base total de 716 mil alunos, sendo 286,6 mil no ensino presencial (queda de 6,3% ano a ano) e 417,2 mil estudantes no ensino digital (alta de 29,5% ano a ano). No chamando Premium, que inclui medicina, havia 12,7 mil (alta de 176,9%). “As aquisições foram decisivas para a preservação da base de alunos em meio à pandemia e adicionam muito valor”, ressaltou a companhia em seu resultado.

O ciclo prolongado de captação também teve efeitos negativos no Ebitda, uma vez que a empresa teve que aumentar seus esforços de marketing devido ao cenário adverso que, combinado com maiores provisões para devedores duvidosos e despesas gerais e administrativas, resultaram em uma queda acentuada da margem em relação ao ano anterior.

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Durante a teleconferência com analistas para comentar o balanço, a Yduqs passou uma mensagem positiva, conforme aponta o Bradesco BBI, com os executivos sugerindo que o pior deve ficar para trás para a empresa.

“Embora continue a haver incerteza, o aumento das despesas de marketing parece ser um evento pontual e a perspectiva de longo prazo para expansão das margens continua sólida. Com relação ao crescimento da base de alunos, embora acreditemos que ainda é muito cedo para ter uma estimativa precisa para a segunda metade do ano, a empresa parece confiante quanto ao crescimento na base anual após uma segunda metade de 2020 fraca”, avaliam Fred Mendes, Lucca Brendim e Gustavo Tiseo, analistas do BBI.

Já na frente de fusões e aquisições, a empresa compartilhou mensagens positivas sobre possíveis caminhos de crescimento futuro, especialmente relacionados ao promissor segmento digital. A gestão da Yduqs começou a ver novas oportunidades no segmento digital, visando empresas menores que podem adicionar novos produtos e recursos, ao mesmo tempo que trazem pessoas talentosas para a empresa, o que deve permitir a expansão em um segmento que não seria alcançável de outra forma.

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Além disso, a administração continua em busca de oportunidades no ensino superior, principalmente no segmento premium. Desta forma, os analistas reforçam a recomendação outperform, com preço-alvo de R$ 45 para a ação YDUQ3.

Segundo dados da Refinitiv, de treze casas que cobrem o papel, nove têm recomendação de compra e quatro de manutenção, com preço-alvo médio de R$ 42,47, o que configura um potencial de valorização de 55,5% em relação ao fechamento da véspera.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.