XP rebaixa ação da CSN após disparada em 2019 e aponta Vale e Gerdau como preferidas no setor

Analista também iniciou cobertura para ações de Bradespar e Metalúrgica Gerdau, ambas com recomendação de compra

Lara Rizério

(Divulgação/Vale)

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SÃO PAULO – A XP Research se junta a outras casas de análise e passou a ter mais cautela com a maior alta do Ibovespa em 2019. Em relatório assinado pela analista Betina Roxo, a XP reduziu a recomendação para as ações da CSN (CSNA3) de compra para neutro, com preço-alvo de R$ 19, o que corresponde a uma alta de 12% em relação ao fechamento de terça-feira (18). 

Os papéis CSNA3 tiveram forte alta de 91% em 2019 em meio aos fortes preços do minério de ferro e aos anúncios sobre as vendas de ativos, superando assim expressivamente seus pares. Desta forma, Betina reduziu a recomendação por já ver a ação negociando a patamares justos e apontou a preferência em Vale (VALE3) e Gerdau (GGBR4) para se posicionar no setor de minério e aço. 

Sobre os desinvestimentos da CSN, há outras vendas de ativos em andamento. Contudo, na avaliação da XP, podem levar algum tempo para se concretizarem, como a i) outra transação de pré-pagamento de minério de ferro com a Glencore; ii) venda antecipada de minério de ferro, iii) venda de operação na Alemanha com um potencial de US$ 500 milhões e iv) o desinvestimento das ações da Usiminas, embora a preços não pareçam atraentes na visão da XP, de R$ 2,25 bilhões pelo valor de mercado atual. 

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Betina também ressalta o cenário macroeconômico desafiador para o Brasil e, consequentemente, para a demanda de aço, o que levou à revisão nas projeções.

A analista aponta que CSN e a Usiminas anunciaram um aumento de 10% nos preços dos aços planos para a distribuição em abril que foi parcialmente implementado, além de outro em junho que, contudo, deve ser difícil de implementar (apesar do desconto de 3% em relação ao aço importado). Com isso, a recomendação para os ativos USIM5 segue neutra, com preço-alvo de R$ 9 (ou alta de 3% frente o fechamento de terça).

Para operar nesse ambiente, a XP Research aponta as ações da Vale  e da Gerdau como preferidas.  “Na Gerdau, embora a demanda também seja lenta para aços longos, as ações encontram se em patamares atrativos”, afirma a analista da XP, que vê potencial de alta de 36% para os papéis com o preço-alvo de R$ 20.

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“Embora mais uma história de 2020, esperamos que os resultados
acelerem gradualmente”, destaca Betina. A analista assume queda de volumes no Brasil em 2019, mas acredita que pode haver uma surpresa positivo no segundo semestre, além de uma possível aceleração em 2020.

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Também a favor da companhia, a XP avalia que, em 2019, os lançamentos de imóveis em São Paulo subiram 37% de janeiro a março na comparação com 2018, o que seria um indicador importante para as vendas da Gerdau, cujo tipo de produto é direcionado para a construção. Já nos EUA, haveria uma manutenção nas margens. 

“Esperamos que a Gerdau atinja sua meta de dívida líquida/EBITDA de 1,4 vez até o final de 2019. Assim, vemos potencial para um aumento significativo no pagamento de dividendos nos próximos anos, com um potencial de 10 de rendimento em 2020”, avalia Betina. 

Sobre a Vale, as estimativas foram atualizadas com manutenção do preço-alvo de R$ 68, ou um upside de 31% em relação ao fechamento da véspera. Os potenciais riscos para a companhia pós-Brumadinho estão sendo cada vez mais mitigados, aponta a XP, e isso deve gradualmente permitir que as ações sejam negociadas de volta com base nos fundamentos. 

“Após provisionar a maior parte do passivo com a tragédia de Brumadinho (US$ 4,5 bilhões), a Vale está focada em chegar a acordos com partes e autoridades afetadas até 2019 ou início de 2020”, projeta a XP, destacando que o acordo colocaria um fim às incertezas operacionais e legais remanescentes. fazendo com que a empresa volte a se concentrar em seus negócios. 

Com a oferta de volta, uma correção nos preços do minério de ferro é provável após o recorde de US$ 110 a tonelada. Porém, a XP já assume, de maneira conservadora, uma cotação da commodity de US$ 85 a tonelada em 2019 e de US$ 75 a tonelada no ano que vem. Atualmente, as ações estão com um desconto entre 20% e 25% frente os seus pares e a expectativa é de uma convergência para 10% a 15%. 

A XP também iniciou cobertura para a holding da Vale, a Bradespar (BRAP4), e da Gerdau, a Metalúrgica Gerdau (GOAU4), ambas com recomendação de compra. 

Com relação à Bradespar, o preço-alvo é de R$ 48 por ativo, correspondente a um potencial de valorização de 45,5% frente o fechamento de terça-feira, com a analista avaliando que o papel é uma “compra de Vale com desconto”. 

“O valor de mercado da Bradespar encontra-se 28% abaixo do valor que representa sua participação na Vale e na nossa opinião, deve diminuir para níveis históricos de 10% a 15%”, diz a XP, listando três motivos. São eles: o fim do processo com a Elétron, alavancagem da Bradespar baixa e a potencial aceleração dos dividendos da Vale em 2020. 

Já sobre a Metalúrgica Gerdau, a XP avalia que o valor de mercado da holding encontra-se 26% do valor que representa sua participação na controlada. Para a analista, o desconto deveria diminuir para 10% devido a menor alavancagem e balanço mais enxuto e a potencial aceleração de dividendos. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.