XP eleva preço justo do Ibovespa para 130 mil pontos ao fim de 2022 com queda de juros, mas tem cautela com ações de crescimento

Estrategistas alertam que pode não haver mais espaço para que a taxa continue a cair ainda mais, com riscos fiscais e eleições se aproximando

Lara Rizério

(Getty Images)

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A XP voltou a elevar as suas projeções para o Ibovespa ao final de 2022, com valor justo de 130 mil pontos, ou um potencial de alta de 18,70% em relação ao fechamento da véspera, ante projeção anterior de 120 mil pontos.

Os estrategistas Fernando Ferreira e Jennie Li e a analista de estratégia Rebecca Nossig destacam, em relatório, que o principal motivo por trás da revisão do valor justo para cima foi a queda nos juros reais e nominais de longo prazo, que tiveram baixa entre 1,0 a 1,5 ponto percentual (p.p.) no mês de agosto.

Já para ver um potencial maior no valor justo do Ibovespa, os estrategistas destacam que seriam necessárias: 1) estimativas de lucros de consenso subindo mais, e/ou 2) expansão de múltiplos, que poderia vir de uma continuação do forte fluxo de capital externo, bem como uma redução nos juros de longo prazo locais.

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“Nós continuamos enxergando a Bolsa brasileira como atrativa, negociando em um P/L [múltiplo de preço sobre o lucro] de 6,2 vezes, 44% de desconto em relação à média histórica”, apontaram.

Ao falar sobre o mês de agosto, em que o Ibovespa subiu 6,16%, enquanto os pares internacionais tiveram baixa, Ferreira, Jennie e Rebecca destacam que o Brasil continua com um desempenho superior relativo aos mercados globais em grande parte por conta dos níveis de valuation ainda bastante atrativos.

“Mesmo quando retiramos as empresas de commodities, ou somente a Petrobras PETR4 e Vale VALE3, o P/L vai para 10,4 vezes e 9,5 vezes, respectivamente – ambos menores do que suas próprias médias históricas. E quebrando o Ibovespa setorialmente, vemos que todos os setores no Brasil estão com seus múltiplos negociados abaixo ou próximos às médias de longo prazo”, apontam.

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Sem tanto espaço para ações de crescimento

No mês, os estrategistas destacam que o rali não foi impulsionado por commodities ou bancos, mas por uma forte recuperação das ações de crescimento e outros nomes que vinham sendo fortemente pressionados há meses.

Eles reforçam que, recentemente, houve sinais de abrandamento da inflação, com taxas negativas mensais impulsionadas pelo reajuste do preço dos combustíveis e a redução na arrecadação de alguns itens como energia e combustíveis, além de  indicações de que o fim do ciclo de alta de juros no Brasil está mais perto. “Como resultado, os juros de longo prazo corrigiram fortemente ao longo do último mês. Essa mudança no comportamento da curva de juros impacta os setores que são mais sensíveis à taxa de juros – as empresas de crescimento, pois estas possuem a maior parte de seu valor no futuro”, explicam.

Assim, apontam, o fator de crescimento finalmente começou a se recuperar nos últimos dois meses. “Depois de ter sido severamente punido desde o início do ano com juros em alta, finalmente estamos vendo uma reversão da performance negativa, o fator de crescimento foi o melhor no mês de agosto”.

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Com a recuperação do fator de crescimento, os estrategistas avaliam que alguns podem ver algumas oportunidades para assumir mais riscos. Contudo, eles alertam que pode não haver mais espaço para que a taxa continue a cair ainda mais, levando em conta que ainda há possibilidade dos riscos fiscais e políticos aumentarem com as eleições se aproximando.

“Como tal, não estamos adicionando muita exposição ao setor de crescimento no momento”, apontam.

Assim, em termos de fatores, o foco da casa permanece em qualidade, baixo risco e alguns nomes de valor. “Nossos principais temas permanecem: 1) commodities, 2) histórias de crescimento secular e 3) qualidade a um preço razoável”, destacam.

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Em commodities, os estrategistas continuam otimistas com energia, evitando metais devido à sensibilidade do setor à atividade econômica global, que está mostrando sinais de enfraquecimento. “A nossa preferência é pelo setor de Petróleo & Gás para exposição em commodities devido aos desequilíbrios estruturais de oferta e demanda e valuation descontado, sendo nossas principais escolhas para o setor a Petrobras (PETR4) e a 3R (RRRP3)”, avaliam.

Enquanto isso, histórias de crescimento secular são empresas que devem permanecer resilientes em meio a uma deterioração das perspectivas macro. Alguns dos principais nomes que mostram boas perspectivas de crescimento e que os estrategistas gostam são Assaí (ASAI3) e Grupo Soma (SOMA3).

Por fim, em Qualidade a Preço Razoável, os estrategistas gostam de nomes resilientes em meio a um cenário macro ainda incerto, mostrando um sólido track record [histórico].

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Eles destacam, nesse segmento, Iguatemi (IGTI11) e Banco do Brasil (BBAS3). Sobre o banco, os estrategistas apontam gostarem do nome, mas preferiram remover alguma exposição a empresas estatais no momento para nos proteger contra riscos políticos de curto prazo que possam surgir nos próximos meses. Ainda assim, BBAS3 continua sendo o top pick do setor financeiro junto com Itaú (ITUB4).

Na carteira top 10 para setembro, os estrategistas fizeram as seguintes alterações: 1) retiraram Localiza (RENT3) e acrescentaram Rumo (RAIL3); 2) excluíram TIM (TIMS3) e colocaram Grupo Soma (SOMA3); 3) diminuíram o peso do BB para 5% e elevaram do Itaú para 15%, seguindo com peso de 20% para as ações do setor financeiro e 4) diminuiu o peso da Vale para 5% e aumentou o da Raízen (RAIZ4) para 10%.

A carteira completa está em destaque a seguir:

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.