XP eleva projeção do Ibovespa de 135 mil para 145 mil pontos para o fim de 2021

Forte aumento nas expectativas de lucros das empresas e uma leve acomodação nas taxas de juros de longo prazo guiaram revisão

Lara Rizério

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SÃO PAULO- A XP revisou a sua projeção para o Ibovespa para o fim de 2021 de 135 mil pontos para 145 mil pontos, destacando como as duas principais razões para isso o forte aumento nas expectativas de lucros das empresas do Ibovespa e uma leve acomodação nas taxas de juros de longo prazo no Brasil (taxas de juros reais).

O target representa uma alta de 22% em relação ao fechamento da última sexta-feira (30), quando o benchmark da Bolsa fechou a 118.894 pontos.

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De acordo com Fernando Ferreira, estrategista-chefe e head do research, Jennie Li, estrategista de ações, e Marcella Ungaretti, analista research ESG da XP, apesar das preocupações com o cenário macroeconômico, a perspectiva para a Bolsa continua positiva diante das projeções de forte crescimento do lucros das empresas do Ibovespa em 2021.

“Olhando para diversas métricas, a bolsa está barata. O Ibovespa negocia com um múltiplo Preço/Lucro abaixo de sua média histórica, e com um desconto maior do que no passado, quando comparamos com os EUA e mercados emergentes”, destacam os analistas.

Para os analistas, a visão é reforçada pela recuperação da economia doméstica, enquanto o cenário externo favorável com a manutenção dos estímulos beneficiando as empresas exportadoras e atreladas à commodities, reforçam a visão.

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“Com a alta da inflação, muitos nos questionam se a bolsa é um bom investimento. Ações são ativos reais, ou seja, eles protegem da deterioração do poder de compra ao longo do tempo. Desde a criação do índice Ibovespa, ele ofereceu um retorno anualizado de 6,3% acima da inflação”, destacam. Olhando para o Ibovespa ajustado para a inflação, a Bolsa está abaixo do pico alcançado em 2008. Sendo assim, o índice ainda precisa subiria 56% para alcançar a máxima histórica novamente, destacam.

A Bolsa brasileira está negociando hoje a uma relação de preço sobre o lucro de 9,8 vezes, ou 15% de desconto em relação à média histórica dos últimos 10 anos, de 11,6 vezes.

Já o índice americano S&P 500 negocia a 21,9 vezes. “Ou seja, o Brasil está negociando com 55% de desconto em relação aos EUA, enquanto a média histórica é um desconto de 28%. Por mais que a diferença de composição setorial impacte nessa comparação (S&P mais focado em Tecnologia), parte dessa diferença já está incorporada na média histórica”, avaliam os estrategistas.

Com relação aos emergentes, o desconto é de 32% (levando em conta o MSCI de mercados emergentes), sendo que as duas regiões tendem a negociar com múltiplos em patamares similares.

Recuperação no radar? 

De acordo com estrategistas, uma série de preocupações tem contaminado o sentimento dos investidores em relação ao Brasil e à Bolsa brasileira recentemente. Eles apontam que a lista de preocupações é longa, e inclui: 1) o recrudescimento da pandemia, 2) o cenário eleitoral de 2022, 3) a trajetória fiscal, dado as dificuldades de aprovação do Orçamento do governo com a manutenção do teto de gastos, 4) a percepção de maior intervenção política nas empresas, dentre outras.

Por conta dessas preocupações, o Brasil tem uma das piores performances na Bolsa, na moeda e nos juros em relação aos seus pares em 2021. A Bolsa brasileira cai 4,7% em dólares no ano, enquanto o MSCI Global sobe 8,6%.

Dito isso, eles acreditam que uma congruência de fatores deve levar a uma forte alta do mercado brasileiro.

Em linhas gerais, a avaliação é de que: 1) a Bolsa brasileira está muito barata, e ainda não reflete totalmente a forte recuperação e crescimento de lucros que veremos em 2021 e 2022, 2) a aceleração da vacinação ao longo dos próximos meses pode levar à reabertura da economia e crescimento mais acelerado do PIB, e 3) a diminuição dos riscos fiscais após a aprovação recente do orçamento deve fazer com que o mercado volte a focar nos fundamentos microeconômicos e menos nas preocupações macroeconômicas.

Pelo consenso de mercado, tendo como base os dados compilados pela Bloomberg, a expectativa de Lucro por Ação (LPA) para o Ibovespa em 2021 já está bem acima do nível pré-pandemia.

A expectativa é de que o lucro por ação no Brasil deva crescer 199% em 2021 em relação ao ano passado. Mesmo quando comparado a 2019, 2021 deve apresentar um forte crescimento de 125%. Já para 2022, o mercado por enquanto projeta lucros estáveis em relação à 2021, muito provavelmente por conta da projeção do dólar mais enfraquecido frente ao real e preços de commodities normalizando em patamares menores.

A XP destaca que os setores que estão liderando essa forte alta de expectativa de lucros são os setores de empresas exportadoras e atreladas ao preço das commodities: “não só os lucros em 2020 estão vindo de patamares bastante deprimidos, mas a forte alta dos preços das commodities, aliadas à recuperação econômica global (melhores volumes) e um câmbio depreciado trazem um cenário extremamente favorável a essas companhias em 2021”.

Olhando por outras métricas, a Bolsa brasileira oferece hoje um rendimento de dividendos (dividend yield, ou a relação entre dividendos e o preço da ação) de 3,2% e rendimento de fluxo de caixa de 9,7%, valores esses bastante superiores ao rendimento da renda fixa.

A XP realizou uma mudança na carteira Top 10 Ações XP, incluindo Localiza (RENT3) e retirando Omega Geração (OMGE3).  “É um momento oportuno para realização do lucro obtido em Omega Geração e há um cenário positivo para Localiza e para o setor de aluguel de carros de maneira geral”, destacou.

A carteira atual também conta com B3 (B3SA3), Bradesco (BBDC4), Marfrig (MRFG3), Klabin (KLBN11), Tenda (TEND3), NotreDame Intermédica (GNDI3), Vale (VALE3), Lojas Americanas (LAME4) e Assaí (ASAI3).

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.