WEG (WEGE3): margens fortes e desaceleração da receita mostram dois lados do resultado da companhia

Analistas mostram visão dividida sobre o resultado da fabricante de motores elétricos, com visões diversas também sobre o ativo

Lara Rizério

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A ação da WEG (WEGE3) tem uma reação tímida aos resultados do primeiro trimestre de 2023 (1T23), divulgados na manhã desta quarta-feira (26). Os papéis WEGE3, que tiveram volatilidade no início do pregão, fecharam em queda de 1,06%, a R$ 40,11.

A fabricante de motores elétricos teve lucro líquido de R$ 1,3 bilhão no primeiro trimestre, alta de 38,4% sobre o mesmo período do ano passado, com a citando desempenho positivo em grande parte dos negócios, mas apurando um resultado operacional abaixo do esperado pelo mercado.

A companhia divulgou uma geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) 37% maior no período, a R$ 1,69 bilhão.

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Analistas, em média, porém, esperavam Ebitda de R$ 2,4 bilhões e lucro líquido de 1,27 bilhão, segundo dados da Refinitiv.

A companhia teve receita líquida de R$ 7,7 bilhões no primeiro trimestre, crescimento de 12,7% na comparação anual, mas recuo de 3,6% frente ao final do ano passado.

Para o Itaú BBA, os números foram mistos, com lucro líquido em linha com as expectativas, refletindo um crescimento mais fraco do que o esperado que foi compensado por uma rentabilidade substancialmente maior.

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A receita líquida, por sua vez, ficou 7% abaixo da sua estimativa, enquanto o Ebitda superou em 5% a expectativa da casa, com uma margem muito forte de 21,9%, bem acima das expectativas do mercado em 19%. “No entanto, isso foi compensado por impostos acima do previsto, resultando em lucro líquido em linha com nossas estimativas de R$ 1,3 bilhão. A forte margem também impulsionou o ROIC [Retorno sobre Capital Investido], que chegou em 31%, 2 pontos percentuais acima versus o quarto trimestre de 2022”, apontam os analistas.

Já para a XP, a WEG apresentou fortes resultados no 1T23, com melhor rentabilidade suportando um resultado líquido melhor que o esperado (12% acima da projeção da casa).

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“Observamos que a rentabilidade foi o principal destaque nos resultados de hoje, com uma margem Ebitda de 21,9%, 3,0 pontos percentuais acima do esperado pela casa, apoiada por: (i) acomodação de custos (especialmente aço e cobre); e (ii) um melhor mix de produtos, com os produtos industriais continuando a aumentar sua relevância em relação ao segmento geração, transmissão e distribuição (GTD)”, apontam os analistas.

Por outro lado, eles também observam que a receita veio mais fraca do que o esperado (-5% abaixo da estimativa da XP), parte do qual acreditam ser explicado por uma questão cambial (faturamento de mercados externos teria aumentado 25,7% ano a ano em moedas locais em vez de 20,6% em dólares), com a empresa indicando perspectivas positivas de demanda na maioria dos mercados. “Reiteramos nossa visão positiva para WEG”, concluem.

O Goldman Sachs, por sua vez, tem recomendação de venda para as ações da WEG. Os analistas apontam que, embora reconheçam que o múltiplo direto atual está bem abaixo dos picos observados no final de 2020, também observam que o crescimento dos lucros deve desacelerar no médio prazo de volta aos níveis históricos. “Para o longo prazo, continuamos a ver a WEG como um nome de alta qualidade em nossa cobertura: não possui alavancagem financeira, tem demonstrado um histórico sólido e entrega tendências de crescimento acima do PIB”, avaliam os analistas.

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Os analistas destacaram esperar que os resultados sejam bem recebidos pelo mercado seguindo a margem Ebitda mais forte. “No entanto, observamos que o crescimento da receita desacelerou significativamente em relação aos anos de pandemia, possivelmente indicando que a empresa deve retornar aos níveis de crescimento pré-pandêmicos possivelmente este ano. Além disso, notamos que, embora as margens tenham surpreendido para cima, refletindo em parte os menores custos dos insumos, esse efeito tende a ser repassado aos preços no médio-longo prazo”, avaliam os analistas.

O Bradesco BBI destaca que a redução da pressão de custos e o melhor mix de vendas levaram a um Ebitda 12% acima do consenso.

No 1T23, a WEG investiu R$ 168 milhões na expansão da capacidade doméstica de sua planta de montagem de motores e baterias para atender a forte demanda do segmento industrial, bem como aumentar sua participação em mobilidade elétrica. No mercado internacional, os investimentos de R$ 175 milhões focaram na expansão da capacidade da planta de motores e transformadores no México e da planta eólica na Índia. Apesar do capex 64% maior na base anual, a forte lucratividade registrada no 1T23 ajudou a WEG a entregar um impressionante RoIC de 31,4%, alta de 1,7 ponto na base anual.

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O BBI, contudo, mantém recomendação neutra e preço-alvo de R$ 39,00 (queda de 4% em relação ao fechamento da véspera), também avaliando os múltiplos como caros.

De acordo com compilação feita pela Refinitiv, de 16 casas que cobrem o papel, 10 possuem recomendação de compra, 5 possuem recomendação neutra e 1 de venda, com preço-alvo médio de R$ 45,52.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.