Wall Street ajusta estratégias à espera de segunda onda de coronavírus

Investidores se sentem cada vez mais desconfortáveis com sinais conflitantes entre as classes de ativos, mas também se resignam e ajustam as estratégias

Bloomberg

Operador em Wall Street usando máscara em meio à pandemia do coronavírus (Foto: Spencer Platt/Getty Images)

Publicidade

(Bloomberg) — À medida que o mundo se prepara para uma possível segunda onda de infecções pelo coronavírus, o mercado acionário está precificado para uma economia global em expansão, os títulos apontam para uma desaceleração prolongada e a volatilidade cambial está aumentando.

Investidores se sentem cada vez mais desconfortáveis com esses sinais conflitantes entre as classes de ativos, mas também se resignam e ajustam as estratégias de acordo.

Estratégias experimentadas e testadas que direcionavam investidores para a renda variável nos bons tempos e para os títulos na crise começaram a ser desfeitas há uma década, diante da política monetária não convencional. Bancos centrais aumentam a resposta ao vírus e governos prometeram mais de US$ 8 trilhões em estímulo fiscal para combater o impacto a pandemia.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

“É uma mudança brusca nos mercados e, no centro de tudo isso, sem dúvida, estão os esforços do Federal Reserve para reativar a economia”, disse Shyam Devani, estrategista-chefe da SAV Markets, em Cingapura. “Há vislumbres dos investimentos na crise financeira de 2008, mas desta vez, em ações, títulos e moedas, há uma sensação de que as apostas podem ser maiores.”

O índice MSCI mais amplo que acompanha ações internacionais mostra empresas do indicador sendo negociadas em mais de 19 vezes o lucro estimado no próximo ano. Esses níveis não eram vistos desde o estouro da bolha das empresas de Internet em 2002. E o preocupante é que surgem quando milhões pessoas perdem o desemprego, no que as Nações Unidas chamam de crise mais desafiadora desde a Segunda Guerra Mundial.

“O fato de o banco central da moeda mundial de reserva estar comprando tudo, de títulos públicos a dívidas corporativas, está fazendo todos os barcos flutuarem”, disse Devani. “O ponto de inflexão será quando houver clareza suficiente sobre qual é o impacto a longo prazo do vírus.”

Continua depois da publicidade

Excesso de liquidez

Esse ponto não chegou, e alguns investidores de renda variável esperam valuations altos pelo menos até o fim de 2020.

“O dinheiro bombeado por bancos centrais e governos manterá índices de preço/lucro mais altos e teremos que trabalhar com isso”, disse Nader Naeimi, chefe de mercados dinâmicos da AMP Capital, em Sydney. “Índices de preço/lucro se correlacionam com excesso de liquidez.”

Otimistas sugerem que os lucros podem se recuperar para justificar os valuations, mas outros não estão convencidos.

Edward Lim, gestor de ativos da Covenant Capital, rebaixou sua visão das ações para neutra e está na expectativa para mais eventos de cisne negro.

“Encontrar estratégias de hedge para risco de cauda e retornos não correlacionados se tornou ainda mais urgente para nós”, disse Lim, que trabalha em Cingapura.

Invista na carreira mais promissora dos próximos 10 anos: aprenda a trabalhar no mercado financeiro em um curso gratuito do InfoMoney!