Olympikus lança tênis de R$ 1,2 mil: o que isso diz sobre a estratégia e as ações da Vulcabras?

Empresa quer manter o crescimento sem sacrificar as margens

Ana Paula Ribeiro

Crédito: Divulgação

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A fabricante de calçados Vulcabras (VULC3) aposta cada vez mais em produtos de maior valor para manter as margens em patamares elevados e, se possível, crescentes. Essa estratégia permeia as três marcas da empresa, incluindo a Olympikus, tradicionalmente conhecida por ter itens a preços mais populares.

“A empresa está tocando muita coisa, fazendo o lançamento de novos produtos. É esperar que isso continue acontecendo. Recentemente, a Olympikus lançou um novo produto com um preço mais alto, o Corre Supra. Esse desenvolvimento de produtos faz a empresa ganhar mais mercado”, avalia Eric Huang, analista do Santander.

O Corre Supra foi lançado no início de março com um valor final ao consumidor de R$ 1,2 mil. Ele é um tênis da categoria performance para corrida e o mais caro no portfólio da Olympikus. Ainda assim, é um valor inferior aos calçados de tecnologia semelhante (placa de carbono) dos concorrentes internacionais, em que o preço chega a passar de R$ 2 mil.

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A Vulcabras é dona da Olympikus e tem a licença da japonesa Mizuno e da americana Under Armour no Brasil. As duas marcas internacionais, que entraram no portfólio há três anos, contribuíram para a melhora das margens da empresa nos últimos anos ao incorporar itens de ticket maior. Em 2020, a margem bruta era de 29,5% e a margem Ebitda era de 9,5%. Já o ano de 2023 terminou com esses indicadores em, respectivamente, 41,7% e 22,8%.

Na avaliação de Huang, a estratégia da empresa de se desfazer do segmento feminino se mostrou acertada e a expectativa para as ações é positiva, mas com uma valorização mais comedida após fortes ganhos recentes.

O Santander tem uma recomendação outperform (desempenho acima da média, equivalente à compra) para a empresa, com preço alvo de R$ 25, o que representa um potencial de valorização de 35% – no acumulado de 12 meses, a alta do papel é de 67%.

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Dentro da empresa também é esperada a continuidade dos ganhos, em um crescimento do negócio que preserve as margens. De acordo com Pedro Bartelle, presidente da Vulcabras, não será um crescimento a qualquer custo.

“A Vulcabras chegou em 2023 ao seu melhor ano. É difícil dizer que esse é o limite, mas também é difícil dizer que vamos continuar crescendo no mesmo ritmo. Chegamos a patamares financeiros que a gente não quer abrir mão”, diz.

Bartelle reconhece que o valor do Supra destoa do que é usualmente praticado pela Olympikus, mas que é também é um caminho para “democratizar” a alta performance. Os tênis de placa de carbono da Asics, Adidas, Nike e da própria Mizuno custam em torno de R$ 2 mil.

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“A linha Corre já responde por mais de 15% do faturamento da Olympikus. O Supra é um tênis caro. É difícil falar em democratização em um país que não tem poder aquisitivo alto, mas é um tênis importante para nós como fabricantes”, explica.

Distribuição no Brasil

Outro fator que beneficia a empresa na visão de analistas é a distribuição. Com um sistema praticamente 100% verticalizado, a Vulcabras consegue fazer a reposição dos produtos de forma mais rápida, em menos de dois meses, enquanto os pedidos das marcas internacionais levam entre seis a nove meses.


Na prática, isso significa que o varejista pode trabalhar com estoques menores e recompor conforme os produtos vão saindo. Já nos produtos em que a entrega é demorada, é necessário fazer um estoque maior ou ficar desabastecido.

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Bruce Barbosa, sócio-fundador da Nord Research, considera que a distribuição da fabricante ajudou no crescimento das vendas. “A Vulcabras acertou na distribuição da Mizuno. Conseguiram aumentar as vendas e tiveram um bom resultado. É um produto mais premium. A empresa também está acertando na distribuição da Under Armour”, diz.

Essa estratégia de oferecer tickets com produtos mais elevados também é vista como positiva para o papel pelo Bradesco BBI. A justificativa é que esses itens atingem um público que é menos sensível às variações dos cenários macroeconômicos.


“O lançamento do novo produto mostra uma evolução da Vulcabras buscando atingir consumidores de maior renda, cujo consumo é mais resiliente e menos volátil às crises econômicas”, afirmaram, em nota, os analistas do BBI. “Considerando a evolução do market share da empresa e os bons resultados operacionais nos últimos trimestres, reiteramos nosso tom positivo para a Vulcabras.”

Ana Paula Ribeiro

Jornalista colaboradora do InfoMoney