Vulcabras, Alpargatas e Grendene: o que os acordos recentes indicam sobre o setor de calçados na B3

Movimentação é um ganha-ganha em termos de operação e de sinergia, com segmentações bem definidas, para as três companhias

Ricardo Bomfim

Mizuno (Foto: Reuters)

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SÃO PAULO – A Vulcabras (VULC3) anunciou ontem que licenciou por três anos a marca Azaleia para a Grendene (GRND3), movimento que vem dias depois da fabricante dos tênis Olympikus adquirir a Mizuno da Alpargatas (ALPA4) por R$ 32,5 milhões.

Com a combinação das duas operações, a Vulcabras agora foca em tênis esportivos e deixa de lado os negócios de calçados femininos. Para a equipe de análise da Levante Ideias de Investimentos, a troca é positiva, pois a Azaleia trazia um faturamento de R$ 100 milhões anuais para a Vulcabras, enquanto a Mizuno possui uma receita anual de R$ 450 milhões.

Para os analistas da Levante, com esses acordos, as três principais representantes do setor saem ganhando em termos de operação e de sinergia, agora sem a concorrência direta pelo mercado, com segmentações bem definidas. “A Alpargatas poderá focar seus esforços em sua expertise e na expansão internacional da marca Havaianas, seu principal ativo. A Grendene por sua vez, aumenta o foco em calçados voltados ao público feminino, complementando o portfólio de de marcas como Melissa, Ipanema e Grendha”.

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Já a Vulcabras passaria a ter melhor eficiência na operação com o foco em calçados esportivos. Os métodos de fabricação, uso comum de maquinários e insumos similares mostrariam sinergia perfeita entre Olympikus e Mizuno. Além de que a compra da marca permitiria à empresa atingir todas as faixas de renda no segmento, pois Mizuno é um tênis mais premium.

“Enxergamos um impacto levemente positivo no curto prazo para as ações da Vulcabras e Grendene com a operação”, avaliam os analistas da Levante.

Bruce Barbosa, analista da Nord Research, avalia que, a longo prazo, faz muito sentido para a Vulcabras incorporar a Mizuno. “Libera espaço na fábrica e ganha mais mercado em algo em que o know how deles é forte”, diz.

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Barbosa conta que está otimista com as ações da Vulcabras após a operação, uma vez que apesar da forte queda registrada pelos papéis durante a pandemia, o futuro não parece assim tão ruim para a companhia.

“Com a compra da Mizuno ela ganha mais faturamento e expande a penetração, ao mesmo tempo em que se fortalece por conta do dólar mais alto, que reduz a competitividade dos calçados importados.”

O analista da Nord lembra que alguns tênis de concorrentes como a Nike já saíram dos R$ 500 para os R$ 700 nesses tempos de depreciação do real, o que aumenta a competitividade do Olympikus na faixa mais popular e do Mizuno no segmento de calçados ideais para corrida.

“Nosso salário não subiu com o dólar, muito menos o [Produto Interno Bruto] PIB, então muitos consumidores de Nike devem procurar tênis mais baratos”, explica.

Para o futuro, o grande desafio da Vulcabras é conseguir superar o impacto da pandemia de coronavírus, que teve como consequência um desaquecimento no mercado de calçados, potencializado pela falta de foco no e-commerce da empresa.

O lado bom é que Barbosa lembra que dificilmente teremos outro 2020. “A economia vai melhorar em 2021, até porque o espaço para piorar é bem curto”, conclui.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.