Vivo (VIVT3) X TIM (TIMS3): qual tele se sairá melhor no terceiro trimestre?

Analistas projetam avanço no pós-pago e margens em alta para ambas, mas alertam para desaceleração no ritmo de crescimento

Felipe Moreira

Smartphone (Tânia Rêgo/Agência Brasil)
Smartphone (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

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O mercado se prepara para uma sequência de balanços do setor de telecomunicações. Hoje, após o fechamento, é a vez da Telefônica Brasil, dona da Vivo (VIVT3), divulgar seus números. Já a TIM Brasil (TIM3) publicará seu resultado na segunda-feira (3).

De modo geral, a XP antecipa a continuidade da dinâmica operacional positiva para ambas as empresas, com o pós-pago impulsionando o crescimento da receita, compensando o desempenho fraco do pré-pago. A instituição financeira também prevê que ambas as empresas reportem expansão nas margens Ebitda (Ebitda = lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações/receita líquida).

O Bradesco BBI, por sua vez, projeta que os resultados do 3º trimestre de 2025 sejam neutros a ligeiramente negativos para as duas operadoras, refletindo uma leve desaceleração da receita de serviços móveis (MSR) devido à base de comparação mais difícil.

Análise de Ações com Warren Buffett

Já o Itaú BBA espera que a TIM apresente resultados melhores em termos relativos, destacando seu plano de otimização de despesas. A Vivo provavelmente se beneficiará de tendências de crescimento ligeiramente melhores, mas a maior parte da expansão da lucratividade vem da venda de ativos neste momento.

Diante disso, o BBA reconhece que o melhor desempenho da TIM no 3T25, em termos relativos, parece estar parcialmente refletido nos preços das ações, com a TIM superando a Vivo em cerca de 4,2% nos últimos 30 dias. O banco vê a TIM negociando com um rendimento de dividendos de 8,4% e a Vivo com um rendimento de 8,1% para 2026.

Vivo (VIVT3)

A XP projeta um lucro líquido de R$ 1,8 bilhão no trimestre, representando um crescimento de 7% na base anual. Também espera um crescimento anual de 5,9% da receita líquida total. Nos Serviços Móveis (MSR), projeta um crescimento de 5,8% na comparação anual, impulsionado pela estratégia proativa da empresa de migração para planos controle. Nas receitas de Serviços Fixos, a estimativa é de um crescimento de 8,5% ano a ano, apoiado pela expansão do FTTH e dos Serviços de Dados, TIC e Digitais.

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Além disso, a corretora espera um Ebitda de R$ 6,4 bilhões e uma margem EBITDA de 43,2%.

Segundo estimativas do BBI, a Vivo deve reportar alta de 6,2% na receita e crescimento de 8% no Ebitda, com expansão de 0,7 ponto percentual (p.p.) na margem, parcialmente impulsionada pela venda de ativos da concessão. Excluindo esses efeitos, a margem de serviço deve ficar estável. Já a MSR deve subir 5,8%, mas tende a acelerar novamente no 4º trimestre com bases normalizadas.

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O BBA destaca que a Vivo adotou uma estratégia diferente para reajustes de preços em 2025, o que cria uma comparação mais difícil no segundo semestre. Em 2024, metade dos reajustes ocorreu em abril e metade em agosto; já em 2025, dois terços foram aplicados em abril e um terço em agosto. Com isso, o banco espera que o crescimento da MSR desacelere para 6,2%, abaixo dos 7,3% registrados no 2º trimestre.

Segundo o banco, o principal destaque de rentabilidade deve vir das vendas de ativos não essenciais, relacionadas à migração da concessão para autorização, que devem gerar cerca de R$ 184 milhões em receita líquida de custos. Assim, o Ebitda deve atingir R$ 6,492 bilhões, com margem de 43,5%.

O BBA estima ainda um aumento de 4,5% nos arrendamentos, para R$ 1,358 bilhão, e capex de R$ 2,549 bilhões. Apesar do efeito positivo das vendas de ativos, o resultado financeiro mais pesado e a maior alíquota efetiva de imposto devem compensar parte do ganho. O lucro líquido deve subir 6,1% na base anual.

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TIM (TIMS3)

No caso de TIM, a XP prevê que as receitas de serviços móveis cresçam 4,9% na base anual, impulsionadas pela continuidade das migrações para planos de maior valor e crescimento no segmento pós-pago, que espera aumento de 11% base anual.

No pré-pago, analistas esperam a continuação do desempenho fraco, com uma queda de 9,5% ano a ano. Para as receitas fixas, eles projetam que se mantenham praticamente estáveis, dinâmica semelhante aos trimestres anteriores. Para as receitas de produtos, a estimativa é de queda de 4% na comparação anual.

Em termos de rentabilidade, a previsão da XP é de que o EBITDA cresça acima das receitas, atingindo uma margem de 51,3%, com lucro líquido de R$ 1,105 bilhão, um aumento de 37% ano a ano, impulsionado por uma menor alíquota de impostos no trimestre.

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O BBI também prevê crescimento de 4,6% na receita e alta de 6,6% no EBITDA, com margem de 51,4% apoiada por ganhos de eficiência de custos. A MSR deve crescer 5,2%, impactada pela normalização de iniciativas lançadas no 2º semestre de 2024, como o TIM Viagem e projetos de Internet das Coisas (IoT).

No 3º trimestre, o BBA projeta crescimento de 4,8% na MSR, puxado principalmente pelos serviços pós-pagos, com a migração do pré-pago para o controle sendo um fator relevante.

A receita do segmento fixo deve se estabilizar em R$ 330 milhões no trimestre — ainda com crescimento orgânico difícil, mas com expectativa de melhora na taxa de cancelamento (churn).

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A rentabilidade, porém, é o grande destaque do trimestre. A TIM segue comprometida com ganhos de eficiência operacional, especialmente na redução de custos com prestadores de serviço. O BBA projeta expansão de 0,9 ponto percentual na margem EBITDA em relação ao 2º tri, chegando a 51,6%.

Os gastos com arrendamentos devem ficar praticamente estáveis, e o capex (investimentos) deve atingir R$ 1,074 bilhão. Com isso, o fluxo de caixa livre (FCF) deve crescer 1,6% na base anual, totalizando R$ 2,379 bilhões.

Recomendação de compra a neutro

O Bradesco BBI manteve recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para Vivo e TIM, com preços-alvo inalterados em R$37 e R$26, respectivamente, para o fim de 2026. Segundo o banco, as duas continuam sendo ações defensivas dentro da Bolsa brasileira, com yield (rendimento) de fluxo de caixa livre para o acionista (FCFE) estimado em 9,5% para Vivo e 10,4% para TIM em 2026.

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Apesar do bom desempenho recente das ações, o BBI avalia que as empresas já não negociam com prêmio expressivo em relação à taxa real livre de risco do Brasil, atualmente próxima de 7,5%. Ainda assim, o banco segue otimista com o setor, destacando fundamentos sólidos, disciplina de preços e crescimento do pós-pago.

Considerando as comparações de crescimento mais difíceis para o 2º semestre de 2025, o BBA acredita que haverá melhores pontos de entrada para ambas as empresas no futuro. Portanto, manteve recomendação neutra para Vivo e TIM, com preço-alvo de R$ 35,50 e R$ 24, nesta ordem.

Já a XP manteve recomendação de compra para ações da Vivo, com preço-alvo de R$ 36. A recomendação para TIM segue neutra, com preço-alvo de R$ 21.