Vivemos um “bull market com volatilidade”, diz gestor João Braga

Ele e os gestores da Constellation e da Vinland discutiram perspectivas para a economia e o mercado financeiro passados os 100 primeiros dias do governo Bolsonaro

Giuliana Napolitano

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NOVA YORK – Três importantes gestores de fundos brasileiros se reuniram na última quarta-feira em Nova York para falar sobre os primeiros 100 dias do governo – e as perspectivas para os próximos anos, na economia e nos investimentos.

De forma geral, André Laport, da Vinland, Florian Bartunek, da Constellation, e João Braga, da XP Asset, estão otimistas, mas dizem que é preciso se preparar para mais volatilidade nos mercados.

“A base para o otimismo é a expectativa de crescimento de lucro das empresas”, diz Bartunek. Para ele, os lucros das companhias abertas devem aumentar, em média, 18% neste ano e 20% em 2020. “As empresas tiveram de ficar mais eficientes para enfrentar a crise”, acrescentou, durante uma palestra na XP Investments Conference Brazil: First 100 Days, realizada em Nova York.

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Na opinião de Braga, estamos vivendo um “bull market com volatilidade”. “Tentamos fazer parte da minoria. Quando os mercados caem, tentamos levar vantagem e comprar. Quando há euforia, vendemos um pouco”, disse ele. “Um bom hedge no Brasil é comprar barato”.

A melhor maneira de operar num mercado volátil, de acordo com Bartunek, é “saber exatamente qual é seu mandato” e “por que está comprando ou vendendo”. Nesse sentido, diz ele, é bom estar em outro país e ficar distante do noticiário do dia a dia. “O investidor estrangeiro leva vantagem: é mais fácil ter uma visão de longo prazo quando é possível se blindar dos ruídos”, afirmou.

Na visão de Laport, o Brasil está numa posição favorável quando comparado a outros mercados emergentes, mas a bolsa local não está tão barata. “Para atrair investimentos, o país precisa fazer a lição de casa.”

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Estatais e tecnologia

Os gestores têm uma expectativa razoavelmente parecida para o futuro do país, mas suas grandes apostas na bolsa são diferentes. Braga está investindo em ações de empresas estatais, porque acredita que a gestão dessas companhias vai melhorar, o que aumentaria seu valor.

Já Florian acredita no potencial de empresas de tecnologia, voltadas para inovação. “São companhias mais complexas de serem avaliadas, porque os valuations são elevados, mas acreditamos que aí está uma chance de gerar retornos acima da média”, afirmou.

Em relação aos 100 primeiros dias do governo de Jair Bolsonaro, Florian disse estar despontado com os rumos da educação e da política externa. Mas está otimista com a condução da economia.

Laport lembrou que houve acontecimentos significativos nesse início de governo, como os leilões de aeroportos. O próximo evento relevante, disse ele, deve ser a reforma da previdência. Braga afirmou que não houve surpresas no começo do mandato. “Agora esperamos que a reforma da previdência seja aprovada para que o governo possa tocar outras medidas importantes, como a reforma tributária.”

A conferência da XP continuará hoje. Estão previstas as palestras de Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, Romeu Zema, governador de Minas Gerais, e Benjamin Steinbruch, CEO da CSN.

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Giuliana Napolitano

Editora-chefe do InfoMoney, escreve e edita matérias sobre finanças e negócios. É co-autora do livro Fora da Curva, que reúne as histórias de alguns dos principais investidores do país.