Visa libera uso de stablecoins para liquidar transações de bancos nos EUA

Bancos poderão liquidar transações com o USDC da Circle, na rede Solana

Bloomberg

Logo da Circle
31/3/2023 REUTERS/Dado Ruvic/Ilustração/Arquivo
Logo da Circle 31/3/2023 REUTERS/Dado Ruvic/Ilustração/Arquivo

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A Visa está abrindo sua rede nos Estados Unidos para liquidação com stablecoins, ampliando produtos e serviços ligados a criptoativos, impulsionados pelo ambiente regulatório mais flexível sob o segundo governo Trump.

A gigante global de pagamentos informou na terça-feira (16) que permitirá que instituições americanas liquidem transações usando o token USDC, da Circle, na blockchain Solana (SOL). Cross River Bank e Lead Bank estão entre os primeiros a utilizar o serviço. A Visa, parceira de design da blockchain Arc, da Circle, também dará suporte a essa rede quando for lançada.

A Visa já havia testado a liquidação com stablecoins no exterior, mas esta é a primeira implementação completa no sistema bancário dos EUA. Em julho, o presidente Donald Trump sancionou um marco regulatório federal para stablecoins, oferecendo a clareza necessária para serviços domésticos que utilizam criptomoedas atreladas a moedas fiduciárias, vistas como uma forma de viabilizar pagamentos internacionais mais rápidos e baratos.

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“Há uma nova onda de demanda vindo desses clientes fintech e cripto que atendem a novos casos de uso, e, para nós, essa demanda é muito grande”, disse Luca Cosentino, vice-presidente sênior de produtos do Cross River Bank, em entrevista.

Empresas de fintech e cripto têm recorrido cada vez mais a cartões de pagamento vinculados a stablecoins para permitir que usuários gastem seus saldos nesses ativos. Os comerciantes, em geral, recebem os valores na moeda local.

Segundo Cosentino, a possibilidade de liquidar transações com cartões em stablecoins pode ajudar bancos a conquistar novos negócios de clientes emergentes. No longo prazo, acrescentou, as stablecoins se tornarão uma infraestrutura crítica, tornando-se uma “capacidade óbvia” que será cada vez mais adotada.

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Stablecoins são criptomoedas projetadas para manter valor constante e, como o USDC, geralmente são lastreadas na proporção de um para um por ativos denominados em dólar, como títulos do Tesouro dos EUA.

A Visa agora disputa com seus principais concorrentes o suporte a uma tecnologia que pode ser disruptiva para seu papel como intermediária de pagamentos. As stablecoins podem ser usadas em mais de US$ 50 trilhões em fluxos anuais de pagamentos até 2030, estima Diksha Gera, analista da Bloomberg Intelligence.

A Mastercard Inc. anunciou em abril que permitirá que comerciantes recebam pagamentos em stablecoins. Em outubro, a revista Fortune informou que a Mastercard está em negociações avançadas para adquirir a empresa de infraestrutura cripto Zero Hash.

Instituições financeiras tradicionais passaram a falar de forma mais aberta sobre seus planos com stablecoins neste ano, à medida que o governo Trump reduziu a regulação e adotou uma postura mais favorável à indústria de ativos digitais.

“Isso toca o núcleo do nosso negócio, que é liquidar dinheiro na rede da Visa”, disse Rubail Birwadker, chefe global de crescimento da Visa, em entrevista. “Agora podemos expandir isso para os EUA porque os bancos têm sinal verde para usar dólares digitais totalmente lastreados e fluxos de liquidação regulados.”

No início deste ano, a Visa firmou parceria com a Bridge, da Stripe Inc., em uma plataforma para ajudar fintechs a lançar rapidamente seus próprios programas de cartões vinculados a stablecoins em vários países ao mesmo tempo, começando pela América Latina. A demanda por stablecoins tende a se concentrar em mercados com moedas locais voláteis.

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Parte da proposta de valor das stablecoins é a liquidação mais rápida, que pode levar até três dias úteis na rede da Visa quando se utilizam trilhos de pagamento tradicionais. As blockchains permitem liquidação quase instantânea, sete dias por semana.

Em 30 de novembro, o volume anualizado de liquidações com stablecoins da Visa superava US$ 3,5 bilhões, um negócio em rápido crescimento, mas ainda pequeno em comparação aos US$ 17 trilhões processados pela rede da empresa no ano passado.

A Visa está se posicionando como parceira preferencial para as necessidades de stablecoins de empresas financeiras. Nesta semana, lançou uma prática global de consultoria em stablecoins para diferentes tipos de negócios, incluindo bancos, fintechs e comerciantes. A empresa também tem promovido sua plataforma de ativos tokenizados para ajudar instituições financeiras a emitir seus próprios tokens lastreados em moedas fiduciárias.

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