Verde: Fed deve fazer mudanças estruturais em sua estratégia – e isso pode ser bom para o Brasil

Segundo a Verde, comandada pelo famoso Luis Stuhlberger, uma mudança de estratégia do Fed deve ocorrer e os impactos nos preços dos ativos serão vistos nos próximos anos

Rodrigo Tolotti

Publicidade

SÃO PAULO – A Verde Asset, comandada pelo famoso Luis Stuhlberger, teve um pequeno ganho de 0,09%, contra alta de 0,49% do CDI, em fevereiro, por conta de suas estratégias globais, especialmente na posição de ações, e na recém-implementada posição comprada em Libra Esterlina, avalia a equipe em relatório de estratégia sobre o mês passado.

No documento, os gestores afirmam que “o fim de 2018 passou por forte aperto das condições financeiras no mundo, e isso gerou uma reação dos bancos centrais, especialmente o Federal Reserve”.

Os economistas da Verde Thomas Wu e Daniel Leichsenring explicam que a visão convencional neste momento é que o Fed está apenas reagindo à queda dos mercados, e em menor medida à desaceleração econômica, ou seja, seria apenas uma mudança cíclica de postura. “No entanto, vemos uma mudança estrutural mais profunda sendo discutida”, afirmam.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Segundo eles, uma mudança de estratégia do Fed deve ocorrer e os impactos nos preços dos ativos serão vistos nos próximos anos. Isso porque é uma mudança sutil, mas que tem profundas consequências e de longa duração. No novo cenário, deveremos ver taxas de juro reais em dólar estruturalmente mais baixas, e portanto, taxas de desconto reduzidas para todas as classes de ativos.

“Isso é positivo para quaisquer ativos onde o crescimento esperado é maior ou está mais longe no futuro, caso típico dos mercados emergentes como o Brasil”, explicam. “Além disso, reduz pressão sobre os bancos centrais de tais países, que não precisam subir juros imediatamente à medida que o crescimento acelera”, completam os economistas.

Com isso, o dólar também deverá se desvalorizar ao longo do tempo, ficando apenas a questão de contra quais moedas esta queda deve se concretizar.

Continua depois da publicidade

Essa mudança de estratégia do banco central norte-americano se dá porque ele enfrenta o desafio de como convencer o mercado e os agentes econômicos a manterem suas expectativas inflacionárias ancoradas ao redor de 2%, mesmo durante uma recessão.

A Verde aponta duas propostas que já estão sendo discutidas pelo Fed que, basicamente, mudam a forma como a autoridade projeta sua meta de inflação. Na que eles acreditam que vá ser adotada, chamada de AIT (Average Inflation Targeting), em vez de se olhar para a inflação como está hoje, seria avaliado este indicador em um período específico, como 10 anos por exemplo.

Para se ter uma ideia, no cenário atual, o dado de inflação medido pelo PCE Core fechou 2018 em 1,94%, ou seja, praticamente na meta de 2%. Mas na reinterpretação considerando a média de um período maior, o Fed ainda estaria aquém de seu objetivo de inflação. As médias da inflação do PCE Core para os últimos 5 ou 10 anos estão ambas em 1,6%.

Quer investir melhor o seu dinheiro? Clique aqui e abra a sua conta na XP Investimentos

Caso toda essa mudança se concretize, haverá um forte efeito sobre a curva de juros, com a expectativa de inflação nos títulos indexados à inflação subindo, reduzindo o juro real.

É neste cenário que a Verde acredita que 2019 será um ano de definições, em que o Fed irá estudar sua estratégia futura não só sobre meta de inflação e juros, mas também sobre o tamanho e composição do balanço, o que poderá garantir uma política monetária efetiva em episódios de recessão no futuro. É bom o investidor se preparar porque o banco central europeu deve trazer grandes novidades este ano.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.