Venda bilionária de ações da Suzano pelo BNDES: pressão no curto prazo, mas cenário positivo à frente para ativos

Definição de preço por ação em oferta do BNDESPar por papéis da Suzano acontece nesta quinta-feira

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A precificação para a oferta pública dos ativos da Suzano (SUZB3) ocorre nesta quinta-feira (1), representando mais um passo para o desinvestimento em ações pela BNDESPar.

O braço de investimentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) venderá todas as ações que tem na companhia de papel e celulose.

De acordo com o fato relevante do último dia 18 de setembro, a oferta consiste de 150.217.425 ações, equivalente a 11% do capital da empresa. As ações começarão a ser negociadas no dia 5 de outubro.

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A valorização dos ativos no ano, com alta de 16% enquanto o Ibovespa cai 18%, foi um dos motivos para que o banco de fomento fizesse os seus desinvestimentos pela companhia neste momento.

Contudo, desde o anúncio da oferta, no dia 18, os papéis tiveram uma baixa de 9%, passando de R$ 50,05 para R$ 45,55, enquanto o Ibovespa teve baixa de 3,75% em igual período. Com tamanho montante de ações prestes a ser colocado no mercado, é natural que haja um movimento de pressão sobre os ativos, com o mercado puxando o preço para baixo para, quando chegar a data de precificação, os ativos estarem em um valor menor, além de haver a expectativa por uma grande entrada de ações no mercado.

Levando em consideração o fechamento da véspera, o banco captaria R$ 6,84 bilhões no mercado. Cabe ressaltar que, diferentemente do caso de Vale (VALE3) e AES Tietê (TIET11), o BNDES optou por fazer a venda dos papéis da Suzano no mesmo modelo de venda de ações da Petrobras em fevereiro (veja mais clicando aqui), segundo destacou o Valor. A oferta deve ocorrer através da instrução CVM 400 para os emissores com grande exposição ao mercado — EGEM.

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Para a venda das ações da Vale, a opção foi se desfazer dos papéis através de um bloco de ações, numa transação mais rápida e viabilizada pela liquidez da companhia. Já no caso da AES Tietê, o banco fez um processo competitivo de venda. Duas ofertas foram colocadas na mesa, de venda para a AES Corp ou apoiando a fusão com a Eneva (ENEV3). Na disputa, a AES Corp saiu vencedora, enquanto o BNDES levantou R$ 1,27 bilhão.

Conforme apontaram os analistas da Levante Ideias de Investimentos no dia da divulgação da oferta, embora o BNDESPar não seja controlador da Suzano e os recursos da oferta não entrem no caixa da empresa, a venda das ações é positiva para a companhia por três motivos.

São eles: i) redução da representação estatal no seu capital social e ii) aumento da pulverização da base acionária e a parcela de ações em livre negociação (free float) e iii) possível aumento da liquidez das ações.

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Cabe ressaltar ainda que, no último dia 25, o Credit Suisse elevou o preço-alvo das ações da Suzano de R$ 54,50 para R$ 65, reiterando recomendação de compra e destacando que a companhia deve aproveitar a recuperação das cotações dos preços de celulose, que deve ocorrer neste quarto trimestre. O preço-alvo corresponde a um potencial de valorização de 43% frente o fechamento da véspera.

Ou seja, a visão é positiva para as operações da empresa. Para os analistas, a recuperação dos preços da celulose virá por conta do aumento da concentração de paradas de manutenção das fábricas de papel vista no segundo semestre, demanda e dos preços para papel de escrita mais alta e sazonalidade do quarto trimestre, com início do novo ano letivo no hemisfério norte e a diferença de preços entre a fibra curta e longa. Sobre este último ponto, a diferença deve se acentuar e incentivar a substituição de uma pela outra, beneficiando a Suzano.

Na mesma linha, de acordo com dados da Refinitiv, 8 casas de análises recomendam compra para os ativos da Suzano, 2 recomendam manutenção e apenas 1 recomenda venda.

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A Levante ainda destaca que a notícia é positiva para o BNDES. “Avaliamos ainda como positiva as ofertas de ações que o BNDES vem realizando ao longo deste ano, reduzindo ou até mesmo de desfazendo integralmente das suas participações nas companhias brasileiras de capital aberto. Este movimento aumenta a transparência do ambiente de negócios brasileiro e dá indícios de uma política industrial mais igualitária/horizontal”, apontaram os analistas em nota.

Eles reforçam que a venda das ações pode ser uma fonte de recursos interessante para o caixa da União, posto que o BNDES pode distribuir seus lucros em forma de dividendos. “Esta prerrogativa é bastante interessante, em especial no momento atual de turbulência nas contas públicas e a ameaça de um deslize fiscal voltar à tona”, complementam. O BNDES acumula, na gestão de Gustavo Montezano, vendas na casa de R$ 35 bilhões.

Além de Suzano, outras ações estão no radar do banco de fomento para serem vendidas, caso de Klabin (KLBN11) e JBS (JBSS3), mas ainda sem definições sobre as operações. De acordo com dados de 30 de junho, o BNDES possui uma participação de cerca de 21,32% no capital da companhia, ou 936 milhões de ativos JBSS3, correspondente a um valor de mercado de R$ 19,05 bilhões aos valores atuais. Contudo, com a recente baixa do mercado acionário brasileiro, a expectativa entre os investidores é que o processo de novas vendas possa ser adiado.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.