Vamos (VAMO3) tem lucro líquido de R$ 195,5 milhões no 4º tri, queda anual de 23%

"Vai ser um ano muito forte para a gente", afirmou CEO da companhia sobre locação e recuperação de concessionárias em 2024

Camille Bocanegra

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A locadora Vamos (VAMO3) apresentou lucro líquido consolidado de R$ 195,5 milhões no balanço do quarto trimestre de 2023, divulgado na noite desta segunda-feira, 18. A cifra representa queda de 23,1% em relação ao apresentado no mesmo período de 2022. No ano, o lucro da companhia foi de R$ 587 milhões, o que representa mais do triplo de lucro desde 2020 (antes do IPO).

O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) ficou em R$ 661 milhões no 4T23, alta de 16,6% em relação ao 4T22. Já o Ebitda do ano de 2023 cresceu 38% na comparação anual, em R$ 2,668 bilhões, abaixo da projeção do consenso LSEG, que estimava o dado em R$ 2,8 bilhões. O lucro operacional atingiu R$ 2,084 bilhões no ano, com alta de 29,3% em relação à 2022.

A receita líquida consolidada ficou em R$ 1,453 bilhão no quarto trimestre, com crescimento de 4,4% na comparação com o mesmo período de 2022. No ano, a receita líquida da companhia somou R$ 6,08 bilhões, alta de 23,9% na comparação com 2022.

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Foco em locação

De acordo com o CEO, Gustavo Couto, os dados do trimestre, em especial na divisão de locação, demonstram a preparação da companhia para uma entrada forte em 2024.. “Foi um trimestre que a gente preparou o pipeline da locação, então a gente fechou o ano com um crescimento que eu acho que foi impressionante (66% no Ebitda da frente de locação). Esse é nosso principal negócio, que representa 97% do Ebitda da companhia”, ressalta Couto, que se diz confiante sobre o ano.

A receita líquida do segmento de locação ficou em R$ 881,3 milhões no 4T23, alta de 38% em relação ao mesmo período de 2022. Já o Ebitda totalizou R$ 687,1 milhões, crescimento de 44,0% em relação ao 4T22. Em 2023, o Ebitda chegou a R$ 2,547 bilhões, aumento de 66,5% na comparação com 2022. A empresa realizou expansão da frota para aproximadamente 42 mil ativos, 91,24% da frota total.

Para o executivo, a frente direcionará o crescimento, geração de caixa e rentabilidade para acionistas. A expectativa da administração é que, em 2024, seja mantido o ritmo de crescimento e que o negócio de locação ganhe ainda mais espaço dentro da operação da Vamos. “Quem faz a conta e paga imposto, cedo ou tarde vai ser cliente da Vamos. Eu ainda não perdi essa aposta para ninguém”, afirma o executivo.

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Mais uma vez, o negócio de locação se sobrepôs aos números apresentados na frente de concessionárias. As vendas permaneceram em patamar abaixo do esperado nas concessionárias agrícolas, com receita líquida de R$ 484,3 milhões no trimestre e R$ 2,5 bilhões no agregado do ano.

“O agro não para mas, esse ano, teve que parar para pegar fôlego de novo, na minha opinião. Foi uma tempestade perfeita do agro”, comenta o CEO. Dentre os elementos que compuseram a chamada “combinação perversa para o agricultor”, na opinião do executivo, estão a queda do preço das commodities, taxa de juros mais altas ao longo do ano inteiro, restrição de crédito e período de seca, em especial no centro-oeste.

A expectativa da Vamos, no entanto, é que a frente, em 2024, apresente números melhores e a companhia aposta em uma virada. Conforme indica o executivo, os primeiros meses deste ano já apontam para ritmo de recuperação (ainda não comparável ao visto em 2022, considerado um dos melhores anos para o setor).

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Para impulsionar o segmento de concessionárias, a companhia aposta em redução de custos e de volume de compras para normalização de estoques. O executivo afirma que, a partir de abril, pode ser possível observar melhores números. Conforme explica, os trimestres mais fortes para a companhia são o segundo e terceiro (em razão da sazonalidade do agronegócio).

Em relação ao endividamento, a companhia apresentou alavancagem de 3,3 vezes a relação entre dívida líquida sobre o EBITDA, o que é um patamar visto como “saudável” para o modelo de negócio apresentado. O padrão ideal para a Vamos, segundo Couto, é entre 3x e 3,3x, sendo que o ápice atingido pela companhia nos últimos anos foi de 3,6x em razão de compra de produtos Euro 5.

“Depois do negócio da Petrópolis, que está sendo feito agora nesse trimestre, a gente também já tem um cenário de muita geração de caixa, de crescimento acelerado do EBITDA, e isso vai trazer também uma desalavancagem. O patamar saudável ali é alguma coisa entre 3 e 3.3, que é um número que a gente gosta de trabalhar, e isso permite que a gente faça investimentos estratégicos quando houver oportunidade”, afirma o CEO.

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A Vamos foi citada em análises como possível beneficiária do programa “Nova Indústria Brasil“, que prevê a disponibilização de R$ 300 bilhões através do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Apesar de entender que, como maiores compradores de caminhões e máquinas no país, naturalmente haveria um benefício, o CEO não considera que seria determinante para a companhia por já contar com bom acesso à linhas de crédito.