Vale (VALE3) tem produção acima do esperado e está a caminho de entregar seu guidance de produção para 2023

Mineradora apresentou melhorias de volumes/qualidade do minério de ferro e preços realizados acima do esperado sustentando desempenho operacional positivo

Felipe Moreira

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A mineradora Vale (VALE3) divulgou na noite da última terça-feira (18) que sua produção de finos de minério de ferro atingiu 78,7 milhões de toneladas métricas (Mt) no segundo trimestre de 2023 (2T23), o que representa uma alta de 6,3% na comparação anual e de 17,9% em relação ao 1º trimestre de 2022.

A XP Investimentos que o relatório apresentou melhorias de volumes/qualidade do minério de ferro e preços realizados acima do esperado sustentando um desempenho operacional positivo no trimestre.

O time análise da XP também destaca: “(i) produção de minério de ferro em alta de cerca de 6% na base anual, impulsionada por S11D e Itabira, embora problemas de licenciamento continuem impedindo melhorias na Serra Norte; (ii) embarques de minério de ferro +1% na base anual, com expectativa de redução de estoques no 3T23 para impulsionar melhores entregas no segundo semestre de 2023; e (iii) preços realizados de US$ 99 por tonelada, com menores diferenças versus preços de referência do minério de pureza de 62% no 2T23 (-11% vs. -18% no 2T22)”.

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Com relação ao guidance, a XP acredita as projeções de produção da mineradora para 2023 são altamente alcançáveis com base nos números da véspera.

Em termos de produção, o desempenho da mineradora ficou 4% acima do consenso de 75,9 milhões de toneladas e 3% acima dos 76,7 Mt previstos pelo Morgan Stanley. De acordo com o banco americano, a melhoria foi impulsionada por um desempenho recorde para um segundo trimestre no S11D e um desempenho sólido nos complexos de Itabira e Vargem Grande.

Já vendas de minério de ferro e pelotas aumentaram, ainda que ficando 1% abaixo das projeções do Morgan. “O Terminal de Ponta da Madeira teve melhor produtividade durante o 2T23, depois que as restrições de carregamento devido às fortes chuvas impactaram negativamente os embarques e vendas do 1T23”, diz o Morgan Stanley.

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O Goldman Sachs, por sua vez, ressalta que a qualidade média do minério de ferro melhorou ligeiramente para 62,3% em comparação com os baixos 61,6% no 1º trimestre de 2023, resultando em um prêmio de preço realizado de US$ 0,6 por tonelada em relação ao preço de referência (em comparação com uma média histórica de prêmio de US$ 3,3 por tonelada).

Enquanto isso, as vendas de cobre decepcionaram em termos de produção, preços realizados e vendas, mas o níquel foi um destaque positivo. O Goldman Sachs ainda disse que ficou surpreso ao ver as vendas de produtos ferrosos ficarem abaixo da produção mais uma vez (após uma reposição de estoques de 11 milhões de toneladas no 1º trimestre de 2023).

O JPMorgan também avalia o relatório de produção e vendas da Vale como positivo, pois o trimestre foi marcado por uma recuperação nos volumes de vendas em todos os negócios após um 1º trimestre fraco.

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As vendas de níquel ficaram estáveis em 40,3 mil toneladas, em linha com a estimativa do JPMorgan. O cobre também apresentou uma sólida recuperação nos volumes (aumento de 17,7% em relação ao trimestre anterior e 43,3% em relação ao ano anterior). A produção de minério de ferro também foi robusta, com todos os sistemas mostrando melhorias. O cobre também continuou a se recuperar, impulsionado principalmente pelas operações brasileiras, e o níquel foi afetado pela manutenção programada.

No geral, o Credit Suisse avalia os números relatados como sólidos, com a maioria das métricas superando suas estimativas em um dígito. “No entanto, isso já era esperado pelo mercado, pois os dados da SECEX já apontavam para maiores volumes do Sistema Norte e a melhora sequencial nos volumes totais pode ser explicada principalmente pela melhor sazonalidade”, comenta o banco, em relatório.

Na opinião do Credit, o movimento de mercado mais relevante para a Vale no curto prazo deve ser seu custo caixa C1 (custo de produção dos finos de minério de ferro da mina ao porto) para o trimestre. A equipe de research do banco espera que o custo caixa C1 (ex-terceiros) permaneça pressionado acima de US$ 23,0 por tonelada no 2T23, o que pode levar a empresa a revisar sua orientação anual de US$ 20-21/t.

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O Bradesco BBI também classificou números operacionais da Vale como sólidos em todas as frentes, com produção de minério de ferro superando suas projeções em 2%.

Na frente de realização de preços, os prêmios realizados de minério de ferro se recuperaram sequencialmente para US$ 4,50 por tonelada, “devido a um melhor mix de produtos (maior participação de produtos e pelotas do Sistema Norte)”, explica o BBI. “A Vale está agora a caminho de entregar sua produção de minério de ferro de 310-320 milhões de toneladas para 2023 (prevemos 315 milhões de toneladas)”.

Em metais básicos, segundo o BBI, a produção de cobre se recuperou sequencialmente devido ao ramp up de Salobo III e melhor desempenho em Sossego, enquanto em níquel, a produção sequencial mais fraca foi explicada principalmente pela manutenção programada na refinaria de Long Harbour.

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Com relação a avaliação, analistas do BBI consideram a avaliação da mineradora como atrativa em 4,1 vezes o EV/Ebitda valor de mercado mais a dívida líquida/lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) para 2024, um amplo desconto de 30% para os pares australianos e contra 5,5 vezes que avaliam como justo.

O Bradesco BBI reiteram avaliação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para ADRs (recibos de ações negociados nos EUA) da Vale, com preço-alvo de US$ 18, pois continua tendo bons fundamentos do mercado de minério de ferro nos próximos meses, exacerbados pelos baixos estoques de minério de ferro (principalmente estoques mantidos por siderúrgicas), o que deve manter os preços do minério de ferro em níveis elevados.

O Credit suisse e o Morgan Stanley também mantêm classificação equivalente à compra para Vale, com preço-alvo de, respectivamente, US$ 18 e US$ 17 para os ADRs.

Já o Goldman Sachs mantém recomendação neutra para Vale, uma vez que vê a ação precificando o minério de ferro a US$ 100 a tonelada em comparação com sua previsão de US$ 90 a tonelada para o segundo semestre de 2023 até 2024.

Vale lembrar que os resultados da mineradora estão previstos para serem publicados no dia 27 de julho de 2023, após o fechamento do mercado.