Vale (VALE3) tem forte dado de produção e mostra rumo para ano forte; ação sobe 1,8%

Vale tem produção de minério de ferro em maior nível desde 2018 no 3T25

Felipe Moreira

Ativos mencionados na matéria

Logotipo da mina Brucutu, propriedade da mineradora brasileira Vale, em São Gonçalo do Rio Abaixo - 04/02/2019 (Foto:  REUTERS/Washington Alves)
Logotipo da mina Brucutu, propriedade da mineradora brasileira Vale, em São Gonçalo do Rio Abaixo - 04/02/2019 (Foto: REUTERS/Washington Alves)

Publicidade

A mineradora Vale (VALE3) reportou produção de 94 milhões de toneladas (Mt) de minério de ferro no 3º trimestre de 2025, o maior volume desde 2018, superando em 5% o consenso de mercado. As vendas ficaram em linha, refletindo um acúmulo de estoques de 4,5 milhões de toneladas, movimento sazonal após o forte aumento sequencial da produção. Os ativos VALE3 fecharam em alta de 1,78%, a R$ 61,88, também com o avanço dos preços do minério de ferro na sessão.

O Bradesco BBI classificou os resultados operacionais como sólidos, impulsionados pela produção recorde em S11D e pelo ramp-up contínuo de projetos-chave. Apesar dos desafios em Serra Norte, o desempenho geral sustenta a estimativa do BBI de EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de US$ 4,2 bilhões, com divulgação prevista para 30 de outubro.

A XP Investimentos vê os números sólidos como um reforço à flexibilidade do portfólio da Vale, com prêmios mais elevados refletindo a mudança estratégica da empresa para aumentar a produção de produtos de baixa alumina, incluindo BRBF, minério de teor médio de Carajás e IOCJ, o que contribuiu para a alta nos prêmios do minério de ferro.

Não perca a oportunidade!

Embora a mineradora deva se beneficiar de um ambiente de preços mais favorável, a XP espera que a flexibilidade do portfólio ajude a companhia a navegar por diferentes condições de mercado, ajustando a composição de seus produtos, como teor de sílica e alumina, para atender à demanda, e que melhorias contínuas nas operações de cobre permitam capitalizar o aumento dos preços de referência.

Para a Ativa Investimentos, os números comprovaram o acerto na estratégia da Vale, uma vez que a mineradora apresentou volumes de embarque e preços realizados de minério de ferro acima do esperado, o que deve se traduzir em um ajuste positivo nas estimativas de receita líquida, EBITDA e lucro líquido do trimestre.

Na mesma direção, o Goldman Sachs avalia que a estratégia comercial e produtiva altamente adaptável da mineradora, com destaque para o aumento do fornecimento de pellet feed para a China e o crescimento das vendas de BRFB (Brazil Feeder Blend) em detrimento das de IOCJ (Iron Ore Carajás Juína), refletiu uma maior demanda por minérios de teor médio/padrão, em um cenário de prêmios de qualidade mais fracos.

Continua depois da publicidade

Como resultado, os prêmios consolidados (incluindo pelotas) subiram US$ 1 por tonelada trimestre contra trimestre, apesar da queda nos prêmios de pelotas e da estabilidade no teor de ferro.

O JPMorgan considera os números de produção sólidos, à medida que a Vale continua construindo um novo histórico de consistência operacional, o que é positivo. Segundo o banco, a consistência nos números vem ganhando força e evidencia que a equipe de gestão da Vale tem maior controle sobre as operações, algo que os investidores valorizam.

Já BBA destaca que o prêmio de finos melhorou significativamente, retornando a território positivo, o que evidencia a estratégia de mercado bem-sucedida da Vale de otimizar seu mix de vendas e reduzir a disponibilidade de produtos de baixa qualidade, diminuindo assim o desconto de mercado aplicado a esses produtos.

Metais básicos

Em metais básicos, tanto o cobre quanto o níquel registraram um trimestre positivo em vendas, com volumes subindo 19,7% e 5,4% ano a ano, respectivamente. Os preços realizados do cobre também aumentaram 7,0% ano a ano, ficando 5,1% acima da estimativa do JPMorgan. De maneira geral, o banco espera uma reação positiva do mercado aos números reportados.

O Goldman Sachs destaca que a produção foi forte em níquel, cerca de 16% acima das suas estimativas, impulsionada pelo reestruturação da produção da mina subterrânea de Voisey’s Bay — e ficou em linha para cobre.

No caminho certo para atingir topo do guidance

A Vale parece no caminho para atingir as metas de produção de 2025, tanto para minério de ferro quanto para metais básicos, na visão da XP Investimentos.

Continua depois da publicidade

O Goldman Sachs também acredita que a Vale está no caminho para atingir o topo da faixa de sua meta de produção de minério de ferro, o topo do guidance para níquel e o meio da faixa para cobre. O Goldman espera reação positiva do mercado.

Na mesma linha que XP e Goldman, o JPMorgan também acredita que a empresa provavelmente atingirá o topo de todas as suas metas de produção para o ano.

Revisões nas estimativas

O Goldman Sachs ajustou seu modelo para refletir os preços de mercado e elevou em 9% a estimativa de EBITDA do 3T25, para US$ 4,1 bilhões, sustentado pelo forte desempenho de produção e vendas, maiores preços realizados de minério de ferro e vendas mais fortes de cobre e níquel.

Continua depois da publicidade

A Genial Investimentos, por sua vez, comenta que os números operacionais vieram, em sua maioria, levemente acima das suas estimativas contribuindo para um incremento de EBITDA Proforma para US$ 4,3 bilhões.

Otimismo com Vale

A equipe do Goldman comenta que o sentimento em relação à Vale está entre os mais fortes dos últimos anos. “O otimismo decorre principalmente da comparação com outras commodities (o minério de ferro ficou para trás frente à alta do cobre e do ouro) e com pares do setor (melhor avaliação e história mais limpa de alocação de capital em relação às grandes diversificadas)”, explicam analistas.

“Embora os investidores não estejam exatamente otimistas com o minério de ferro, há uma percepção de que os preços podem permanecer resilientes no curto prazo, o que, junto à performance relativa mais fraca frente a cobre e ouro, pode incentivar alguma exposição às ações ligadas ao minério”, completam.

Continua depois da publicidade

O Goldma ainda pontua que entre as grandes mineradoras, a Vale negocia com yield de fluxo de caixa livre (FCFy) mais atraente que Rio Tinto e BHP, com estratégia de capital mais disciplinada, baixo risco de aquisições e melhora operacional.

Recomendações

O Bradesco BBI reiterou recomendação de compra para Vale e preço-alvo de US$ 13 por ADR, com perspectiva de continuidade no momento positivo de resultados, apoiado por preços firmes de minério de ferro, maturação de projetos e disciplina de custos. A ação negocia a 3,5 vezes o múltiplo Valor da Firma (EV)/EBITDA para 2026, abaixo da média histórica e de seus pares australianos.

O Goldman Sachs e JPMorgan mantiveram recomendação de compra e preço-alvo de US$ 14,0 por ADR. O BBA também reiterou classificação de compra e preço-alvo de US$ 13 por ADR.

Continua depois da publicidade

A Genial manteve recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 70.