Vale (VALE3) supera metas em 2023 com produção de minério sólida, mas ação cai

Para o JPMorgan, o destaque para o trimestre continua sendo a recuperação nas cifras de vendas após um primeiro semestre difícil

Felipe Moreira

Produção de Minério de Ferro, Mineração Vale (Sistema Norte), Estado de Minas Gerais, Brasil (Foto: Giles Barnard/Construction Photography/Avalon/Getty Images)

Publicidade

A Vale (VALE3) divulgou na última segunda-feira (29) sua produção do quarto trimestre de 2023. A mineradora produziu 89,4 milhões de toneladas (Mt) métricas de minério de ferro no quarto trimestre de 2023 (4T23), o que representa um avanço de 11% na base anual, números considerados no geral sólidos para minério de ferro e metais básicos. Apesar dos dados positivos, as ações caíam cerca de 1% durante a manhã desta terça (30), muito por conta da sessão de baixa do minério, com o recente otimismo com a China sendo ofuscado pelos problemas no mercado imobiliário do gigante asiático.

Para o JPMorgan, o destaque para o trimestre continua sendo a recuperação nas cifras de vendas após um primeiro semestre difícil e uma maior qualidade do minério, com um aumento de 19,4% nas vendas de pelotas no trimestre. As vendas de minério de ferro subiram 12,1% em relação ao trimestre anterior, em linha com as expectativas do JPMorgan. Os preços realizados para finos e pelotas também ficaram em linha com a previsão do banco, mas mais fortes trimestralmente. Já o Níquel e cobre foram uma surpresa positiva para os analistas.

Já o Morgan Stanley comenta que a produção da mineradora superou suas estimativas em 8%, graças a iniciativas contínuas para melhorar a confiabilidade dos ativos no S11D, sólido desempenho dos complexos de Itabira e Vargem Grande, além de maiores compras de terceiros.

Continua depois da publicidade

As vendas de minério de ferro, por sua vez, ficaram 4% acima da previsão de 76,7 milhões de toneladas do Morgan. O prêmio realizado de minério de ferro totalizou -US$ 1,1 a tonelada no 4T23 contra o prêmio de US$ 0,80 a tonelada reportado no 3T23. O preço realizado do minério de ferro de US$ 118/t ficou 2% acima do consenso, mas ficou 2% abaixo da estimativa de US$ 121/t do banco.

Segundo a XP Investimentos, a Vale reportou um desempenho operacional positivo no 4T23 (produção mensal de minério de ferro em dezembro de 2023 nos níveis mais altos desde 2018), embora tenha registrado embarques abaixo do esperado.

Já o Itaú BBA ressalta que os volumes de produção em 2023 atingiram 321,1 milhões de toneladas (aumento de 4% ano a ano), superando o guidance da empresa pela primeira vez em algum tempo. “O forte desempenho do volume sinaliza que a empresa está no caminho certo para recuperar a produtividade em algumas das suas operações e pode levar os investidores mais céticos a começarem a considerar a orientação da empresa de aumento da produção nos próximos anos”, comenta o BBA.

Continua depois da publicidade

Por outro lado, o BBA disse que preços realizados foram ligeiramente mais fracos do que o esperado, já que a estratégia comercial da empresa era aumentar as vendas de alto teor de sílica devido às baixas penalidades de desconto. Como resultado, o BBA reduziu a estimativa de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) do 4T23 de US$ 6,5 bilhões para US$ 6,3 bilhões, mas ainda representa um sólido crescimento de 26% em termos anuais.

Segundo o banco, os preços realizados para as vendas de níquel e cobre também foram melhores do que o esperado, o que provavelmente resultará em uma ligeira melhoria no Ebitda de Metais Básicos da empresa.

A produção de minério de ferro no 4º trimestre também ficou 7% acima da estimativa do Goldman Sachs. O banco comenta que embora a Vale tenha atualizado o mercado sobre as projeções de produção para 2023 no início de dezembro, durante o Vale Day, a produção de ferro foi uma surpresa positiva. A produção de pelotas, com aumento de 19% ano a ano, também foi positiva, na avaliação do banco.

Continua depois da publicidade

As vendas de ferro vieram em linha com as estimativas do Goldman Sachs. “A mina de cobre Salobo III continua a se expandir bem, e o Brasil agora representa quase 80% da produção de cobre da Vale” comentam analistas.

Do lado negativo, o teor médio de 62,1% do minério de ferro foi pior do que o esperado, e o prêmio de qualidade de finos ficou em -US$1,1 por tonelada (contra a estimativa do Goldman Sachs de +US$2,5 por tonelada), “o que é explicado pela venda oportunista pela Vale de volumes com alto teor de sílica para aproveitar um desconto de baixa qualidade”, diz relatório.

O Goldman Sachs tem recomendação de compra para a Vale e preço-alvo de US$ 18 por ADR, devido a 5 razões principais, incluindo: 1) um mercado de minério de ferro equilibrado para 2024; 2) um momento operacional positivo; 3) uma exposição relativamente baixa por parte dos investidores; 4) uma avaliação atrativa (a mais barata entre as principais empresas); e 5) a expectativa do Goldman Sachs de contínuo suporte político da China.

Continua depois da publicidade

O Itaú BBA também mantém classificação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para ação da Vale, com preço-alvo de R$ 88. O Morgan reitera recomendação e equivalente à compra e preço-alvo de US$ 18 por ADR. Já o JPMorgan mantém avaliação equivalente à compra e preço-alvo de R$ 68,81 por ação.