Vale (VALE3): qual o potencial para destravar valor das ações com um possível IPO de metais básicos?

Especulações sobre operação ganharam força após notícia do Financial Times; BBI vê medida podendo representar um potencial de até 20% para ações

Lara Rizério

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Na última quarta-feira (5), ganhou destaque uma notícia que pode significar um potencial significativo de destravamento de valor para a Vale (VALE3).

O Financial Times informou que a Vale estaria em negociações para vender uma participação minoritária de 10% a 15% em seus negócios de metais básicos (valores mencionados na reportagem de cerca de US$ 2,5 bilhões), enquanto busca aumentar sua produção de cobre e níquel para atender à crescente demanda oriunda da transição energética.

Tradings no Japão, fundos soberanos no Oriente Médio e empresas automobilísticas estariam examinando o ativo e a
primeira rodada de licitações estaria prevista para o início de novembro.

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Em nota de esclarecimento, a mineradora não mencionou explicitamente o assunto, mas afirmou que contratou assessores para avaliar alternativas para destravar valor no longo prazo para seus acionistas. 

A Vale acrescentou que nenhuma decisão foi tomada em relação a qualquer transação. No mês passado, a gigante de mineração anunciou que seu conselho de administração aprovou uma reorganização das operações de metais básicos no Brasil.

Os ativos de cobre serão transferidos para a Salobo Metais, enquanto os de níquel deverão passar para uma nova sociedade a ser constituída no Brasil. Na ocasião, a mineradora disse que não havia nenhuma deliberação sobre novas transações envolvendo o negócio de metais básicos.

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No passado, a Vale chegou cogitar a possibilidade de um “spin off” (cisão) e IPO do segmento, como forma de agregar valor ao negócio. Os novos planos de reorganização ocorrem em meio à crescente demanda por níquel e cobre, metais essenciais para o processo mundial de transição energética.

A administração da Vale está confiante na recuperação dos ativos de metais básicos e em seu potencial de crescimento, afirma o Bradesco BBI.

“Como já destacamos, a Vale está trabalhando em uma estrutura para destravar valor para sua divisão de Metais Básicos, que incluiu a possibilidade de parcerias estratégicas, segregação (spin-off) ou mesmo um IPO. Acreditamos que segregar a estrutura da empresa, com uma governança separada, e vender uma participação minoritária para investidores estratégicos são os primeiros passos em direção a um plano maior para liberar valor significativo”, aponta.

Assumindo um múltiplo do valor da firma sobre o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EV/Ebitda)  de 7 vezes e Ebitda normalizado de US$ 3,5 bilhões, a divisão de Metais Básicos da Vale poderia ser avaliada em aproximadamente US$ 25 bilhões, embora os analistas acreditem que levará tempo até que esse valor seja totalmente reconhecido.

Em um cenário em que toda a divisão de metais básicos é reavaliada em 7 vezes o EV/Ebitda, o desbloqueio de valor pode representar um potencial de 15% a 20% para as ações. “A empresa compartilhou recentemente que uma atualização mais específica poderia ser fornecida até o final do ano e, portanto, mantemos a recomendação de Compra para VALE3”, afirma o BBI.

O Bank of America, por sua vez, tem recomendação neutra para o papel o neutra dada a sua visão cautelosa sobre o minério de ferro. Contudo, afirmou que segue construtivo quanto ao foco da empresa no retorno aos acionistas, também ressaltando que a potencial venda de participação minoritária no segmento pode levar a um destravamento de valor. O banco tem preço-alvo de US$ 16 para o ADR (na prática, ações da empresa negociadas no mercado americano) da companhia, ou um potencial de valorização de 8% frente o fechamento da véspera.

Os analistas ainda citam que, de acordo com a própria empresa, um roadmap para destravar valor na divisão de metais básicos deve ser anunciado até o final deste ano (provavelmente no Vale Investor Day no início de dezembro).

O BofA destaca que este é um ativo que gerou cerca de US$ 2,5 bilhões em Ebitda e que, levando em conta os múltiplos históricos de pares de metais básicos, implicaria em um valuation em torno de US$ 12,5-17,5 bilhões. “Isso implica uma destravamento de valor de cerca de US$ 4 a US$ 7,5 bilhões (de 6 a 11% do valor de mercado atual), dada a avaliação relatada da participação minoritária”, apontam.

Para os analistas, o anúncio recente da separação de seus ativos de metais básicos no Brasil em duas entidades é provavelmente o primeiro passo para se preparar para uma transação de desbloqueio de valor.

“Em última análise, acreditamos que a intenção por trás de uma potencial venda de participação minoritária poderia ser não apenas desencadear a descoberta de valor, mas também, se fosse vendida a uma montadora, abrir caminho para futuros acordos de compra, particularmente para seu níquel Classe I (60-70 % dos volumes), o que poderia gerar um prêmio sobre os preços da LME ( London Metal Exchange, bolsa de futuros e a termo com o maior mercado do mundo em contratos a termo padronizados, contratos de futuros e opções sobre metais básicos)”, concluem.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.