Vale (VALE3): apesar de maior volume, recuo do preço do minério deve pressionar ganhos no 3º tri

Lucratividade ainda deve ser impulsionada levemente por diluição dos gastos, com maiores volumes, e recuo do preço dos combustíveis

Vitor Azevedo

Mineração da Vale em Minas Gerais (Mario Tama/Getty Images)

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A Vale (VALE3) divulga seus resultados do terceiro trimestre de 2022 nesta quinta-feira (27), após o fechamento do mercado, e as expectativas para a publicação do documento são mistas. De um lado, a queda do preço do minério deve, novamente, pressionar o faturamento. Do outro, o maior volume vendido da commodity, bem como o recuo dos gastos com frete, devem compensar parcialmente as perdas.

Na semana passada, a mineradora reportou que produziu 89,7 milhões de toneladas de minério entre julho e setembro, alta de 1,1% na base anual e de 21% na base trimestral. Os embarques da commodity totalizaram 77,6 milhões, alta de 6% no trimestre e de 2% no ano – sendo 69 milhões de toneladas de finos de minério e 8,5 milhões de pelotas.

“A recuperação sequencial da produção reflete a estação seca no Sistema Norte, maiores compras de terceiros e maior produção no Sistema Sul”, explica a equipe de analistas do Bradesco BBI, chefiada por Thiago Lofiego. “Já a diferença de produção para vendas no terceiro trimestre é normal, devido aos estoques em trânsito (que podem ser revertidos no quarto trimestre)”, acrescentam.

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O banco, porém, destaca que o preço do prêmio pela produção do minério de qualidade ficou aquém do esperado – em US$ 6,60 por tonelada, ante US$ 7,30 no segundo trimestre e US$ 7,20 de sua projeção.

“Os prêmios de mercado foram mais baixos, por conta de produtos com baixo teor de alumina e pela ausência de dividendos sazonais de joint ventures, apesar destes terem sido parcialmente compensados por prêmios contratuais recorde de pelotas e pelo melhor mix de produtos”, aponta o BBI.

O Goldman Sachs vai no mesmo caminho, afirmando que a produção foi 4% acima do seu consenso, mas que o pior prêmio por conta da qualidade deve impactar o resultado.

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“Embora esperemos que maiores volumes de vendas de ferrosos resultem em melhor diluição de custos fixos, observamos que maiores compras de terceiros e a produção de minério bruto no trimestre podem pesar no desempenho geral dos custos”, diz a equipe de analistas do banco americano, chefiada por Marcio Farid. “Os prêmios gerais ficaram abaixo do esperado, por penalidades mais altas e prêmios de pelotas mais baixos”.

Por outro lado, o banco assume que as taxas de frete de referência caíram US$ 6,30 por tonelada na base trimestral, mencionando o recuo do preço dos combustíveis no período. O Bank of America também chama atenção também para o alívio que os custos com frete darão no custo de caixa (C1) da Vale – que deve ficar em US$ 22,50 por tonelada, baixa de 7% no trimestre e de 1% no ano.

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Os ganhos por tonelada recuaram, contudo, acompanhando o preço da commodity – entre abril e julho, o preço médio realizado pela Vale para uma tonelada de ferro foi de US$ 113,3 por tonelada. Para o Itaú BBA, no terceiro trimestre a Vale vendendo cada tonelada a um preço médio de US$ 95. A XP Investimentos, por sua vez, vê o preço médio ficando um pouco acima disso, em US$ 97 (ainda que com uma queda de 16% na base trimestral).

Na produção e na venda de metais básicos, a Vale também aumentou seus volumes na base trimestral e anual – chegando a 74,3 mil toneladas de cobre, com alta de 33% no trimestre e de 7,4% no ano, e a 51,8 mil toneladas de níquel, altas de 37% e de 8% na mesma sequência. As vendas dos dois metais foram de, respectivamente,  70,5 mil e 44,3 mil toneladas.

“A produção de cobre teve alta de 33% na base trimestral, após manutenção prolongada em Sossego no primeiro semestre e melhor desempenho em Salobo e Atlântico Norte”, expõe o BBI. “As vendas de níquel foram de 39 mil toneladas, alta de 13% no trimestre e de 6% no ano, ficando abaixo do crescimento da produção devido a compromissos de vendas”.

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O Goldman Sachs destaca que a produção de níquel foi 20% maior do que suas projeções, com melhor desempenho. das mineradoras do Canadá e da Indonésia.

“Com relação aos Metais Básicos, estimamos um lucro operacional ligeiramente superior no trimestre, de US$ 636 milhões, principalmente devido aos maiores volumes de vendas de níquel e cobre, compensados ​​por menores preços de venda de níquel e cobre”, acrescenta a XP.

O BBI projeta que a Vale terá, no geral, um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) de US$ 4,3 bilhões, bem como o BofA. A projeção do Goldman Sachs é de um Ebitda de US$ 4,5 bilhões, igual ao do Itaú BBA. A XP espera algo próximo a US$ 4,6 bilhões.

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Segundo o consenso da Refinitiv, a mineradora brasileira trará, em seu documento, uma receita de US$ 10,2 bilhões, ante US$ 11,1 bilhões no segundo trimestre. O Ebitda deve ser de U$ 4,61 bilhões e o lucro líquido, US$ 2,6 bilhões.