Vale supera as estimativas ao lucrar R$ 13 bi em 2016; mais 7 balanços e vitória da Petrobras são destaques

Confira os destaques da Bovespa na sessão desta quinta-feira (23)

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O noticiário corporativo é bastante movimentado, com destaque para a intensa temporada de balanços, que tem a Vale como protagonista. A vitória da Petrobras na Justiça, a recuperação judicial da PDG e mais notícias agitam o mercado. Confira os destaques da sessão desta quinta-feira (23):

Vale (VALE3;VALE5)

A Vale reverteu um prejuízo de US$ 8,57 bilhões no quarto trimestre de 2015 para um lucro de US$ 525 milhões no quarto trimestre, informou a companhia na manhã desta quinta-feira (23). Já o lucro básico — que exclui efeitos contábeis não recorrentes — totalizou US$ 2,717 bilhões, contra um prejuízo de US$ 1,032 bilhão no quarto trimestre de 2015.

A receita operacional líquida, por sua vez, somou US$ 9,694 bilhões, 64,3% acima dos últimos três meses de 2015. A expectativa dos analistas consultados pela Bloomberg era de uma receita de US$ 8,77 bilhões.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) somou US$ 4,77 bilhões no quarto trimestre, 242,9% acima do quarto trimestre do ano passado e acima da estimativa dos analistas de US$ 4,4 bilhões. A margem Ebitda ajustada foi de 49,2%, forte alta ante os 23,6% do quarto trimestre do ano anterior. 

A mineradora informou ainda que investiu US$ 1,41 bilhão nos últimos três meses de 2016, ante US$ 2,19 bilhões do mesmo período do ano anterior. Já o o endividamento líquido fechou o quarto trimestre em US$ 25,075 bilhões, contra US$ 25,965 bilhões no terceiro trimestre.

A companhia fechou 2016 com lucro líquido de R$ 13,3 bilhões, ante um prejuízo líquido de R$ 44,2 bilhões em 2015, com a ajuda de menores baixas contábeis registradas no ano passado, dos maiores preços de venda e do efeito positivo nos resultados financeiros da apreciação do real contra o dólar. 

A Vale disse no comunicado que o conselho aprovou encaminhar à Assembleia Geral Ordinária de Acionista a proposta de distribuição adicional de R$ 4,67 bilhões até o fim de abril de 2017 sob a forma de juros sobre o capital próprio.

“Com uma produção muito forte e com a recuperação de preços, previa-se que a Vale teria um trimestre muito forte e fecharia o ano com chave de ouro. E, de fato, isso que aconteceu”, diz Luciano Siani, diretor executivo de Finanças e Relações com Investidores, em vídeo publicado no website da mineradora. “Tivemos a melhor geração de caixa medida pelo Ebitda na Vale, de US$ 4,8 bilhões desde o quarto trimestre de 2013, tempos em que o preço do minério de ferro era de US$ 135 por tonelada contra US$ 70 por tonelada do quarto trimestre de 2016. Portanto, uma geração de caixa muito expressiva, essa diferença de desempenho conseguida graças ao aumento de volume e redução de custos. São resultados excepcionais, gerados em todos os negócios da companhia. Fechamos o ano com a maior geração de caixa no negócio de minério de ferro de toda a indústria”, afirmou. 

Também no noticiário da mineradora destaque para o comunicado feito aos detentores de bônus sobre o o resgate de todos os bonds com vencimento em março de 2018, que totalizam 750 milhões de euros em valor de face. A companhia informou que o resgate será efetuado em 24 de março de 2017. “Este resgate é consistente com a nossa estratégia de geração de valor ao acionista, fortalecimento do balanço e redução do endividamento”, disse a Vale.

De acordo com o UBS, o resultado foi forte, como o esperado, com os analistas destacando o retorno de dividendos que os acionistas receberão. Contudo, a pressão sobre os preços de minério seguem sendo um risco, em meio à expectativa de que haja uma correção das cotações da commodity. Já o Itaú BBA apontou que o balanço da Vale foi melhor do que as expectativas já altas dos analistas e seguem com recomendação outperform para os ADRs da companhia. 

“Os resultados da Vale vieram cerca de 7% acima das expectativas. Após este desempenho e com a manutenção do minério de ferro no atual patamar, acreditamos que revisões ocorrerão em relação as expectativas para os próximos resultados da companhia. Reiteramos nossa visão otimista com as ações da Vale, pela qualidade do ativo, melhora potencial da governança (menor percepção de risco) e momento favorável para suas atividades”, afirma a XP Investimentos.

Bancos

Após a decisão que culminou na redução da Selic, Banco do Brasil (BBAS3), Itaú Unibanco (ITUB4) e Bradesco (BBDC3; BBDC4) anunciaram redução de juros em linhas de crédito. No caso da primeira instituição, as principais quedas, de até 0,12 ponto porcentual ao mês e que entrarão em vigor a partir de 1º de março, ocorrerão em linhas de crédito para capital de giro voltadas a micro e pequenas empresas, com destaque para operações de recebíveis. O segundo banco informou que repassará o corte integral da taxa básica para pessoas físicas e jurídias. Já a última instituição promoverá redução da taxa mínima para crédito pessoal de 1,89% para 1,83% e para a máxima de 7,72% para 7,66% mensais. Já para empresas, a menor taxa da linha de capital de giro sai de 3,49% para 3,43% ao mês, enquanto a máxima vai de 6,95% para 6,89%.

Petrobras (PETR3; PETR4)
A estatal informou nesta quarta-feira que a Justiça atendeu recurso da petroleira e retirou a suspensão da venda da Petroquímica Suape e da Companhia Integrada Têxtil de Pernambuco (Citepe), anunciada em dezembro pela empresa. A nova decisão é do Tribunal Regional Federal da 5ª Região. “O projeto faz parte das cinco transações que podem ter seus contratos assinados de acordo com a decisão cautelar do Tribunal de Contas da União (TCU)”, disse a empresa. 

Após a decisão, a  Petrobras convocou Assembleia Geral Extraordinária para tratar da proposta de venda da participação de 100% das ações detidas pela Petrobras na PetroquímicaSuape e na Citepe para o Grupo Petrotemex e a a Dak Americas Exterior, subsidiárias da Alpek, pelo valor em reais equivalente a US$ 385 milhões, segundo comunicado. A AGE também vai tratar da eleição de membro titular do conselho fiscal indicado pelo acionista controlador. 

 

Ultrapar (UGPA3)
A companhia informou nesta quarta-feira que teve lucro líquido de 436 milhões de reais no quarto trimestre, queda de 12 por cento ante mesma etapa de 2015, refletindo desempenho mais fraco nos braços industriais, diante da economia em recessão. O resultado operacional do grupo, medido pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) foi de 1,12 bilhão de reais no período, recuo de 5 por cento na comparação com mesmo intervalo de um ano antes. A receita líquida alcançou 19,085 bilhões de reais, declínio de 7 por cento no comparativo anual, refletindo principalmente o menor desempenho da sua principal divisão de combustíveis, a Ipiranga, com queda de 8 por cento na receita.

Além disso, a divisão química Oxiteno teve receita líquida de 832 milhões de reais, baixa de 23 por cento ano a ano, principalmente devido à redução de preços das commodities. Já a Ultragaz teve receita líquida 10 por cento maior na mesma comparação, para 1,379 bilhão de reais, com maior volume de vendas e repasse de preços maiores do GLP da Petrobras. A receita bruta da divisão de farmácias Extrafarma somou 460 milhões de reais, aumento de 28 por cento sobre um ano antes, refletindo sobretudo a ampliação do número de lojas.

A empresa anunciou em 2016 a aquisição da rede de postos de combustíveis Ale e da distribuidora de gás de cozinha Liquigás. O endividamento líquido do grupo no fim de 2016 era de 5,7 bilhões de reais, o equivalente a 1,36 vez o Ebitda, ante 4,9 bilhões de reais no fim do ano anterior (1,24 vez o Ebitda).

Os analistas do Itaú BBA, Santander e Bradesco BBI esperam reação neutra a resultados “em linha”. O Itaú BBA apontou números melhores que esperado da Ipiranga, compensando Oxiteno e Ultracargo. Já o Santander destaca que os números foram ajudados mais uma vez pelo negócio de distribuição de combustíveis”; “reiteramos nossa visão de que 2017
deve ser mais um ano de transição – e, portanto, de menor crescimento – para a empresa”. 
O Goldman Sachs espera à frente “que o cenário econômico do primeiro semestre continue pressionando os volumes da Ipiranga e as margens internas da Oxiteno, o que nos impede de
sermos mais positivos sobre o nome”. 

Natura (NATU3)
A fabricante de cosméticos divulgou nesta quarta-feira que teve lucro líquido consolidado de 201,8 milhões no quarto trimestre de 2016, alta de 38,8 por cento em relação ao mesmo período do ano anterior. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) consolidado subiu 2 por cento na mesma base de comparação, para 462,1 milhões de reais.

Segundo o Itaú BBA, os resultados foram “suaves, praticamente em linha com as estimativas, mas que romperam a tendência sequencial de várias quedas na comparação anual  no Ebitda a partir do Brasil”.

Via Varejo (VVAR11)

A Via Varejo teve lucro líquido ajustado de 13 milhões de reais no quarto trimestre de 2016, ante resultado negativo de 474 milhões de reais no mesmo período de 2015, beneficiada por ganhos de eficiência decorrentes da integração das operações com a CNova Brasil.

A empresa, controlada pelo Grupo Pão de Açúcar, apurou geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de 541 milhões de reais entre outubro e dezembro, alta de 231,4 por cento na comparação anual. A margem passou para 7,8 por cento, ante 2,3 por cento no último trimestre de 2015.

A receita líquida somou 6,933 bilhões de reais entre outubro e dezembro, praticamente estável ante os 6,936 bilhões de reais observados em igual intervalo de 2015.

Já o resultado financeiro ficou negativo em 359 milhões de reais, ante 355 milhões de reais negativos no quarto trimestre do ano anterior.

Apesar do resultado mais positivo no último trimestre, a companhia teve prejuízo líquido de 750 milhões de reais no acumulado de 2016, considerando os números pró-forma dos trimestres e do ano. O Ebitda ajustado recuou 14,6 por cento, para 1,007 bilhão de reais, enquanto a receita líquida da companhia caiu 8,7 por cento, para 23,215 bilhões de reais.

Para 2017, a Via Varejo se diz confiante quanto à retomada do consumo em meio à redução da taxa básica de juros. A empresa espera reduzir as despesas financeiras em 80 milhões a 100 milhões de reais a cada queda de 1 ponto percentual na Selic.

 Totvs (TOTS3)

A Totvs reverteu prejuízo de R$ 9,8 milhões do quarto trimestre de 2015 e teve lucro líquido de R$ 29,7 milhões, mas abaixo da estimativa de R$ 34,3 milhões, de acordo com a opinião de analistas consultados pela Bloomberg. A receita líquida da companhia, por sua vez, somou R$ 550 milhões no trimestre, queda de 3,7%. O Ebitda foi R$ 4 milhões para R$ 56,3 milhões. 

O  Itaú BBA, o Bradesco BBI e o Santander esperam reação negativa a resultados
“decepcionantes”. O Bradesco BBI aponta “forte pressão dos custos, que foi o
vilão por trás dos resultados fracos”. O Santander também espera reação negativa a resultado “fraco”, “mas avalia que o recente movimento de venda da ação (queda de 10% desde o final de janeiro) já precifica algumas das notícias negativas”. 

Energias do Brasil (ENBR3)

A Energias do Brasil registrou lucro líquido ajustado de R$ 35,9 milhões no quarto trimestre de 2016, queda de 91% ante os R$ 383 milhões do quarto trimestre do ano anterior, segundo comunicado divulgado à CVM.

A receita líquida caiu 13% na mesma base de comparação, passando de R$ 2,98 bilhões para R$ 2,59 bilhões. Já o Ebitda caiu 44%, saindo de R$ 742,8 milhões para R$ 417,1 milhões. A margem Ebitda passou de 24,9% para 16,1%, uma baixa de 8,8 pontos percentuais.  

“O resultado Cambial variou R$ 32,6 milhões devido ao pagamento antecipado do financiamento de Pecém junto ao BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) juntamente com a liquidação dos derivativos NDFs (Non Deliverable Forward) e swaps contratados para proteção das variações do USD e da Libor do mesmo”, segundo a empresa. Os analistas do Santander e do Itaú BBA esperam reação de neutra a negativa aos números operacionais fracos, mas já esperados da companhia. 

Restoque (LLIS3)

A Restoque, varejista de moda dona das marcas Le Lis Blanc, Bo.Bô, Rosa Chá, Dudalina e John John, vê prejuízo aumentar 40,7% no quarto trimestre, para R$ 15,8 milhões, ante R$ 11,2 milhões do quarto trimestre do ano anterior. A receita líquida foi de R$ 311,8 milhões, em leve queda ante os R$ 313,6 milhões no quarto trimestre de 2015. Já o Ebitda somou R$ 67 milhões, ante R$ 62,6 milhões no mesmo período de 2015. 

Marcopolo (POMO4)

A Marcopolo registrou prejuízo líquido de R$ 7,9 milhões no quarto trimestre de 2016, revertendo o lucro de R$ 9,9 milhões do mesmo período do ano anterior. A receita operacional líquida, por sua vez, avançou 3,9%, passando de R$ 787,4 milhões para R$ 817,9 milhões. O Ebitda caiu 75,7%, passando de R$ 47 milhões para R$ 11,4 milhões, enquanto a margem Ebitda caiu 4,6 pontos percentuais, a 1,4%. 

No relatório de resultados, a companhia informou ainda que a produção brasileira de ônibus atingiu 3.395 unidades no quarto trimestre, redução de 11,4% na base de comparação anual. No ano, a queda foi de 17,9%, somando 14.372 unidades. 

Somos Educação (SEDU3)

A Somos Educação convocou AGE para 10/março, às 14h, para tratar de reorganização societária. A reorganização societária tem como objetivo converter a AppProva em subsidiária integral da Somos Educação Participações e o retorno desta à condição de subsidiária integral da Somos Educação, além de dar aos acionistas da AppProva novas ações representativas do capital da companhia. 

PDG Realty (PDGR3)

A PDG Realty apresentou ontem pedido de recuperação judicial, que atinge quase 23 mil credores e dívida de R$ 7,8 bilhões, conforme aponta o Valor Econômico. Além disso, ressalta o jornal, o setor carrega um ineditismo que é levar o consumidor final a um processo de recuperação. Da dívida total, R$ 1 bilhão se refere a discussões com clientes sobre distratos e multas por atrasos e reparos em imóveis.

(com Agência Estado, Bloomberg e Reuters)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.