Vale e JBS: as ações de commodities preferidas em meio à expectativa de retomada da China

Em live da XP, analistas e gestores destacaram visão positiva para o segmento, com expectativa de aceleração da atividade chinesa pós-coronavírus

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em um ano ainda de expressiva baixa do Ibovespa (com queda superior a 17% no acumulado de 2020 até o pregão da última quarta-feira), as empresas ligadas a commodities registram um desempenho relativamente mais positivo, ainda que poucas estejam “brilhando” no período.

A expectativa pela recuperação da atividade da China após o pico da pandemia dos investidores segue sendo a chave para o maior ânimo dos investidores, mas quais papéis do setor seguem sendo atrativos?

Em live realizada pela XP, que faz parte do projeto “Preparando para a Retomada”, Betina Roxo (analista da XP de alimentos e bebidas), Yuri Pereira (analista da XP de Siderurgia & Mineração e Papel & Celulose), Ana Carolina Brandi (analista de ações da Safari Capital) e Felipe Hirai (sócio da Dahlia Capital) comentaram o cenário e destacaram os seus ativos preferidos para o setor. E, nele, duas ações se destacaram mais: a Vale (VALE3) e a JBS (JBSS3).

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A avaliação dos analistas é de que o setor de commodities segue bastante promissor mesmo com os impactos da pandemia no curto prazo, que vem afetando as operações como da Vale e também de diversos frigoríficos brasileiros.

Conforme aponta Felipe Hirai, a exposição maior em commodities da Dahlia é principalmente em minério de ferro, cobre e ouro, com a Vale sendo a exposição principal. “O ponto que monitoramos é sobre o processo de reaceleração da economia chinesa, que leva a preços mais altos do minério de ferro por mais tempo, fazendo com que a Vale entre em um processo de expansão de múltiplos”, avalia.

De acordo com ele, a resposta da China deve estimular as mineradoras através de mais gastos, que devem levar a maior consumo de commodities. “Portanto, a expectativa é de que a demanda vai continuar alta e crescendo”.

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Pereira, da XP, também reforça visão positiva para a Vale, apontando principalmente o mercado oligopolista (com poucos vendedores e muitos compradores), sendo que a mineradora brasileira é uma das líderes na produção de minério de ferro. Em abril, a companhia anunciou uma nova meta de produção da commodity entre 310 a 330 milhões de toneladas, o que, segundo o analista, poderia levar à maximização dos lucros da companhia.

Porém, aponta, ainda não há essa maximização de lucro uma vez que as companhias australianas estão aproveitando o momento de menores embarques da brasileira para elevarem a sua participação de mercado no curto prazo. Isso porque as empresas esperam aumento de produção da Vale no futuro e também querem ganhar espaço para financiar sua expansão de produção.

Entre as siderúrgicas, a recomendação é de compra para CSN (CSNA3) e Gerdau (GGBR4), além de neutra para Usiminas (USIM5), com preferência para os ativos CSNA3 por conta do minério de ferro. “Houve uma reforma recente no alto forno que pode levar a uma margem um pouco melhor esse ano. Um ponto a monitorar é na questão de desinvestimentos”, ressalta o analista, destacando que a discussão sobre a alavancagem segue permeando os papéis da siderúrgica.

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Já entre as preferidas no setor de alimentos, Betina tem recomendação de compra para as ações de JBS, Marfrig (MRFG3) e BRF (BRFS3), destacando preferência pela primeira  por causa de sua ampla gama de produtos e diversificação de portfólio entre vários países e também por não ter registrado um bom desempenho no acumulado do ano. Em 2020, enquanto a Marfrig viu seus papéis subirem 30,72% até o pregão da última quarta-feira, os papéis da JBS caíram 13,26% no mesmo período.

Um ponto a ser monitorado é a volatilidade das margens das companhias do setor, ainda mais levando em conta um cenário de maiores custos por conta do absenteísmo e plantas fechadas por conta da pandemia do coronavírus. Contudo, o cenário segue positivo, sendo mais uma vez o destaque a China, com a expectativa de que ela siga cada vez mais relevante na pauta de exportações uma vez que o país segue afetado pela Peste Suína Africana, que dizimou cerca de metade do seu plantel de suínos em 2018.

Já para a Marfrig, uma das explicações para o seu forte desempenho no ano é de que, desde o início da pandemia de coronavírus é que suas plantas foram menos afetadas do que as de concorrentes, ainda mais nas operações dos EUA. Adicionalmente, a empresa segue construtiva com o mercado norte-americano com uma combinação de maior oferta de gado favorecendo o crescimento do volume de processamento, manutenção da forte demanda por proteína bovina no mercado doméstico e volumes de produtos prontos para o consumo impulsionados pela quarentena, sendo que tal linha tem maior margem para a empresa.

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Ana, da Safari, ressalta que a gestora gosta também de JBS e Marfrig por conta da variedade de produtos e diversidade geográfica, mas também reforça exposição em Minerva (BEEF3), que não está exposta às investigações antitruste nos Estados Unidos pelo Departamento de Justiça do país (veja mais clicando aqui). No caso de JBS, ela ainda destaca que a companhia é conhecida pela sua expansão inorgânica, através de fusões e aquisições e, em um cenário de companhias fragilizadas por conta da crise, podem aparecer oportunidades relevantes para a empresa. Confira as análises no vídeo acima.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.