Vale desaba 14%, BB dispara 10% e Usiminas salta 6% nos minutos finais

Confira abaixo os principais destaques de ações da Bovespa nesta sessão

Paula Barra

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SÃO PAULO – O Ibovespa teve pregão de ajuste nesta terça-feira (8) após seis dias seguidos de alta, pressionado pelos papéis das commodities, que puxaram o rali do mercado nos últimos dias. O dia negativo no mercado levou 4 ações para quedas superiores a 10%. Enquanto isso, os bancos, que tiveram correção ‘antecipada’ ontem, dispararam hoje ajudando a contrabalancear o movimento. A ação do BB foi a segundo maior alta do índice, com ganhos de quase 10%. 

Entre as empresas de commodities, Vale e siderúrgicas – uma das que mais ganharam com o que ficou conhecido como “rali da Lava Jato” – afundaram hoje, entre movimento de correção e preocupações sobre a economia chinesa. A exceção entre as siderúrgicas foi Usiminas, que dispararam impressionantes 8% no leilão de fechamento, para encerrar o pregão em alta de 6%. Já as empresas do setor de papel e celulose, que aparecem como as maiores perdedoras da disparada, seguiram que derrocada hoje, em meio à queda dos preços de papel e celulose. 

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Chamou atenção também as ações da Petrobras, que tiveram dia turbulento, indo de alta de 6% para queda de 5%. Nesta tarde, no entanto, os papéis ganharam força novamente, mas os papéis ordinários não sustentaram alta e fecharam em queda pelo segundo pregão. 

Confira abaixo os principais destaques de ações da Bovespa nesta sessão:

Petrobras (PETR3, R$ 9,65, -2,62%; PETR4, R$ 7,47, +1,36%)
As ações da Petrobras viveram uma “montanha-russa” hoje, indo de alta de 6% a queda de 5%. Nesta tarde, os papéis até tentaram ficar no campo positivo, mas a virada dos preços do petróleo no mercado internacional voltou a penalizar as ações ordinárias da estatal, que caiu pelo segundo pregão. Lá fora, o petróleo Brent caiu 3,38%, a US$ 39,46 o barril. 

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MRV Engenharia (MRVE3, R$ 10,97, +3,10%)
As ações da MRV dispararam após resultado mais forte do que o esperado. A construtora teve lucro líquido de R$ 140 milhões no quarto trimestre, alta de 36% na comparação anual. O Ebitda (sigla em inglês para lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) foi de R$ 174 milhões, 22% superior ao obtido um ano antes.

Segundo o Credit Suisse, o resultado veio forte, com contínua melhora de performance operacional, significante fluxo de caixa livre e melhora relevante na gestão do contas a receber, enquanto que o cancelamento de vendas foi reduzido. 

Vale e siderúrgicas
As ações da Vale (VALE3, R$ 15,03, -14,51%; VALE5, R$ 11,24, -12,05%) desabaram, fechando na mínima do dia, após rali de quase 60% nos 6 pregões anteriores, com os papéis preferenciais renovando ontem máxima desde novembro de 2015. Acompanharam o movimento os papéis da Bradespar (BRAP4, R$ 5,30, -10,32%) – holding que detém participação na mineradora -, além das siderúrgicas Gerdau (GGBR4, R$ 4,82, -2,63%) e CSN (CSNA3, R$ 7,11, -13,61%). No período esses papéis também dispararam, acumulando ganhos nos 6 pregões anteriores de 50%, 40% e 65%, respectivamente. A exceção foi Usiminas (USIM5), que virou para forte alta no leilão de fechamento, disparando 8% no minuto final. Os papéis da siderúrgica fecharam em alta de 6,16%, a R$ 1,55. 

Nesta sessão, a maioria dos papéis ligados a commodities corrigiram disparada recente em meio a dados chineses de exportações piores que o esperado. As exportações de fevereiro da China decepcionaram os analistas ao recuarem 25,4% em relação ao ano anterior, enquanto as importações caíram 13,8%. Além disso, o minério de ferro recuou 0,17% no porto de Qingdao, na China, nesta sessão, após ter disparado quase 20% ontem. 

Para o BTG Pactual, é difícil a commodity se sustentar nos preços atuais (depois de subir quase 50% no ano), dado o nível de oferta que está programada para entrar. Além disso, o problema para a Vale recai sobre outro quesito, dado a necessidade da companhia de realizar seu programa de desinvestimento de ativos. Segundo os analistas, a estratégia para venda de ativos a este nível de preços pode reduzir o apetite para desinvestimentos. Para eles, “o mercado ainda está muito leve em Vale, o que pode gerar um movimento de alta ainda forte no curto prazo”.

Os analistas do BTG também revisaram o case de Gerdau, apontando que “nesses níveis, faz sentido uma aposta”. As principais razões para eles, são: cenário global melhorando com preço de minério, petróleo e sucata subindo forte nas últimas semanas; geração de caixa forte; venda de ativos; possível risco impeachment aumentando e valuation (lucros muito deprimidos, com múltiplos baixos).

Eles acreditam que Gerdau seria um dos principais players em um cenário de normalização de crescimento de Brasil. O BTG reiterou recomendações de compra, com preço-alvo de R$ 7,00 por ação. 

Ontem, a Vale anunciou que assinou um memorando de entendimento com a mineradora australiana Fortescue para distribuição de minério de ferro na China. Com o documento, a Vale pode formar uma ou mais joint ventures com a Fortescue para a mistura de minérios e distribuição de produtos das duas empresas na China. Segundo o Credit Suisse, o acordo pode gerar até US$ 90 milhões em receita adicional para a empresa, o que o fez aumentar o preço-alvo do ADRs (American Depositary Receipts) da mineradora de US$ 2,25 para US$ 2,75 por ação. Apesar do aumento do target, os analistas do banco cortaram a recomendação do papel de “outperform” (desempenho acima da média) para neutro, devido o recente rali no papel e risco de queda nos preços do minério de ferro no 2° semestre.

Entra no radar das siderúrgicas e mineradoras hoje também a notícia de que a província chinesa de Hebei pretende fechar 60% de suas usinas siderúrgicas até 2020, afirmou o governador da principal região produtora de aço da China nesta terça-feira, como parte dos esforços do país para reduzir o excesso de capacidade. A província também vai manter a capacidade produtiva em 200 milhões de toneladas até 2020, afirmou o governador Zhang Qingwei a jornalistas.

“Dado o excesso de capacidade atual, não vamos permitir qualquer novo projeto em setores que estejam sofrendo com capacidade excessiva”, afirmou um representante da província. “Dada a atual poluição do meio-ambiente, não vamos permitir qualquer projeto de alto consumo de energia e que seja altamente poluente.” Hebei, que cerca a capital chinesa de Pequim, produz quase um quarto do aço da China, mas agora está enfrentando uma campanha para reduzir capacidade industrial. A China se comprometeu em fevereiro a reduzir sua capacidade de produção de aço bruto em 100 milhões a 150 milhões de toneladas nos próximos cinco anos.

Bancos
Os papéis dos bancos lideraram os ganhos do Ibovespa, após correção “antecipada” na véspera. Vale lembrar que ontem os papéis de commodities – assim como o índice – seguiram no rali de 6 dias, enquanto os bancos encerraram sua sequência de cinco quedas ontem, encerrando segunda-feira em forte queda. Nesta sessão, enquanto os demais papéis de peso do índice caíam, eles apareceram na ponta positiva do índice, com Banco do Brasil (BBAS3, R$ 20,25, +10,90%), Bradesco (BBDC4, R$ 26,29, +0,50%), Itaúsa (ITSA4, R$ 8,29, +3,50%) e Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 31,91, +2,24%). A ação da seguradora BB Seguridade (BBSE3, R$ 29,55, +5,20%) também subiu forte hoje.
Em comentário, o Itaú BBA comentou que muitos investidores têm zerado suas posições vendidas tanto de BB quanto BB Seguridade.

Papel e celulose
Os papéis do setor de papel e celulose seguiram em derrocada na Bolsa, com Fibria (FIBR3, R$ 32,76, -8,87%) e Suzano (SUZB5, R$ 12,37, -7,76%) liderando as perdas do Ibovespa. Os papéis renovaram hoje mínimas de fevereiro e março de 2015 na Bolsa, respectivamente, acumulando em 6 pregões queda 25%. 

Em relatório desta terça-feira, o BTG destaca que tem se surpreendido com a agressiva queda dos preços de celulose. Segundo dados da consultoria finlandesa Foex, os preços na China bateram cotação de US$ 528,40 a tonelada, após queda de 3,7%. Além disso, no cenário interno, “o setor sido guiado por uma percepção de mudança política, que tem movimentado o dólar frente ao real. E, dado a complexidade do cenário e como imprevisíveis esses eventos podem ser, a volatilidade nessas ações devem continuar”, disseram. Apesar disso, eles seguem recomendando compra para as ações da Suzano e Fibria, estimando que uma recuperação nos preços da celulose está muito próxima. 

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