Vale: custos altos dão tom em balanço e ação cai, mas analistas veem VALE3 descontada

Ação cai 14% no ano e analistas veem papel como descontado

Equipe InfoMoney

Logo da Vale (Foto: Divulgação)

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Após uma prévia operacional considerada positiva e já colocada na conta do mercado, os resultados da Vale (VALE3) foram considerados mornos, com o aumento dos custos dando o tom dos dados financeiros no primeiro trimestre de 2024 (1T24). Com isso, às 11h55 (horário de Brasília) desta quinta-feira (25) após balanço, os papéis tinham baixa de 2,14%, a R$ 62,20.

Contudo, analistas de mercado seguem em sua maioria positivos com a ação, vendo um desconto grande em relação aos pares do setor. Os ativos VALE3, cabe ressaltar, tinham queda de cerca de 14% no ano até a sessão da véspera, com os investidores também precificando aumento de provisões e ruídos sobre mudanças de executivos e intervenção governamental.

O Itaú BBA ressaltou que o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês), que ficou em torno de US$ 3,3 bilhões e teve queda de 11% na comparação anual, ficou 3% abaixo do consenso.

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A diferença em comparação às estimativas do mercado foi devido a uma performance em custos pior do que o projetado. Os preços realizados mais baixos e custos mais elevados acabaram ofuscando a melhoria nos volumes na comparação anual.

Adicionalmente, a Vale manteve o seu guidance (projeção) de investimentos, mas alterou o valor da expansão de Serra Sul de US$ 1,5 bilhão para US$ 2,8 bilhões. Por último, a companhia apresentou uma geração de caixa sólida de US$ 2,0 bilhões no trimestre.

O BBA manteve recomendação de “compra” para a ação negociada na Bolsa de Nova York (ADR), com preço-alvo de US$ 14 ao fim de 2024.

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Na divisão de ferrosos, o Ebitda caiu 2% em base anual, com realização de preço de minério de ferro mais fraca e maiores custos mais do que compensando maiores volumes. Os volumes de vendas, por sua vez, aumentaram 15% na comparação anual diante de uma estação chuvosa menos intensa em relação ao ano passado. Em custos, o custo caixa de produção subiu US$ 2,70 a tonelada na comparação trimestral e se manteve estável na comparação anual, em US$ 23,50 a tonelada, com menores custos de demurrage e maior diluição de custos fixos, compensados pelo impacto negativo da valorização do real no trimestre.

A divisão de metais básicos registrou um Ebitda de US$ 251 milhões, baixa de 56% na comparação anual. Por segmento, o Ebitda de níquel diminuiu para US$ 17 milhões no trimestre (queda anual de 95%) devido à diminuição de preços e volumes. Em cobre, o Ebitda aumentou na comparação anual, para US$ 284 milhões, ajudado por melhores volumes com o ramp up (início de operação) de Salobo III.

Além da parte operacional, a companhia reportou ainda uma geração de caixa sólida no trimestre na visão do BBA, em torno de US$ 2,0 bilhões no período, ajudada principalmente por uma liberação de capital de giro de US$ 1,5 bilhão. A dívida líquida expandida atingiu US$ 16,4 bilhões no primeiro trimestre, em linha com o guidance da companhia. A Vale desembolsou US$ 2,6 bilhões com dividendos e recompras no período.

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A XP viu o balanço como em linha com expectativas, destacando um Ebitda praticamente no mesmo nível esperado pelo consenso. Com os números operacionais já divulgados, o banco vê os os resultados desproporcionalmente afetados por ventos contrários relacionados ao cenário macro, como a queda do minério e alta do real afetando custos. Numa nota positiva, o fluxo de caixa livre (FCF) atingiu um forte nível, enquanto a revisão para cima de investimentos de Serra Sul pode ser vista como um destaque negativo.

Já para o Bradesco BBI, a Vale apresentou números operacionais sólidos, atingindo a maior produção no 1T desde 2019. Do lado negativo, o trimestre foi impactado pelos menores preços realizados de minério. O BBI apontou que esperava uma reação neutra do mercado a esses resultados, uma vez que os investidores haviam ajustado suas expectativas para cima após os sólidos dados operacionais da empresa. O banco também reafirma sua recomendação de compra para VALE3, com um desconto de 27% ante os pares, contra a média histórica de aproximadamente 15%.

A XP também segue com recomendação de compra para os papéis. “Com os preços do ferro de volta ao nível de US$ 110-115/t e o real saltando para cerca de R$ 5,15, esperamos que os resultados melhorem gradualmente nos próximos trimestres. Além disso, acreditamos que os atuais níveis de preços do minério de ferro implicam espaço para um valor atrativo de dividendos no 2S24, com a assimetria positiva entre ação x commodities que vemos para a Vale proporcionando uma margem de segurança, em nossa opinião, reforçando nossa postura positiva em relação ao nome”, avalia.