Vale bate recordes negativos na Bolsa e “telecoms” vão do céu ao inferno; veja destaques

Empresas de telecomunicações vivem dia agitado na Bovespa, Marfrig volta a disparar e Lupatech "acorda" com alta de 40% antes de dia D da empresa no mercado

Marina Neves

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SÃO PAULO – Na primeira queda do Ibovespa após três dias de alta, as atenções ficaram novamente com as empresas de telecomunicações, que viveram um noticiário bastante agitado – o que se refletiu nas ações de Tim, Telefônica e Oi.

Mas o principal destaque negativo ficou com a Vale, que caiu mais de 4% e movimentou mais de R$ 1 bilhão na Bovespa, pressionado pelos maus ventos chineses – que derrubaram também as siderúrgicas. Já a Marfrig voltou a subir forte mesmo no dia negativo do mercado, consolidando-se como melhor ação do Ibovespa em 2014.

Dentre as small caps, chamaram atenção as ações da Lupatech, que acordaram de um sono que durou 9 pregões com uma disparada de até 40% – lembrando que amanhã a empresa terá seu “Dia D” no mercado, já que marca o prazo que os credores têm para exercer o direito de subscrever as ações correspondentes ao aumento de capital. Já a Teka repetiu a disparada dos últimos pregões, mesmo com a empresa dizendo desconhecer o motivo.

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Confira os principais destaques da Bolsa nesta sessão:

Vale  
As ações da Vale (VALE5; R$ 26,13, -4,11%; VALE3, R$ 29,33, -4,40%) dão continuidade ao movimento negativo dos últimos pregões e atingiram seus menores patamares desde junho. Este é o 6º pregão de queda da mineradora, que acumula perdas de quase 8% nesse período. Destaque também para o volume movimentado pelos papéis preferenciais da Vale, que chegou a R$ 1,138 bilhão – maior giro desde 11 de setembro do ano passado -, o que corresponde a 12,5% do volume total negociado na Bovespa hoje (R$ 9,1 bilhões).

Nos últimos dias, a Vale vem sofrendo na Bolsa com as quedas no preço do minério de ferro – principal produto da mineradora brasileira, que renovou a mínima de dois anos e já perderam um terço de seu valor em 2014. Aliado a isso, a sessão é marcada por tensões geopolíticas entre Rússia e Ucrânia e por dados que mostram a desaceleração no crescimento do lucro das empresas industriais da China.

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Bradespar, CSN, Gerdau e Usiminas
Seguido o movimento da Vale, as ações da Bradespar (BRAP4, R$ 20,43, -4,59%), holding que detém forte participação no capital da mineradora, também caem mais de 2% e atingem suas mínimas na Bovespa desde o começo de julho.

As siderúrgicas CSN (CSNA3, R$ 9,96, -5,14%), Gerdau (GGBR4, R$ 12,86, -4,74%) e Usiminas (USIM5, R$ 8,12, -3,10%) também caíram forte nesta sessão. 

Telecomunicações
Em um dia bastante agitado, as ações de Telefônica e TIM fecharam em queda reagindo à notícia de que o conselho de supervisão da francesa Vivendi disse que vai entrar em negociações exclusivas com a Telefónica, controladora da Vivo (VIVT4, R$ 43,87, -2,01%), para a venda de sua unidade brasileira de banda larga GVT, escolhendo a oferta da espanhola em detrimento da proposta rival da Telecom Italia, dona da TIM (TIMP3, R$ 12,33, -3,07%), que vê suas ações afundarem. Após o comunicado, uma fonte disse à Reuters, que a Vivendi deve aceitar ações da Telecom Italia como parte do pagamento pela GVT.

As propostas das duas companhias telefônicas brasileiras, TIM e Vivo, pela GVT no Brasil haviam sido formalizadas aos diretores da Vivendi na última quarta-feira.

Já as ações da Oi (OIBR4, R$ 1,43, 0,00%) também perderam força hoje e caíram nesta quinta-feira, depois de terem subido mais de 5% na máxima do dia. No radar da empresa, uma reportagem da Bloomberg apontou que a empresa está em conversas para vender sua fatia de 25% na Unitel por mais de US$ 2 bilhões, citando uma fonte com familiaridade no assunto, que mencionou a Sonangol e a Isabel dos Santos, filha do presidente da Angola, como possíveis compradores. Em relatório, a equipe do BES aponta concretização da venda pode elevar o “valuation” da Oi em aproximadamente 6%, o que pode ter um impacto positivo de aproximadamente 12% nas ações.

Vale mencionar que a Oi está no radar dos investidores nos últimos dias, em meio às notícias de uma possível aquisição de sua concorrente, a TIM. Ontem, a Telecom Itália, dona da companhia, informou que está “completamente alheia sobre a iniciativa da Oi” em comprar a companhia e que não sabe nada sobre o assunto; Oi e Tim lideraram os ganhos do Ibovespa na véspera, com altas de 11,19% e 6,7%, respectivamente.

No noite da última terça-feira, a Oi comunicou ao mercado que havia assinado um acordo com o BTG Pactual (BBTG11, R$ 36,60, -1,08%) para desenvolver alternativas de propostas pela parcela detida pela Telecom Italia na TIM. Segundo fontes disseram à Reuters ontem, a Oi espera unir-se à Claro, da mexicana América Móvil, e à Vivo, da espanhola Telefónica, para realizar a oferta de aquisição da TIM, e por isso contratou o BTG Pactual com o objetivo desenhar uma oferta que resolva questões financeiras e regulatórias. 

A ideia é que o BTG Pactual, também sócio da Oi, viabilize a consolidação tanto do ponto de vista financeiro – já que a Oi não teria condições de arcar com a oferta sozinha – como regulatório. Segundo a fonte, uma oferta conjunta teria menos chance de receber objeções do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

JBS e Marfrig
O primeiro-ministro da Rússia, Dmitri Medvedev, assinou um decreto que pode viabilizar exportações adicionais de carnes bovina e de frango do Brasil para o país. A medida impulsiona as exportadoras de alimentos da Bovespa: é o caso da Marfrig (MRFG3, R$ 7,55, +3,42%) que acumula a maior alta dentre as ações do Ibovespa no ano (+88,75%), e da JBS (JBSS3, R$ 10,46, +1,06%), que sobem quase 25% em 2014.

MRFG3 está no seu maior patamar desde julho de 2013, enquanto JBSS3 está no maior patamar desde novembro de 2009.

A medida estabelece que os países atingidos pelo embargo – uma retaliação às sanções impostas à Rússia por causa do conflito na Ucrânia – têm até 1º de setembro para preencher suas cotas para vender ao mercado russo. Se não conseguirem, o governo russo passará então a fornecer licença de importação para outros países, não submetidos à retaliação imposta por Moscou. O Brasil atualmente já é o que mais exporta à Rússia, sendo responsável por 54% do fornecimento estrangeiro para o país. No começo deste mês, Moscou proibiu a importação de todas as carnes, pescado, lácteos, frutas e vegetais originários dos EUA, países da UE, Canadá e Austrália. Desde então, o governo vem bloqueando também tentativas de contornar o embargo. 

BRF (BRSF3, R$ 59,04, -1,27%)
As ações da BRF caíram nesta quinta-feira em meio à notícia divulgada inicialmente pela Exame, de que Pedro Faria substituirá Claudio Galeazzi. Segundo o blog Primeiro Lugar, o substituto de Galeazzi é o atual presidente da área internacional da companhia. O nome está definido, mas não deve ser anunciado tão cedo, disse a publicação. Galeazzi informou em agosto que deixará a presidência da empresa no fim do ano. 

Embraer (EMBR3, R$ 21,49, -1,33%)
As ações da Embraer chegaram a abrir entre as maiores altas do Ibovespa, mas fecharam em queda, mesmo após a companhia informar que assinou contrato com a Japan Airlines para um pedido firme de 15 E-Jets nos modelos E170 e E190, além de doze aeronaves adicionais da família de E-Jets.

Segundo comunicado desta quinta-feira, valor do pedido firme é de US$ 677 milhões, com base no preço de lista de 2014. A Embraer acrescentou que a encomenda será incluída em sua carteira de pedidos firmes do terceiro trimestre de 2014.

No acumulado do ano, as ações EMBR3 acumulam alta de mais de 17%. Além disso, ela bateu na última terça-feira seu maior patamar histórico na Bolsa (R$ 22,96).

Lupatech (LUPA3, R$ 0,33, +26,92%)
Após oito pregões “dormindo” na Bolsa, as ações da Lupatech acordaram hoje após uma disparada de mais de 42%, um dia antes de encerrar o prazo para que os acionistas exerçam o direito de preferência decorrente do aumento de capital da empresa, ou seja, os investidores que já tinham LUPA3 desde antes da aprovação do aumento de capital (em 22 de julho) terão que participar da subscrição para permanecer com a mesma participação na empresa. E para aderir à oferta terá que desembolsar 3.350,2% do capital aplicado na companhia. Na prática: quem tiver R$ 1 mil em ações da Lupatech terá que gastar cerca de R$ 33,5 mil para ficar com a mesma porcentagem na base acionária.

Apesar do desempenho de hoje, um gestor que pediu anonimato disse que o cenário para a empresa continua o mesmo: o aumento de capital não deve “salvar” a empresa e poderá haver uma forte debandada de investidores após a operação (como o lado da oferta ficará muito mais forte que o da demanda, com uma enorme quantidade de novos papéis na Bovespa, haverá mais pessoas interessadas a vender do que comprar). Além disso, há expectativa de que os detentores da dívida da empresa, que receberão essas ações decorrentes do aumento de capital, terão a chance de realizar algum lucro agora, uma vez que já tinham baixado para zero suas apostas de ter o dinheiro de volta, disse.

Pelo comunicado emitido pela Lupatech em julho, a companhia deixa claro que toda a quantia levantada com a operação (de, no mínimo, R$ 676 milhões) irá para os credores, ou seja, nenhum real entrará no caixa da empresa. Passados 15 dias de próxima sexta-feira (29/08), é esperado que essas ações já estejam nas mãos dos detentores da dívida, abrindo espaço para uma forte queda dos papéis, disse. 

Em entrevista ao InfoMoney no final de julho, gestores da Ujay Capital apontaram que a ação da companhia pode chegar a R$ 0,02, cotação essa que dá a empresa o valor de mercado próximo ao que vinha sendo negociado antes da diluição de 97% decorrente do aumento de capital. Em recuperação extrajudicial, a Lupatech lançou aos seus credores um plano de reestruturação do seu endividamento em novembro do ano passado. Dentre as condições apresentadas aos debenturistas para que o plano fosse aceito e posteriormente homologado pela justiça brasileira e norte-americana, estava a possibilidade de uma emissão de ações, que seriam trocadas pelas debêntures destes credores. Tal emissão foi aprovada pelo conselho de administração da Lupatech em julho. Serão emitidas no mínimo 2,7 bilhões de ações LUPA3 e no máximo 5,28 bilhões, ao preço de R$ 0,25 cada – menos da metade do que ela valia no fechamento daquele dia (R$ 0,59). 

Teka (TEKA4, R$ 0,44, +10,00%)
As ações da small cap, Teka, voltaram a subir forte nesta quinta-feira, após dispararem por dois dias seguidos – 25,8% na terça-feira (26) e 2,56% na quarta-feira (27), após chegar a subir 23% no intraday. Do fechamento de segunda (R$ 0,31) até a máxima de quarta (R$ 0,48), os papéis PN da empresa chegaram a subir 55%. Aliado a isso, o papel apresentou um volume financeiro muito acima da média, superando na última sessão os R$ 570 mil – a média dos 21 pregões anteriores era de R$ 53 mil por dia.

De olho na movimentação e no volume atípicos, a BM&FBovespa pediu esclarecimentos à companhia sobre os motivos desta disparada. Em comunicado divulgado na quarta-feira pouco antes do pregão e assinado pelo diretor presidente da empresa, Frederico Kuehnrich Neto, a companhia declarou que desconhece os motivos das altas.

MMX (MMXM3, R$ 0,81, -5,81%)
As ações voltaram registrar perdas nesta quinta e seguem firme e forte como no posto de pior empresa da Bolsa em 2014, com perdas de mais de 80%. A companhia vivencia um possível pedido de recuperação judicial, além de constantes tentativas do grupo de dar fôlego à empresa. Contribuem também para o período constante de queda da empresa a prolongada queda do minério de ferro e restrições operacionais que a fizeram interromper suas atividades em Serra Azul nesta semana. Em meio à maré negativa, o mercado já espera que a mineradora tenha o mesmo desfecho de outras companhias de Eike Batista como a OGX Petróleo – que se tornou Óleo e Gás Participações (OGXP3).