Vai comprar na alta? Cuidado com a ‘Teoria do Mais Tolo’

"Ao notarem um movimento de força compradora, muitas pessoas optam por comprar também, mesmo sem analisar se o preço que pagaram é justo", aponta o economista Ricardo Torres

Diego Lazzaris Borges

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SÃO PAULO – Quem nunca viu o preço de algum ativo disparar e ficou tentado em comprar, para ganhar com aquela elevação – ainda que desconhecesse o motivo da alta? No mercado, pode-se dizer que isso acontece com muita freqüência e, de fato, muitos investidores optam por comprar ativos que tiveram uma valorização expressiva, mesmo sem analisar a possibilidade deles continuarem subindo com algum fundamento.

“Tudo que nós compramos queremos vender mais caro. Entretanto, muitas pessoas não são especialistas fazem as coisas de uma maneira superficial: ao notar um movimento de força compradora, um movimento especulativo , elas optam por comprar, mesmo sem analisar se o preço que pagaram é justo”, aponta o economista e diretor da Norfolk Advisors, Ricardo Torres.

No fundo, o que essas pessoas acreditam é que, mesmo comprando aquele ativo em um preço já elevado, sempre haverá alguém que vai se dispor a pagar ainda mais caro por aquele papel. “Esta é a chamada ‘Teoria do Mais Tolo’”, pontua o economista. “Se nós compramos uma ação por R$ 10 durante um movimento especulativo, imaginamos que vai ter alguém que vai pagar mais caro por ele”, aponta.

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Casos
O fundador do site HC Investimentos e autor do eBook Alocação de Ativos, Henrique Carvalho, aponta em artigo alguns exemplos que podem ser usados para explicar esta teoria. Um dos casos mais emblemáticos é também conhecido como a primeira bolha especulativa da história, a das Tulipas, que aconteceu na Holanda, no século XVII.

“Ostentar uma tulipa era visto na época como um sinônimo de status e as espécies mais raras eram negociadas apenas entre a alta classe de Amsterdã. A maioria dos holandeses acreditava que era possível revender as tulipas compradas a um alto preço por um valor ainda maior para estrangeiros que visitassem o país”, pontua Carvalho.

O preço das tulipas disparou e um único bulbo da flor chegava a ser vendido por milhares de florins – moeda local na época. “O mercado de tulipas estava tão aquecido que o valor subiu 20 vezes em apenas um mês”, diz.

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No entanto, como acontece nas bolhas, as pessoas começaram a realizar seus lucros, vendendo as tulipas. “O pânico instaurado por não haver quase compradores de tulipas fez com que as pessoas vendessem sem se importar com o preço atual, mas apenas com a necessidade de tentar passar as tulipas para um tolo maior”, exemplifica.

Mas para ver movimentos parecidos com este não é preciso voltar tanto no tempo. Casos como o da Mundial, que no ano passado disparou mais de 2.000% em pouco mais de 6 meses, são um exemplo mais próximo.

Da mesma maneira que subiram sem nenhum fundamento, os papéis da empresa também despencaram quando os compradores começaram a realizar os lucros e, em pouco tempo, voltaram ao patamar de origem.

Como escapar
De acordo com Carvalho, comprar algum bem na expectativa de que o preço aumente apenas por conta da demanda é um comportamento considerado natural, mas que pode e deve ser evitado. “Pergunte a si mesmo: Estou comprando esse investimento porque o considero de fato um bom investimento? Existe algum tipo de fundamento atrelado a essa decisão ou estou sendo simplesmente ganancioso e me aproveitando de um certo status?”, conclui

Diego Lazzaris Borges

Coordenador de conteúdo educacional do InfoMoney, ganhou 3 vezes o prêmio de jornalismo da Abecip