Usiminas (USIM5): o que muda com a Ternium no controle? Analistas veem anúncio como positivo e ação fecha em alta de 7%

Grupo que adquiriu a companhia tem histórico operacional forte e movimentação sinaliza comprometimento com a empresa

Vitor Azevedo

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As ações preferenciais série A da Usiminas (USIM5) fecharam em disparada de 7,03%, a R$ 7,31, nesta quinta-feira (30). A alta, além do dia positivo do mercado, veio após o anúncio de que a Ternium, conglomerado itálo-argentino, fez um acordo para comprar a fatia da Nippon Steel na siderúrgica, tomando, assim, o grupo de controle – o que foi bem recebido pelo mercado.

Atualmente, o grupo de controle da metalúrgica envolve 68,6% das ações ordinárias da empresa e é dividido entre 31,45% para o Nippon, 32,28% para a Ternium e 4,84% para o fundo de previdência Usiminas.  O novo acordo prevê que a Ternium e suas controladas vão comprar um total de 68,7 milhões de ações ordinárias da Usiminas detidas pela Nippon Steel ao preço de R$ 10 por ação ordinária, equivalente a R$ 687 milhões.

Após a conclusão do negócio, a participação total da Ternium no grupo de controle da Usiminas será de 61,3%, enquanto o grupo Nippon terá 31,7% e o fundo de pensão dos empregados da siderúrgica brasileira 7,1%. A companhia que está fazendo a aquisição terá ainda a opção de adquirir as ações remanescentes do Nippon em um intervalo de dois anos.

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“O movimento é muito positivo. Embora reconheçamos que a Ternium e a Nippon melhoraram significativamente a dinâmica do grupo de controle nos últimos anos, acreditamos que ter um acionista de referência ‘no comando’ pode ser benéfico”, comenta a equipe de analistas do Bradesco BBI, chefiada por Thiago Lofiego. “A nova configuração, em nossa visão, deve levar a um processo de tomada de decisão mais ágil e dinâmico nas frentes estratégicas e operacionais”.

O time do banco lembra ainda que a Ternium tem um histórico muito bom em termos de execução na América Latina. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) de aço da companhia na região é, em media, US$ 235  por tonelada, contra US$ 125 da Usiminas.

“O papel mais proeminente da Ternium na Usiminas deve ser benéfico, especialmente à medida que a Usiminas avança com sua reformulação no curto prazo e trabalha para melhorar a produtividade e a eficiência de custos em todas as operações”, debatem.

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O Itaú BBA tem opinião semelhante. A equipe do banco, chefiada por Daniel Sasson, avalia que a movimentação indica que a Ternium está comprometida em investir na Usiminas.

“É um bom sinal também para as ações preferenciais. O recente negócio da Ternium, a nosso ver, demonstra o compromisso da empresa com seu investimento na Usiminas. Há a indicação de que a Ternium pretende continuar como acionista controladora e ativa”, expõem.

O JPMorgan também aponta ver a notícia como um desdobramento muito positivo. “O histórico de governança da Usiminas foi marcado por uma série de desentendimentos entre acionistas que culminou em uma estrutura de controle compartilhado. O controle da Usiminas permite um grande operador gerindo a empresa de forma eficaz, potencialmente transformando o negócio e trazendo mais valor para todos os acionistas (incluindo a própria Ternium)”, avaliam os analistas.

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Além disso, como a mudança de controle está dentro do grupo já de controle, o banco entende que esta transação não irá gerar uma oferta pública de aquisição para os minoritários. A transação não tem impacto direto na participação da CSN CSNA3 (15% das ações ordinárias) na Usiminas.

O BBI tem recomendação outperform (acima da média do mercado, equivalente à compra) para os papéis preferenciais séria A da Usiminas, com preço-alvo em R$ 10. O BBA, por sua vez, possui recomendação market perform (dentro da média do mercado, equivalente a neutro) com alvo em R$ 8.