Usiminas (USIM5) avalia condições de mercado para religar Alto Forno 2 em Ipatinga (MG); ações recuam após balanço

Mesmo que o Alto forno 2 esteja pronto é preciso avaliar cenário, principalmente relacionado ao preço de produção e aquisição de coque

Augusto Diniz

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A Usiminas (USIM5) começou em outubro de 2021 as obras para o reparo no Alto Forno 2 de sua planta de siderurgia em Ipatinga (MG). A expectativa era de conclusão do serviço neste mês, mas foi adiada para junho, por conta de atrasos de entrega de componentes e questões logísticas.

Segundo Alberto Ono, CFO da Usiminas, porém, mesmo que o Alto forno 2 fique pronto será preciso avaliar o cenário, principalmente relacionado ao preço de produção e aquisição de coque, para recolocá-lo em operação comercial.

As informações foram fornecidas nesta quarta-feira (20) durante teleconferência com analistas para comentar os resultados do primeiro trimestre. A Usiminas (USIM5) registrou lucro R$ 1,263 bilhão, alta de 5% na base anual, mas uma redução no Ebitda ajustado de 36%.

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Após a divulgação dos resultados, as ações da empresa figuravam entre as maiores baixas do dia, recuando 6,87%, por volta das 15h32, cotadas a R$ 12,19.

Para o Itaú BBA, em relatório, os resultados “não empolgam” e foram vistos como “ligeiramente negativo”, com destaque para o Ebitda ajustado de R$ 1,560 bilhão no 1T22, 9% abaixo das estimativas do BBA e 15% inferior ao trimestre anterior.

Os resultados foram prejudicados por uma queda sequencial de 6% nos preços domésticos de aço nos embarques consolidados de minério de ferro, enquanto houve aumento de 10% trimestralmente nos volumes domésticos de aço e melhor realização de preço do minério de ferro.

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A classificação do BBA para a ação é outperform (desempenho acima da média de mercado), com preço-alvo sugerido de R$ 22,00.

Na avaliação do Bradesco BBI, os números devem melhorar a partir do 2T22, já que os preços realizados mais do que compensaram as pressões de custo, enquanto os preços do minério de ferro estão fortes e os volumes devem aumentar no trimestre.

O BBI mantém classificação outperform para Usiminas pois, “embora os ventos contrários para a empresa tenham aumentado, ainda esperamos que a empresa gere resultados saudáveis em 2022, apoiados por iniciativas de aumento de preços, e fortes preços do minério de ferro”.

Entre os “ventos contrários” estão custos de matérias-primas mais altos e demanda doméstica mais fraca do que o esperado no curto prazo devido à escassez de chips que afeta a produção de automóveis. O preço-alvo do BBI para Usiminas é de R$ 27,00, com upside de 106%.

Mais custos

No balanço da Usiminas com os resultados do primeiro trimestre desse ano, o cash cost por tonelada da siderúrgica foi de R$ 4.425/t no 1T22, superior em 5,1% em relação ao 4T21 (R$ 4.208/t). Dentre os principais responsáveis pela variação de custos foram o carvão e o coque, além de energia e combustíveis.

O CFO disse que tem se verificado redução do preço de carvão no mercado, “não muito expressivo, mas viés de redução dos preços internacionais”. Porém, ele destacou que o insumo continua com valor alto. O executivo informa, porém, que os alto fornos 1 e 3 estão operando normalmente em Ipatinga.

A Usiminas também informou que a parada do alto forno 3 segue prevista para abril de 2023.

Prioridade é manter os investimentos

Alberto Ono comentou ainda que a prioridade da geração de caixa é manter os investimos de R$ 2,05 bilhões anunciados para esse ano.

“A questão de preparação de estoques para a reforma do Alto Forno 3 vão consumir um valor de caixa razoável, em função do aumento de capital de giro – esse recurso retorna no fim da parada (do Alto Forno 3), mas no primeiro momento necessita-se do recurso para repor o estoque”, disse.

“Passado o período de reforma, pode-se ter uma discussão um pouco mais detalhada do que fazer com eventuais excedentes de caixa. Mas o mais importante é garantir o financiamento do capital giro”, explicou quando questionado sobre possíveis pagamentos de dividendos adicionais.

Normalização no mercado global de produção de placas de aço

Miguel Homes, vice-presidente Comercial  da Usiminas, explicou no evento com analistas que Rússia e Ucrânia, ambos países envolvidos em conflito desde fevereiro, representam 1/3 da produção de placa de aço.

O executivo explicou que no início da guerra houve instabilidade e incertezas, com o preço internacional de placa de aço tendo alta expressiva. “Mas o que a temos observado nos últimos dias é uma volta à normalização no balanço de oferta e demanda, inclusive na estabilização do preço e do custo a nível mundial”, disse.

Nas usinas de Ipatinga e Cubatão (SP) da Usiminas, na produção de aço bruto e de laminados, processam-se placas de aço adquiridas no mercado.

Mesmo com volume de produção menor, empresa mantém guidance

No balanço do 1T22 da unidade de mineração da Usiminas, a empresa informou que o volume de produção foi de 1,7 milhão de toneladas, uma redução de 29,6% em comparação ao 4T21.

O menor volume de produção se deu pelo impacto de maiores chuvas no período para a região Sudeste, o que levou a uma paralisação operacional e restringiu o acesso às frentes de lavra na planta de mineração da companhia localizada em Minas Gerais.

O volume de vendas da mineração atingiu 1,6 milhão de toneladas no 1T22, inferior em 38,1% em relação ao 4T21 (2,6 milhões de toneladas), igualmente afetado por paralisações na cadeia logística devido às chuvas no período, relatou a Usiminas.

No entanto, o CFO Alberto Ono informou que estão mantidas as guidances de 2022 relativas ao volume de vendas de mineração de ferro pela unidade, apesar do impacto das chuvas. A empresa anunciou no início do ano que esse volume em 2022 ficaria entre 8,5 a 9 milhões de toneladas.

Novo CEO da Usiminas

Na abertura da apresentação dos resultados do 1T22, Sergio Leite, CEO da Usiminas, anunciou que em maio deixa o cargo e assume a presidência do Conselho de Administração da empresa. Alberto Ono, atual CFO da companhia, assumirá a posição de CEO da companhia.

A Usiminas anunciou também que firmou parceria com a Canadian Solar para autoprodução de 30 MW/médios de energia renovável por 15 anos a partir de 2025, o que representa 12% do volume de energia consumida pela companhia.

A energia será produzida em parque solar fotovoltaico a ser instalado em Luziânia (GO), com investimento estimado em R$ 1,35 bilhão e sua construção está prevista para começar no primeiro trimestre de 2024.

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