Usiminas: analistas fazem comentários divergentes após resultado trimestral

Link e Barclays dizem que resultado veio em linha, Ativa classifica números como "neutros" e Brascan vê balanço positivo

Beatriz Nantes

Publicidade

SÃO PAULO – As ações da Usiminas (USIM3USIM5) reagem com quedas ao anúncio dos resultados da companhia, feita antes do início da sessão desta quinta-feira (29). Por parte dos analistas, entretanto, a avaliação variou entre opinião neutra e positiva com relação aos números da siderúrgica – enquanto as equipes da Link e do Barclays consideraram o balanço em linha com o esperado e a Ativa classificou-o como “neutro”, a Brascan considerou os números positivos. 

Cabe lembrar que a Usiminas revelou lucro líquido de R$ 347 milhões, alta de 3% face ao mesmo período de 2009. A receita líquida e o Ebitda (geração operacional de caixa) da companhia também apresentaram melhora em seu desempenho na comparação anual, de 49% e expressivos 526%, nessa ordem.

Destaques
Para Leonardo Alves, analista da Link, embora os números tenham vindo em linha com o esperado – sobretudo no quesito lucro e Ebitda – havia uma expectativa de que a empresa entregasse melhores margens.

Continua depois da publicidade

Com “vendas maiores e margens operacionais piores”, Alves acredita que o mercado pode atribuir um peso maior ao pior resultado operacional. Além disso, ele sustenta que o mix de vendas de 78% para o mercado interno e 22% para o externo ainda tem espaço para melhorar, o que seria positivo em sua visão. O analista manteve preferência por CSN (CSNA3) e Gerdau (GGBR4) no setor.

Produção
O analista da Brascan, Rodrigo Ferraz, viu como positiva a evolução nas operações de mineração, com aumento de 14% na comparação trimestral. “O atual ritmo de produção sugere que a meta de 7 milhões de toneladas para o ano de 2010 pode ser superada”, observa Ferraz.

Ele apontou ainda as evoluções em volume e receita líquida por toneladas, maior parcela de vendas de produtos de maior valor agregado, com destaque para chapas grossas e galvanizados por imersão quente, e maior absorção de minério próprio para utilização no processo siderúrgico. 

Continua depois da publicidade

“Em linhas gerais concluímos que, apesar da inquestionável evolução, a Usiminas terá maior dificuldade em sustentar a rentabilidade alcançada no segundo trimestre, pelo menos nos próximos três a cinco meses”, conclui. A recomendação do analista para a empresa é de outperform (retorno esperado da ação excede em 5 p.p. o retorno projetado para o Ibovespa), com preço-alvo de R$ 74,10. 

Reajuste e rentabilidade
Na contramão, Leonardo Correa e Renato Antunes, do Barclays – que mantiveram a Usiminas como top pick do setor e possuem recomendação overweight (ação deve performar melhor do que o retorno esperado para o setor em um horizonte de 12 meses) – esperam melhora na rentabilidade dos próximos meses, acreditando que os maiores custos devam ser compensados por uma relação melhor entre volume e despesas – como ocorreu no segundo trimestre -, além de uma expansão das margens. 

Os analistas destacam que a empresa reiterou sua intenção de aumentar novamente os preços do aço, acompanhando a forte demanda e a alta das matérias-primas. Da mesma forma, Leonardo Alves, da Link, espera que as siderúrgicas brasileiras consigam impor os reajustes, “mesmo com a cadeia de distribuição dispondo de grandes estoques”. Ele diz que apesar do anúncio, o mercado não parece estar totalmente convencido do reajuste.  

Continua depois da publicidade

Impacto dos custos
A analista da Ativa, Luciana Leocádio, destacou que o lucro veio 26% abaixo do consenso. Para a analista, o balanço sentiu o impacto do aumento dos custos das matérias-primas e o aumento médio de 6,7% no preço dos produtos siderúrgicos, sendo que a Usiminas já conseguiu apresentar um “leve incremento de rentabilidade operacional”.

A equipe do Barclays também comenta a pressão crescente dos custos, atribuída não só ao aumento do preço das matérias-primas, como também à mudança para o padrão contábil IRFS.