Uber, Lyft, Airbnb e outras podem ter IPOs acima de US$ 10 bilhões em 2019

É preciso alertar o investidor para ter cautela com as Unicórnios em 2019   

Giovanna Sutto

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SÃO PAULO – Este ano pode marcar a entrada de muitas jovens empresas nas bolsas de valores americanas. A Uber e a concorrente Lyft protocolaram, em segredo, os primeiros documentos do IPO (abertura de capital) na Securities and Exchange Commission (SEC), a empresa americana análoga à Comissão de Valores Imobiliários (CVM) no Brasil, de acordo com o CNN.

Na prática, isso significa que mais detalhes sobre as finanças das empresas devem estar disponíveis para os investidores nos próximos meses.

Estima-se que as companhias devem estrear em Wall Street no final de junho, mais ou menos. Seus IPOs seriam gigantescos: a Uber foi avaliada em US$ 72 bilhões, enquanto a Lyft foi recentemente avaliada em US$ 15 bilhões.

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Outras empresas conhecidas dos brasileiros como a Airbnb, WeWork e Pinterest, todas avaliadas em pelo menos US$ 10 bilhões, também estão estudando um IPO ainda neste ano, de acordo com a mídia local.

Com um número crescente de analistas prevendo pelo menos uma pequena recessão até 2020 nos Estados Unidos, pode fazer sentido que essas empresas abram capital agora, antes que uma desaceleração nos mercados mais amplos torne esses planos insustentáveis, dizem os especialistas.

Mas um mercado de ações volátil ainda pode impedir algumas das companhias de fazer um IPO. Os problemas que assolam o Facebook, mais recentemente a Apple e algumas outras queridinhas da tecnologia também podem servir como alerta.

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2019 será o ano das Unicórnios?

Uber, Lyft, Airbnb, WeWork e Pinterest tem algo em comum: são as chamadas Unicórnios (as empresas que são avaliadas em US$ 1 bilhão antes de abrir seu capital em bolsas de valores). Alguns analistas pensam que as reviravoltas do mercado podem levar essas companhias que vinham pensando em um IPO a adiar um pouco a ideia.

Mas o mercado teria de despencar para fazer com que as principais empresas privadas desistissem dos planos da abertura de capital, segundo a consultoria Renaissance Capital.

“Podemos ver menos IPOs – mas com valores maiores – neste ano. As Unicórnios podem tomar medidas com mais cautela a menos que o mercado fique ainda mais volátil”, disse Matt Kennedy, estrategista sênior de mercado da área de IPOs da Renaissance Capital.

Kennedy acredita que os investidores estão corretos em apostar nas duas empresas americanas de carona, Uber e Lyft, como as principais candidatas do IPO em 2019.

“Uber e Lyft devem ser observadas. Mas nada impede uma empresa com bons fundamentos, de tentar o IPO. Há um grande número de companhias que se prepararam abrir capital neste ano”, diz. 

Outros especialistas também estão otimistas com a janela de IPO que vai ser abrir em 2019. “A volatilidade vai permanecer por um tempo e alongar o cronograma de IPOs programados”, disse Jared Carmel, sócio da Manhattan Venture Partners, uma empresa que pesquisa e investe em empresas privadas.

“Mas também temos convicção que isso não vai durar para sempre. O mercado está apenas respirando”, acrescentou Carmel, que disse que sua empresa atualmente tem participações na Lyft, na empresa de softwares Palantir, Airbnb e na Rent the Runway, empresa que oferece aluguel de roupas. 

Carmel disse que é importante que os investidores analisem de perto os fundamentos e avaliações de quaisquer empresas privadas que considerem um IPO.

Ele diz que sua empresa decidiu investir na Lyft, ao invés da Uber, porque a última era muito cara e teve alguns problemas consideráveis durante o mandato do ex-CEO Travis Kalanick.

“O preço da Uber é muito alto para uma companhia que passa longe de ser perfeita”, disse Carmel, embora tenha acrescentado que a Uber deu passos promissores desde que Dara Khosrowshahi assumiu o cargo de CEO. Ele citou a decisão da empresa de reduzir os negócios em alguns mercados internacionais e investir mais no serviço de entrega de alimentos UberEats.

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Razões para o ceticismo 

É preciso alertar o investidor para ter cautela com as Unicórnios. Há vários casos de empresa privadas que se tornaram públicas e rapidamente não deram certo em Wall Street.

Scott Kessler, diretor de pesquisa de capital da consultoria CFRA, destacou que as ações do Spotify, por exemplo, despencaram desde o IPO há quase 2 anos. A popularidade da Snap (dona do Snapchat) deslanchou quando abriu capital em 2017, mas seus papéis caíram muito depois do feito.  

A recente volatilidade do mercado também pode ser uma das razões pelas quais empresas como a Uber, Airbnb e outras esperam tanto tempo para abrir capital.

É fato que o Vale do Silício está mais disposto a lidar com os desafios das Unicórnios do que Wall Street. É por isso que algumas grandes startups parecem estar optando por investimentos estratégicos em vez de IPOs definitivos.

A gigante de e-cigarros Juul vendeu recentemente uma participação de 35% para a a dona da Marlboro, a Altria, por exemplo. E gigante chinesa de jogos Tencent detém 40% da criadora do jogo Fortnite, a Epic Games. “Muitas dessas grandes empresas privadas não vêem os benefícios de abrirem capital”, disse Kessler. 

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Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.