O pior já passou para Isa Cteep? “Preço baixo” e avanço em disputa bilionária animam

Analistas estão de olho em disputa no caso SEFAZ com governo de São Paulo e algumas casas elevam recomendação para TRPL4

Lara Rizério

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O noticiário está mais favorável para a Isa Cteep (TRPL4)? Um fator positivo e o preço baixo das ações levou a revisões de recomendações para as ações da companhia nestes últimos dias.

Em destaque, está a notícia sobre a disputa judicial com o governo de São Paulo em relação ao ressarcimento de despesas de aposentadoria (disputa SEFAZ), que fez a ação subir 5,34% na última quinta-feira (10). O juiz responsável pela disputa deu um prazo de 180 dias para que as partes chegassem a um acordo. Caso não seja encontrado um acordo comum, a disputa retorna ao seu curso.

Nas últimas demonstrações financeiras, a empresa havia registrado um recebível de R$ 2,46 bilhões, enquanto continua a desembolsar cerca de R$ 200 milhões por ano sobre a questão.

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“Tendo em vista que essa disputa já existe há muito tempo e não há previsão de uma decisão final, acreditamos que um acordo seria recebido positivamente pelo mercado”, avalia a XP.

A questão deriva da complementação de aposentadoria realizada pela empresa aplicável a colaboradores admitidos pela CESP até 13/05/1974 (a ISA Cteep era um braço da antiga CESP que foi cindida e, posteriormente, privatizada). A Cteep alega que faz o repasse de valores referentes a salários acima do teto constitucional do estado (salário do governador). De acordo com o último press-release divulgado, a empresa teria R$ 2,5 bilhões reconhecidos em seu balanço referente a essa questão e os custos anuais referentes a Isa Cteep alcança R$ 200 milhões/ano.

A casa de análise destaca o eventual ganho de R$ 2,5 bilhões para ISA Cteep, que haveria impacto positivo de R$ 3,80 por ação em relação ao preço alvo da Genial para a companhia (de R$ 28), cerca de 15% do seu atual valor de mercado, e mais uma redução de custos de R$ 200 milhões/ano.

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Em relação ao reembolso do estado, a Genial acha pouco provável que o valor pago será “cheio”. “Imaginamos que esse pagamento deverá ser feito em múltiplas parcelas, créditos fiscais, com algum deságio ou uma composição dessas possibilidades. Sendo assim, o impacto ‘cheio’ desse valor é pouco provável no acordo que deve ser anunciado. Caso ele venha a se materializar, há o impacto positivo de R$ 3,80 por ação, segundo a casa de research.

No melhor dos cenários (indenização de R$ 2,5 bilhões e economia anual de R$200 milhões/ano), isso poderia gerar um impacto positivo de até +R$ 4,80/ação e colocar a empresa negociando a uma TIR (Taxa Interna de Retorno) implícita de 13,7% – mais do que o suficiente para justificar uma recomendação mais agressiva nas ações da empresa.

Com isso, a Genial alterou a recomendação para compra. A casa de research acredita que aos atuais níveis de preço e considerando a possibilidade de materialização desse acordo com o SEFAZ, as ações da TRPL4 apresentam uma relação interessante de risco/retorno tendo em vista a eventual materialização do acordo.

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O Bradesco BBI, por sua vez, elevou a recomendação de underperform (desempenho abaixo da média, equivalente à venda) para neutra.

“Desde nosso rebaixamento para ‘venda’ em abril de 2024, as ações da Isa Cteep tiveram um desempenho 5% inferior ao Ibovespa e 3,3% inferior ao índice de utilidades elétricas IEE. Parte dessa desvalorização foi impulsionada por uma avaliação relativa cara, e parte pela pressão da venda esperada da TRPL pela Eletrobras (ELET3;ELET6), que já ocorreu, embora parcialmente (a Eletrobras ainda detém uma participação de 22%, que pode ser vendida em algum momento)”, avalia o BBI.

Do lado positivo, em termos de fundamentos, o BBI reconhece que a revisão da receita do RAP (receita anual permitida) das empresas de transmissão resultou em resultados melhores do que o BBI esperava, e a maioria do mercado também. “Dentro da nossa cobertura, isso impulsionará melhores fluxos de caixa para a Isa Cteep e para a Eletrobras”, avaliam os analistas.

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Além da revisão positiva do RAP, o banco também comentou sobre o tema da disputa judicial da Sefaz. Para o BBI, embora seja cedo para afirmar que as negociações resultarão em frutos, cenários possíveis apontam para uma alta incremental em relação ao seu caso base, variando de +R$ 1,30/ação (5% do preço atual) a +R$ 5,60/ação (22%), se a Isa Cteep: (1) parar completamente os pagamentos futuros de pensão, o que adicionaria +R$ 1,30/ação; (2) recuperar pagamentos passados sem correção monetária, atualmente em R$ 2,4 bilhões no balanço – assumindo que não haja impostos pagos, isso adicionaria +R$ 3,51/ação; (3) recuperar pagamentos passados com correção monetária TJLP e pagar impostos sobre ganhos de capital, que para a diferença em relação ao item (2) adicionaria +R$ 0,80/ação.

O banco tem um preço-alvo de R$ 31,00/ação para o final de 2025, implicando em uma alta potencial de cerca 24%.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.