Três meses depois de ser rejeitado, Brasil retoma “affair” com Pimco, destaca Bloomberg

O País, um dos principais destinos dos investimentos da gestora dentre os emergentes, não era mais um dos favoritos da Pimco, segundo Bill Gross; porém, visão mudou

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Após ser rejeitado pelo co-fundador de uma das maiores gestoras de renda fixa do mundo, o Brasil voltou a chamar a atenção e retomou “affair” com a Pimco, conforme destaca a agência de notícias internacional Bloomberg em reportagem publicada na véspera. 

A publicação destaca a fala de Bill Gross, co-fundador da gestora de US$ 2 trilhões, em janeiro, mostrando ceticismo com o mercado brasileiro. Em fala na ETF Virtual Summit 2014, Gross destacou que não estava mais tão positivo com o cenário para o Brasil e afirmou: “País não é mais o favorito da Pimco”.

Agora, a reportagem destaca a carta de abril de de Mark Kiesel, vice-diretor de investimentos, afirmando que está ficando mais otimista sobre o mercado no País e dizendo que os investidores estão ignorando a força de longo prazo do Brasil. 

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Após uma viagem ao Brasil, Mark Kiesel destacou que os rendimentos ajustados pela inflação estão entre os maiores do mundo e esta é uma boa vantagem para os investimentos no País. Kiesel é um dos seis gestores de carteira que foram promovidos a vice-CIO (Chief Investment Officer) em janeiro, em uma revisão de cargos após a saída de Mohamed El-Erian.

“A equipe global de crédito está mais otimista com o Brasil, uma mudança significativa em relação aos últimos anos”, destacou Kiesel em relatório. “Nossa principal conclusão foi de que o sentimento era tão negativo que os mercados tinham provavelmente ‘exagerado’ e poderia melhorar em relação aos níveis de baixa, uma vez que o valor relativo finalmente se tornaria atraente”.

“Continuamos buscando oportunidades de investimento para nossos clientes no Brasil em crédito soberano, câmbio estrangeiro, taxas e empresas locais”, afirmou o chefe de mercados emergentes da Pimco, Michael Gomez, em comunicado enviado à Bloomberg. “O valor particular existe, nesse momento, no lado das taxas locais”.

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Mercado favorável
Os baixos custos de recursos naturais, a demografia favorável, o sistema bancário com boa regulamentação e saudável, e um sistema político democrático – com o governo fazendo alguns progressos como na área de concessões – são alguns dos pontos fortes do Brasil, segundo Kiesel.

E segundo a Pimco, provavelmente, os fundamentos do Brasil estarão melhores nos próximos um ou dois anos em relação ao que o mercado precifica atualmente e, com isso, o sentimento dos investidores quanto ao País tende a melhorar, assim como a aplicação em títulos locais. “A sensação era tão negativa que os mercados provavelmente tinham se excedido e poderiam melhorar a partir de níveis baixos, dado que o valor relativo finalmente tinha se tornado atrativo”, afirmou. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.