Transporte aéreo: uma grande oportunidade para o Brasil

Existem todos os elementos necessários ao setor - entretanto, alguns movimentos precisam ser feitos para ajustar o modelo competitivo

Equipe InfoMoney

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Augusto César Barreto Rocha (*)

(*) Doutor em Engenharia de Transportes, Professor da disciplina Sistemas de Transportes da UFAM e Coordenador da Comissão de Logística do CIEAM/FIEAM

O Brasil possui uma grande oportunidade de crescimento no setor aéreo. Existem todos os elementos necessários ao setor. Há uma indústria nacional com competitividade global, dimensões continentais, volume de passageiros e de cargas. Entretanto, alguns movimentos precisam ser feitos para ajustar o modelo competitivo do setor, pois nossas empresas têm tido dificuldade de rentabilizar suas operações.

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Desde o IPO da Azul em abril, suas ações valorizaram cerca de 25% e a Modern, em cargas aéreas, começou a operar, formada por ex-executivos da Azul, indica que vai seguir seu modelo de negócios. Uma pena que a TAM seja mais LAN na fusão LATAM e que as ações da Gol não apresentem tantos ganhos no longo prazo, apesar do desempenho neste ano (+241%).

No que diz respeito ao volume de mercado de carga transportada, segundo a ANAC, os aeroportos de Guarulhos e Manaus, representam, respectivamente 23,7% e 13,8% do mercado de cargas nacionais, seguidos por Brasília com 9,4%. É necessário concentrar nestes três aeroportos um fluxo maior de voos. Este conceito de concentração de voos é chamado no setor de “hub”, onde o aeroporto serve de polo de geração e atração de voos, reduzindo o custo operacional de todos, por conta do aumento da escala. Os EUA adotam este modelo largamente, com mais de 30 aeroportos nesta condição. Guarulhos e Brasília já fazem isso, mas Manaus precisa começar a fazer o mesmo.

 Segundo o Aliceweb do MDIC, a maior quantidade de cargas exportadas do país pelo modal aéreo foram as frutas, representando cerca de 27% do total de produtos no ano de 2016. Isso dá ao aeroporto de Manaus um grande potencial para sediar este concentrador no norte do país, por conta de sua posição estratégica para a exportação sustentável dos produtos da Amazônia e a oferta de voos virá antes da carga ser vendida.

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 Apesar da queda de 2% nos voos nas rotas domésticas no período 2010-2016, houve um incremento de 14,3% dos voos internacionais. Há uma oportunidade adicional para o Norte do Brasil realizar uma concentração de voos destinados aos aeroportos de países vizinhos, tal qual o aeroporto de Amsterdã (Holanda), Frankfurt (Alemanha) ou Lisboa (Portugal) fazem na Europa. Para o Norte da América do Sul, com a instabilidade em alguns de nossos vizinhos e o crescimento expressivo em outros, há uma possibilidade interessante de concentração dos voos do/para o Peru, Colômbia, Bolívia, Equador, Venezuela, Guiana e Suriname, de uma forma muito mais atrativa do que países na América Central.

 No modal rodoviário este movimento de incremento já acontece, por conta da infraestrutura existente. No período 2010-2016, o incremento foi de 89,7% com a Bolívia, 87,8% com o Peru e 97,3% com a Venezuela. Imagine a oportunidade que haverá quando existirem também operações no modal aéreo, que poderá construir a atratividade no modelo de cagas e de passageiros. O crescimento econômico de alguns destes países poderá contar com o apoio de executivos e de empresas brasileiras. Uma bela oportunidade.

Iniciativas como esta devem ser realizadas com o interesse conjugado com a indústria, já presente em Manaus. Ademais, a Infraero, precisa encontrar novos meios de rentabilidade, por conta das concessões mais recentes e vindouras. Todavia, faz-se necessário ainda ajustar os interesses do estado do Amazonas, por meio de incentivos ao Turismo e a desoneração do ICMS de combustíveis para os voos domésticos. Também é necessária uma contribuição de agilidade burocrática por meio de uma fiscalização mais célere dos passageiros em trânsito internacional, como se faz mundo afora. O caminho está traçado.

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