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Trader responsável por fraude de US$ 2 bi no UBS diz que nada mudou e próxima crise provará isso

Segundo Kweku Adoboli, desde que ele foi condenado, as instituições não mudaram suas práticas e é muito provável que alguém faça novamente o que ele fez em 2012

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SÃO PAULO – O trader Kweku Adoboli apareceu para o mundo em 2012, quando foi condenado por uma fraude financeira que custou cerca de US$ 2 bilhões ao banco suíço UBS, onde trabalhava. Nesta segunda-feira (1), ele falou ao canal britânico BBC e disse que os crimes que cometeu poderiam facilmente voltar a acontecer e que pouca coisa mudou desde que saiu do meio.

Adoboli foi condenado a sete anos de prisão, mas cumpriu apenas quatro, quando foi considerado culpado pela maior fraude financeira na História do Reino Unido. Ele acusa as grandes instituições financeiras não assumem as responsabilidades pelo comportamento dos traders e incitam os operadores de mercado a procurarem os lucros, custe o que custar.

Segundo ele, muitos traders continuam a violar regras e a realizar operações muito para além dos limites de risco impostos. Adoboli disse à BBC que há uma probabilidade cada vez maior de que outro trader trapaceiro faça a mesma coisa à medida que entramos “na próxima fase da grande crise financeira” durante os próximos anos.

Não perca a oportunidade!

O trader, banido de trabalhar em serviços financeiros, diz que as pessoas que conhece no meio batalham contra os mesmos obstáculos que ele tinha: “as pessoas mais novas com quem falei, antigos colegas com quem falei, continuam a enfrentar os mesmos problemas, os mesmos conflitos e as mesmas pressões para aumentar lucros, sem olhar a meios”.

Durante o julgamento, o Adoboli afirmou que tudo o que fez de errado foi apenas para aumentar os lucros do UBS e que tudo fazia parte do que ele chamou de “cultura de trabalho”. A acusação, porém, disse que o trader mentiu de forma deliberada para esconder as operações de mercado ilegais por ele realizadas.

O UBS foi multado em quase 39 milhões de euros por falhas nos sistemas de controle. O julgamento foi, de certa forma, humilhante para a instituição, ainda que a justiça tenha rejeitado a tese do acusado, que defendeu ter sido autorizado, ainda que de forma tácita, a quebrar as regras para aumentar os lucros.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.