Theresa May é derrotada e Parlamento do Reino Unido rejeita acordo para o Brexit

A primeira-ministra britânica tem agora três dias para apresentar um plano B

Rodrigo Tolotti

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – Por 432 votos contra e 202 a favor, o Parlamento do Reino Unido impôs uma dura derrota à primeira-ministra Theresa May e rejeitou o acordo para o Brexit (saída do Reino Unido da União Europeia). Esta foi a pior derrota do governo desde 8 de outubro de 1924, quando perdeu por 166 votos.

Logo após o resultado, May fez um pronunciamento dizendo que a votação mostrou os que os parlamentares não querem, e não o que eles querem. Ela disse que primeiro vai garantir que os parlamentares possam ver se ainda têm confiança no governo, ou seja, realizar uma votação de desconfiança.

Diante disso, o líder da oposição, Jeremy Corbyn, apresentou um pedido para que o assunto seja debatido nesta quarta-feira (16). Agora o governo corre contra o tempo para tentar chegar a um acordo até o dia 29 de março, quando está marcada a saída oficial do Reino Unido da União Europeia.

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Se May perder esta votação de desconfiança ela deixa o comando do governo, levando os parlamentares a terem que escolher um novo primeiro-ministro. Neste cenário, é praticamente impossível que se encontre uma solução antes do dia 29 de março, o que deve obrigar a uma renegociação do chamado Artigo 50, que define as regras para o Brexit (incluindo essa data).

Ainda no caso de derrota da premiê, se o Parlamento não conseguir formar um governo, uma nova eleição será convocada. A situação eleva as chances de um Brexit sem acordo (também chamado de “Brexit duro”), que seria o divórcio no dia 29 de março sem regras estabelecidas. Se isso acontecer, de um momento para outro, deixam de existir controles de fronteiras, procedimentos migratórios e regras comerciais e não haverá uma ideia de como a situação ficará.

Em seu discurso, a premiê afirmou ainda que, se conseguir vencer a votação de desconfiança, irá convocar os líderes dos partidos para tentar encontrar a melhor solução e que vai voltar para negociar com a União Europeia novos termos para um acordo.

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Falando após a primeira-ministra, Corbyn afirmou que o governo tem falhado consistentemente em alcançar um acordo com os outros partidos. Ele disse ainda que o governo deveria aceitar que o Reino Unido permaneça na união aduaneira para sempre, que um Brexit sem acordo não é uma opção e que os direitos dos cidadãos da UE serão respeitados.

Minutos após o resultado, o Conselho Europeu se manifestou via Twitter e pediu que o Reino Unido explique o mais rápido possível o que pretende fazer em relação ao Brexit. “Se um acordo é impossível, e ninguém quer um acordo, então quem finalmente terá a coragem de dizer qual é a única solução positiva?”, disse Donald Tusk, presidente do Conselho.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.