Teste de Estresse avalia efeitos da explosão do dólar sobre 2 empresas endividadas na Bolsa

Do lado da BR Malls o clima, em tese, seria de maior tranquilidade, visto que o cupom está hedgeado até 2020. O mesmo não se pode dizer da BR Properties, cujo hedge vence neste trimestre

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Em um momento em que o dólar não para de subir, o mercado já começa a avaliar os efeitos sobre as contas e os resultados das empresas com maior exposição às variações do câmbio. Se por um lado os papéis das exportadoras são destaque de ganhos na Bovespa neste ano, graças à disparada da moeda americana e a formação de um cenário promissor para elevar a lucratividade, por outro, há uma série de companhias que sofre a cada centavo de valorização da divisa ante o real. Nesta ponta, existe um grupo especial de companhias que têm suas dívidas lastradas em dólar.

É o caso das administradoras de shoppings centers BR Malls (BRML3) e BR Properties (BRPR3), que, apesar de drama em comum, têm horizontes bastante distintos. Até mesmo se levarmos em conta o retrospecto recente na Bolsa, há grandes diferenças entre o par. Enquanto a primeira vê seus papéis sendo negociados na casa dos R$ 11,50, com desvalorização acumulada de 28% no ano e 45% em 12 meses, a segunda respira um pouco mais aliviada com a cotação superando os mesmos R$ 11,50 da rival. No caso da BR Properties, este patamar de preço da ação significa ganhos superiores a 5,5% em 2015, mitigando parte das perdas do ano anterior. No acumulado dos 12 meses, o desempenho ainda é negativo em cerca de 25,5%.

Um Teste de Estresse feito pela equipe do Citi deu novas ferramentas para os investidores que acompanham de perto o setor e as divergências entre as duas companhias. O estudo levou em conta o cenário para o mercado com o real ainda mais desvalorizado e seus efeitos sobre a situação da dívida da dupla. Em ambos os casos, o efeito avaliado foi não caixa. “Enquanto BRML3 e BRPR3 têm dolorosa exposição ao dólar em um trimestre em que o real depreciou 20% em relação à moeda americana, os impactos são sentidos diferentemente”, disseram os analistas. Do lado da BR Malls o clima, em tese, seria de maior tranquilidade, visto que o cupom está hedgeado até 2020. O mesmo não se pode dizer da BR Properties, cujo hedge vence neste trimestre.

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No entanto, os efeitos esperados são negativos para as duas empresas, conforme ressaltaram os analistas do banco. “Com o câmbio a R$ 3,84, preço-alvo de BRPR cai 7%, seu endividamento é de US$ 285 milhões; já no caso da BRML, a dívida é de US$ 405M, e alvo cai 6%”, escreveram Dan McGoey e Guilherme Capparelli em relatório enviado a clientes. A coisa piora quando o teste de estresse simula o dólar a R$ 4,50. Caso isso ocorresse, dizem os especialistas, a dívida total da BR Malls cresceria em R$ 567 milhões, o valor dos papéis despencaria 11%. Já no caso da BR Properties, eles esperam crescimento de dívida líquida em R$ 399 milhões e uma queda de 13% nos papéis. Outras companhias do setor de administração de shoppings, Iguatemi (IGTA3) e Multiplan (MULT3) não têm impactos significativos esperados por não apresentarem endividamento lastreado em dólar.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.