Tesouro Direto: prefixados avançam e pagam até 11,9% ao ano; título de inflação para 2055 oferece juro real de 5,49%

Investidores monitoram dados do IPCA-15, que vieram acima do esperado, e que geraram revisões nas projeções para a Selic, que será anunciada amanhã

Bruna Furlani

Crédito: Shutterstock

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SÃO PAULO – O radar dos investidores nesta terça-feira (26) está focado na divulgação da prévia da inflação oficial, o IPCA-15, que ficou em 1,20% em outubro, na comparação com setembro. Nos últimos 12 meses, o índice avança 10,34%.

Os números vieram acima do esperado pelos agentes financeiros e reforçam a necessidade de uma postura mais dura do Banco Central em termos de aperto monetário pelo Comitê de Política Monetária (Copom), que começa a se reunir hoje.

Diante de maiores pressões inflacionárias e de uma piora fiscal, várias casas revisaram projeções e passaram a prever uma alta de 1,5 ponto percentual para a Selic que vai ser anunciada amanhã, como é o caso dos analistas do Goldman Sachs.

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Nesse contexto, o mercado de títulos públicos apresenta alta nas taxas na tarde desta terça-feira. Assim como no começo da manhã, o avanço nos prêmios era maior entre os papéis de prazo mais curto.

Na atualização das 15h, o juro pago pelo Tesouro Prefixado com vencimento em 2024, por exemplo, era de 11,90% ao ano, contra 12% no começo da manhã. O valor visto à tarde representa um aumento de 21 pontos-base em relação ao percentual oferecido ontem (25).

Da mesma forma, o retorno real oferecido pelo título atrelado à inflação com vencimento em 2026 avançava de 5,18% para 5,39%, por volta das 15h. No início dos negócios, no entanto, o juro real era maior: 5,42% ao ano.

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Outro destaque está no retorno real pago pelo Tesouro IPCA+ com vencimentos em 2055 e pagamento de juros semestrais que era de 5,49%, abaixo dos 5,57% vistos no começo da manhã. Um dia antes, no entanto, o juro real pago era de 5,41%.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidas na tarde desta terça-feira (26): 

Taxas Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

IPCA-15

Dentro da agenda econômica, o destaque está na divulgação da prévia da inflação oficial medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15). Dados apresentados hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística mostram que o índice ficou em 1,20% em outubro frente setembro, acima dos 1,14% registrados no mês imediatamente anterior.

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Essa é a maior variação para um mês de outubro desde 1995 e a maior variação mensal desde fevereiro de 2016. No ano, o IPCA-15 acumula alta de 8,30% e, em 12 meses, de 10,34%, acima dos 10,05% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em outubro de 2020, a taxa foi de 0,94%.

O número foi acima do esperado. A projeção de consenso de economistas consultados pela Refinitiv era de alta de 0,97% em outubro frente setembro e alta de 10,09% na comparação anual.

O aumento de preços mais generalizado juntamente com um câmbio mais depreciado e uma piora significativa no desenvolvimento econômico fizeram o Goldman Sachs esperar agora um aumento de 1,5 ponto percentual para a Selic nesta quarta-feira (27).

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Em relatório, Alberto Ramos, diretor de pesquisa econômica para América Latina do Goldman Sachs, disse que todos esse fatores devem fazer com que o Banco Central tenha que aumentar o ritmo de alta de juros na próxima reunião e elevar a Selic para 7,75% ao ano.

No documento, o analista alertou também que vê uma chance de cerca de 20% de que a autoridade monetária faça um ajuste ainda maior – e eleve a Selic para até 8% na quarta-feira.

“Na nossa visão, a relação entre o risco e o retorno e entre o crescimento e a inflação considerando um ajuste de 175 pontos-base não é desfavorável e pode eventualmente reduzir a necessidade de uma resposta mais agressiva em 2022, em particular se a trajetória da Selic começar a apontar para uma inflação projetada abaixo da meta em 2023”, pondera Ramos.

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Caged e arrecadação

Além dos dados de inflação, os investidores monitoram os números da criação de vagas formais pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) apresentados hoje.

Conforme trouxe o Ministério do Trabalho e Previdência, a economia brasileira gerou 313.902 empregos com carteira assinada em setembro.

Dados do ministério apontam que o país registrou em setembro 1.780.161 contratações e 1.466.259 demissões. As estimativas dos analistas consultados pela Refinitiv, no entanto, eram de que o país criaria 367.409 no mês passado.

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Também na agenda econômica, o mercado repercute os dados de arrecadação do governo federal, que ficaram em R$ 149,102 bilhões em setembro, o que representa uma alta real (descontada a inflação) de 12,87% em relação ao mesmo período de 2020.

Os números foram apresentados hoje pela Receita Federal e representam o maior valor já registrado para o mês desde 1995 – quando começou a série histórica.

O resultado veio levemente acima da expectativa de arrecadação de 147,85 bilhões de reais, segundo pesquisa da Reuters com analistas.

PEC dos precatórios e preço dos combustíveis

No cenário político, as atenções estão na possível votação da PEC dos precatórios pelo plenário da Câmara. A proposta abriria espaço fiscal para elevar para R$ 400 por mês o Auxílio Brasil, novo programa de transferência de renda do governo.

Embora a medida seja vista como “eleitoreira”, economistas consultados pelo InfoMoney afirmaram que não há garantias de que Bolsonaro conseguirá surfar na onda do Bolsa Família “turbinado” para recuperar popularidade e chegar a outubro de 2022 com uma candidatura mais competitiva.

Outro tema de destaque está no preço dos combustíveis. A Petrobras anunciou ontem (25) mais reajustes nos preços da gasolina e do óleo diesel nas refinarias.

Segundo a petroleira, o litro da gasolina pura subirá R$ 0,21 e chegará a R$ 3,19, em média. Já o óleo diesel puro (antes da mistura com biodiesel) terá aumento médio de R$ 0,28 por litro e passará a custar R$ 3,34. Os reajustes valem a partir de hoje.

Cena externa

No campo internacional, o mercado monitora mais um dia de balanços nos Estados Unidos. Investidores aguardam a divulgação de resultados do setor de tecnologia.

Na sessão anterior, o Dow Jones e o S&P fecharam em patamares recordes. Esse último foi impulsionado por uma alta de 12% nos papéis da Tesla, que atingiu pela primeira vez a marca de US$ 1 trilhão de capitalização.