Tenda se sobressai, analistas atentos a margens da MRV e a lançamentos da EzTec: como foram as prévias do 2º tri

Companhias divulgaram prévias operacionais na noite da última quinta-feira (15), com números fortes, mas com diferentes destaques entre elas

Equipe InfoMoney

(Divulgação/MRV)

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SÃO PAULO – Na sequência da divulgação de prévias operacionais de construtoras, MRV (MRVE3), EzTec (EZTC3) e Tenda (TEND3) publicaram seus dados com números positivos, ainda que preocupações sobre aumento de custos e expectativa pelo aumento da taxa de juros básica no Brasil sigam no radar do setor.

Entre as empresas, a Tenda acabou se destacando, o que reflete numa alta mais expressiva das suas ações na sessão desta sexta-feira (16), com os papéis TEND3 subindo cerca de 2% no início da tarde desta sexta, enquanto MRVE3 opera perto da estabilidade e EZTC3 avançava cerca de 1%. Para MRV, os analistas apontam que os números foram fortes, mas que as margens devem seguir pressionadas. Já para a EzTec, há recuperação, mas também preocupação com lançamentos. Confira os principais pontos:

MRV (MRVE3)

A MRV teve crescimento no volume de lançamentos e vendas no segundo trimestre, refletindo o ambiente de expansão forte da construção civil no país, mas viu uma queda na geração de caixa no período, com pressão de custos com matérias-primas e mudanças no repasse de recursos da Caixa Econômica.

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A companhia anunciou na quinta-feira que seu lançamentos de abril a junho somaram R$ 2,40 bilhões em valor geral de vendas (VGV), alta 5,4% sobre um ano antes. As vendas totalizaram R$ 2,065 bilhões, aumento de 13,7% no comparativo anual. Segundo a MRV, seu processo de vendas garantidas, no qual as vendas só são registradas quando o comprador apresenta o financiamento bancário, fez com que parte das vendas não fosse lançada dentro do trimestre.

No período, as vendas garantidas da MRV, que na prática eliminam a chance de distrato, representaram 77% do total. Quase 2,5 mil imóveis vendidos no período não entraram na conta devido à falta da garantia de financiamento.

A MRV decidiu dar sequência à estocagem de parte da matéria-prima para suas obras, para evitar interrupções no fornecimento, o que resultou em consumo de caixa, que foi de R$ 700 mil, após geração positiva de R$ 68,3 milhões um ano antes.

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O Credit Suisse avalia os dados da MRV como positivos e dentro de suas expectativas. O banco projeta que as margens devem continuar sob pressão, e diz não ver sinais de quando a alta dos preços vai desacelerar. Assim, mantém recomendação neutra.

O Itaú BBA avaliou os dados da MRV como positivos, ressaltando os recordes em lançamentos e vendas, impulsionados pela subsidiária AHS. Por outro lado, ressaltou a queima de caixa. O banco mantém recomendação outperform e preço-alvo para 2021 em R$ 20,20 para a MRV.

O dado sobre o caixa também foi ressaltado por Renan Manda e Lucas Hoon, analistas da XP, uma vez que a geração de caixa ficou próxima de zero no consolidada e teve queima de R$ 167,8 milhões no Brasil, em razão da antecipação na compra de material de construção. Por outro lado, os R$ 2,4 bilhões em lançamentos e R$ 2,1 bilhões em vendas líquidas foram sustentados pelo bom desempenho da AHS nos Estados Unidos e o segmento de baixa renda. A recomendação dos analistas é neutra para o papel, com preço-alvo de R$ 23.

Para o Bradesco BBI, os números reforçam nossa visão de que, embora o lado operacional da MRV de sua operação no Brasil seja sólido – vemos a empresa atingindo aproximadamente R$ 7 bilhões em lançamentos e cerca de R$ 6 bilhões em vendas em 2021 -, sua margem bruta deve ficar abaixo de seus pares em 2021 (aproximadamente 28% versus 34% para seus pares médios), enquanto a principal vantagem deve vir de AHS. Os analistas mantêm recomendação de compra para MRVE3 e um preço-alvo estimado para 2021 de R$ 28 por ação.

EzTec (EZTC3)

A Eztec teve vendas líquidas de R$ 284,7 milhões no segundo trimestre, alta de 20,7% sobre o desempenho dos três primeiros meses do ano e mais que o dobro em relação ao vendido no mesmo período do ano passado.

A empresa apurou também um salto nos lançamentos, com o equivalente a R$ 928 milhões no segundo trimestre, ante R$ 28 milhões nos três primeiros meses do ano, ou alta de 3.200%, e praticamente zero no mesmo período do ano passado. O total lançado de abril a junho deste ano corresponde a dois empreendimentos de alto padrão.

“Uma vez que o governo do Estado de São Paulo, em relação à pandemia, retrocedeu da fase vermelha para a fase de transição, os plantões de vendas retornaram às suas atividades presenciais desde o dia 18 de abril, viabilizando a retomada de lançamentos”, afirmou a companhia na prévia operacional.

Os distratos fecharam o trimestre na casa dos R$ 39 milhões, “volume ligeiramente superior que o trimestre anterior. Cabe reforçar que 40% dos distratos se refere a downgrades, upgrades ou transferências”, afirmou a empresa.

O Credit Suisse avalia que a Eztec teve resultados positivos quanto a lançamentos, mas com vendas ainda lentas devido ao “timing”. O banco diz que a empresa parece estar preparada para acelerá-los, o que encara como positivo, já que o mercado se tornou mais cauteloso quanto à empresa após a divulgação de sua diretriz. O banco se diz, no entanto, preocupado com a concentração de lançamentos em São Paulo prevista para o segundo trimestre, e pela possibilidade de que a inflação continue a pressionar as margens. Assim, mantém avaliação neutra (perspectiva de valorização dentro da média do mercado) para a empresa.

O Itaú BBA avaliou os resultados da Eztec como neutros, com um ritmo de vendas de estoques “decente”, mas com vendas consolidadas também afetadas pela concentração de lançamentos no final de junho. O banco ressalta que a empresa divulgou seu plano de lançamentos, com PSV de R$ 1,3 bilhão. O Itaú mantém recomendação outperform para a Eztec, com preço-alvo para 2021 em R$ 48.

A XP aponta ainda que a EZTec reportou fortes lançamentos e recuperação de vendas, mas ainda pressionada pelas restrições comerciais no segundo trimestre e pelo lançamento do projeto EZ Infinity próximo ao final do trimestre. “Vemos um trimestre em recuperação para a EZTec e esperamos que as vendas acelerem gradativamente nos próximos trimestres. Como resultado, mantemos nossa recomendação de compra e preço-alvo de R$ 48 por ação”, apontam os analistas.

Cauteloso, o Bradesco BBI, afirma que, além do gargalo de aprovações, a velocidade das vendas é algo a se observar: o
compromisso da Eztec em fornecer uma margem bruta otimizada significa que provavelmente irá extrair prêmios de preço de seu pipeline de alta renda, muitas vezes às custas de suas vendas.

“O lançamento do EZ Infinity no segundo trimestre foi um exemplo, sem unidades vendidas até o momento [da publicação do relatório pelos analistas]. Sem mencionar o pipeline de megaprojetos de renda média cada vez mais predominante da empresa, onde os orçamentos dos clientes são mais sensíveis aos aumentos de preços e cada lançamento tem muito mais em jogo”, apontam os analistas.

Os analistas esperam o lançamento do Unique Garden em breve, pois deve ser um indicativo das perspectivas mais amplas para o segmento. “Um desempenho forte neste projeto pode ser um gatilho positivo, enquanto os lançamentos atrasados e as curvas de vendas mais planas em geral podem levar a revisões para baixo dos lucros no médio prazo”, apontam. O BBI possui recomendação neutra para EZTC3 com um preço-alvo estimado para 2022 de R$ 45,00.

Tenda (TEND3)

A Tenda lançou 20 empreendimentos no segundo trimestre de 2021, totalizando o recorde de R$ 986 milhões, ou alta de 56% na base anual.

As vendas brutas no período chegaram a outro recorde, de R$ 959 milhões, alta de 39,1% na base anual e avanço de 18,1% na comparação trimestral.

A velocidade de vendas (VSO) atingiu também o patamar histórico de 38,3%. As vendas brutas no primeiro semestre totalizaram R$ 1,8 bilhão, alta de 44% frente 2020.

“A Tenda apresentou mais um trimestre positivo com volume recorde de lançamentos e de vendas, o que reforça nossa visão de resiliência do segmento de baixa renda e ganho de participação de mercado no programa Casa Verde e Amarela das grandes incorporadoras”, aponta a XP, reiterando recomendação de compra e preço-alvo de R$ 38 por ação.

O Credit avalia os dados da Tenda como “fortes”, com velocidade recorde de vendas e alta de 3% no preço médio na comparação trimestral, e de 6% na anual, o que deve ofuscar parcialmente o efeito da inflação. Mas o banco diz que a pressão inflacionária deve limitar o potencial de valorização dos papéis.

O Itaú BBA avalia os resultados da Tenda como positivos, ressaltando que este é o melhor trimestre da empresa em termos de lançamentos e vendas, em meio a um momento operacional sólido. O banco mantém recomendação outperform para a Tenda, e preço-alvo para 2021 em R$ 40,10.

Os recordes também são apontados por Manda e Hoon, da XP, com a companhia ganhando participação no programa Casa Verde e Amarela e mostrando a resiliência do segmento de baixa renda. A recomendação dos analistas da XP é de compra para TEND3, com preço-alvo de R$ 38.

O BBI também aponta que a Tenda apresentou uma sólida prévia operacional para o trimestre, enquanto a empresa conseguia elevar os preços de venda, amenizando o peso dos maiores custos de construção.

Os analistas reafirmam TEND3 como uma das  principais opções no setor, já que a ação está atualmente em queda de 17% no acumulado do ano (até o fechamento da véspera) contra a média de seus pares de queda de 7%, o que veem como injustificado, uma vez que o projeto de construção “offsite”, ou construção industrializada baseada na aplicação de sistemas pré-fabricados, não está precificado, levando à maior assimetria de valor na cobertura dos analistas. A recomendação é de compra para o TEND3 com um preço-alvo estimado para 2021 de R$ 36 por ação.

(com Reuters)

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